Folha 8

PARA DISTRAIR OS MATUMBOS MPLA BRINCA ÀS AUTARQUIAS

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AUNITA, o maior partido da oposição angolana, acusou no 15.04 o Governo de pretender realizar eleições autárquica­s em menos de um terço dos municípios do país, voltando a exigir que o processo decorra em simultâneo em todo o país. A posição foi assumida em Luanda, pelo líder da bancada parlamenta­r da UNITA, durante a abertura do seminário metodológi­co sobre autarquias, promovido pelo partido.

“Pretender legislar para realizar eleições locais em menos de um terço dos municípios do país representa a confissão de que não há obra para mostrar ao cidadão, não há benefício de serviços básicos para a maioria das populações, não existem infra-estruturas sanitárias na maioria dos mu- nicípios do país, apesar da aprovação de verbas milionária­s nos orçamentos”, acusou Adalberto da Costa Júnior. Em cima da mesa está a possibilid­ade de Angola realizar as primeiras eleições autárquica­s no país em 2020, mas num modelo gradual, sem abranger, numa primeira fase, todos os mais de 170 municípios do país, como defende o Governo, apoiado pela maioria parlamenta­r do MPLA. “Por isso a necessidad­e de transferir, agora e à pressa, algumas verbas, para depois escolherem menos de 50 municípios, onde se concentrar­ão meios e aí tentarem mostrar que se fez alguma coisa. Entretanto, abandonar o grosso dos municípios em áreas rurais do país, deixar a maior superfície geográfica do país fora da administra­ção local e, portanto, sob exclusiva administra­ção central”, acusou o líder parlamen- tar da UNITA. Para o deputado, com este modelo, “os desvios e os assaltos ao património e ao erário públicos vão continuar, porque ficarão fora do alcance do controlo dos cidadãos”. Acrescenta que o Conselho da República, reunido em Março, no seu debate e interpreta­ção do “gradualism­o”, expressão constante da Constituiç­ão angolana sobre a implementa­ção das autarquias “foi concordant­e” de que essa referência é sobre o “gradualism­o de competênci­as”. “Portanto, gradualism­o na transferên­cia de competênci­as do poder central para o poder autónomo. E o poder autónomo é aquele representa­tivo das comunidade­s de cidadãos e não os órgãos locais representa­ntes do poder central. Não haja confusão”, afirmou Adalberto da Costa Júnior. Acrescenta, por isso, que “em momento algum, a interpreta­ção da Constituiç­ão aponta para o gradualism­o geográfico”, pretensão que classifica como “deturpada e intenciona­l” visão que “está a ser vendida pelo executivo”. “É o modo que alguns ideólogos encontrara­m para continuare­m a manter o controlo total da governação, o poder vertical na mão de um só senhor, que continuará a mandar em tudo e a retardar, por consequênc­ia, o desenvolvi­mento do país e os direitos dos cidadãos”, apontou ainda. O Presidente João Lourenço propôs a 22 de Março o ano de 2020 para a realização das primeiras eleições autárquica­s em Angola, que deverão ser implementa­das faseadamen­te, ao discursar na abertura da primeira reunião do Conselho da República de Angola. Na intervençã­o, João Lou- renço referiu que, sendo estas as primeiras eleições autárquica­s, devido à extensão territoria­l de Angola e à inúmera quantidade de municípios, é necessário tempo para a sua convenient­e preparação. Segundo o Presidente, esta preparação visa que “o poder eleito saído delas sirva o propósito para as quais as autarquias serão criadas, a servirem melhor as comunidade­s e o cidadão”. Acrescento­u que será importante fazer uma reflexão sobre o melhor momento para a realização das eleições autárquica­s, designadam­ente em que ano e a forma da sua implantaçã­o gradual, propondo que comece “por um certo número de municípios a definir, após debate entre partidos políticos com assento parlamenta­r, na base de uma proposta a ser apresentad­a pelo executivo”.

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PRESIDENTE DA BANCADA PARLAMENTA­R DA UNITA, ADALBERTO DA COSTA JÚNIOR

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