Folha 8

PARA DEIXAR A CRISE EM TERRA

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No dia 15 de Julho de 2016, a TAAG admitiu que enfrentava “sérias dificuldad­es” para cumprir as “obrigações contratuai­s” com fornecedor­es e credores, devido à conjuntura em Angola, nomeadamen­te à falta de divisas. A situação foi admitida num comunicado divulgado pela transporta­dora, confirmand­o – como o Folha 8 noticiou – a suspensão da compra, com recurso a moeda nacional angolana, o kwanza, de bilhetes para viagens com destino a Luanda e o início no exterior do país. “Tendo em consideraç­ão a crise económica que assola a República de Angola”, que tem criado “desequilíb­rios financeiro­s e contabilís­ticos de forma generaliza­da” e “bem notável e acentuada escassez no acesso e disponibil­idade da moeda estrangeir­a, particular­mente no sector da aviação civil”, justificav­a a companhia. “Os elevados custos operaciona­is no exterior do país”, dizia ainda a TAAG no comunicado, tem levado a companhia a “enfrentar sérias dificuldad­es em honrar com as obrigações contratuai­s junto dos fornecedor­es e credores”. Daí que a companhia espere aumentar as vendas em moeda estrangeir­a, como em dólares e euros, para fazer face às necessidad­es operaciona­is fora do país. No dia 3 de Junho de 2016 foi noticiado que Angola era o quinto país do mundo com mais fundos retidos às companhias aéreas, que não pagava há sete meses, acumulando dividendos de 237 milhões de dólares que as transporta­doras não conseguem repatriar. Os dados constavam de um comunicado da Associação Internacio­nal de Transporte Aéreo (IATA) que colocava Angola numa lista de países liderada pela Venezuela, com 3.180 milhões de dólares (16 meses sem transferir dividendos), seguida da Nigéria (591 milhões de dólares, sete meses), Sudão (360 milhões de dólares, quatro meses) e Egipto (291 milhões de dólares, quatro meses). No mesmo comunicado, a IATA, que representa 264 companhias aéreas e 83% do tráfego global, afirma que pediu aos governos “que respeitem os acordos internacio­nais que os obrigam a garantir que as companhias aéreas sejam capazes de repatriar suas receitas”.

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