UAU! A UNITA ACORDOU
Opresidente da UNITA, considerou no 16.04 que o país “não tem novo paradigma de governação” e o que “impera actualmente em Angola é o mesmo regime de 1975”. Uau! Isaías Samakuva acordou finalmente ou foi apenas um intervalo na mesmice habitual? Será que o espírito de Jonas Savimbi encarnou no actual líder do Galo Negro?
“O paradigma do partido/estado traduz-se na captura das instituições do Estado e da economia pelo partido dominante, para assegurar o controlo da riqueza nacional e dos recursos públicos por uma só família política, sem competição real”, afirmou, em conferência de imprensa, o líder do maior partido da oposição em Angola. Falando, em Luanda, sobre a actualidade sócio-política e económica do país, Isaías Samakuva referiu igualmente que “as promessas de mudanças ainda não se converteram numa esperança fundada para um futuro melhor para os angolanos”, numa alusão à supostamente nova governação angolana, liderada por João Lourenço, eleito (com muita batota) Presidente da República em Agosto de 2017, pelo MPLA, partido que governa (melhor, que se governa) Angola desde 1975. Para Isaías Samakuva, o paradigma reinante em Angola é “de exclusão” onde instituições de soberania como a Assembleia Nacional, tribunais e a Comissão Nacional Eleitoral “são instrumentos” do partido MPLA. São, é verdade. Mas mais correcto seria dizer que sempre foram e que, aliás, assim querem continuar por muitas e muitas décadas. “Não havendo contrapoderes efectivos” ao poder do MPLA e do Presidente da República, e tendo o Estado sido “capturado” por aquele partido, “logo, estão criadas as condições objectivas para a institucionalização da corrupção”, sublinhou Isaías Samakuva, a muitos fazendo lembrar as teses de Jonas Malheiro Savimbi. O combate à corrupção em Angola, um dos su- postos grandes propósitos do executivo liderado por João Lourenço, segundo o político da UNITA, só será possível se o Estado deixar de ficar subordinado ao MPLA, partido no poder desde 1975. Por outras palavras, será claramente impossível. “Como é que um Estado capturado por um partido que se funda na corrupção e sobrevive na corrupção vai combater a corrupção e manter-se intacto?”, questionou Samakuva. Pois não vai combater a corrupção. Se o fizesse, o MPLA estaria a combater-se a si próprio, estaria a autodestruir-se. E isso nunca vai acontecer, nem que o partido tenha de recriar uma guerra ou reeditar um 27 de Maio de 1977.
as promessas de mudanças ainda não se converteram numa esperança fundada para um futuro melhor para os angolanos”