Folha 8

A HISTÓRIA DE UM DIVÓRCIO

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A transporta­dora aérea Emirates anunciou no dia 10 de Julho de 2017 o “fim imediato” do contrato de concessão para gestão da companhia de bandeira angolana TAAG face “às dificuldad­es prolongada­s que tem enfrentado no repatriame­nto das receitas” das vendas em Angola. Numa declaração à Imprensa, em Luanda, a transporta­dora referia igualmente que estava a “tomar medidas no sentido de reduzir a sua presença em Angola” e que a partir desse dia reduzia de cinco para três o número de frequência­s semanais para Luanda. “Esta questão tem-se mantido sem solução, apesar de inúmeros pedidos feitos às autoridade­s competente­s e garantias de que medidas seriam tomadas”, referiu a companhia árabe. “Com efeito imediato, a Emirates põe fim à sua cooperação com a TAAG – Linhas Aéreas de Angola – ao abrigo de um contrato de concessão de gestão em curso desde Setembro de 2014”, acrescenta­va a empresa, com sede nos Emirados Árabes Unidos. “Esperamos que a questão do repatriame­nto de fundos seja resolvida o mais cedo possível, de modo que as operações comerciais possam ser retomadas de acordo com a demanda”, referiu ainda a companhia. O contrato de gestão assinado entre o Governo angolano e a Emirates previa introdução de uma “gestão profission­al de nível internacio­nal” na TAAG, a melhoria “substancia­l da qualidade do serviço prestado” e o saneamento financeiro da companhia angolana, que em 2014 registou prejuízos de 99 milhões de dólares (88 milhões de euros). Em contrapart­ida, no âmbito do Contrato de Ges- tão da transporta­dora pública angolana celebrado com a Emirates Airlines para o período entre 2015 e 2019, previa-se dentro de quatro anos resultados operaciona­is positivos de 100 milhões de dólares. Em entrevista à Lusa no final de 2016, o PCA da TAAG, Peter Hill, indicado pela Emirates ao abrigo do acordo com o Governo angolano, anunciou ter cortado 62 milhões de euros em custos no primeiro ano daquela gestão. “Nós dissemos, no nosso plano de negócios, que em três anos íamos reduzir custos em 100 milhões de dólares [89 milhões de euros] e logo no primeiro ano já poupamos 70 milhões [62 milhões de euros]. Por isso estamos muito contentes e posso dizer que as finanças da companhia estão a melhorar dramaticam­ente”, explicou. “Herdamos uma companhia não lucrativa, com muitos trabalhado­res, e nos últimos 12 meses es- tamos a reduzir os custos”, enfatizou o administra­dor, que assumiu funções em Outubro de 2015. Segundo Peter Hill, a TAAG contava então com cerca de 4.000 trabalhado­res, para operar 31 destinos domésticos e internacio­nais, após uma forte redução, apenas com programas de reforma.

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EX-PCA DA TAAG, PETER HILL
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