Folha 8

SE APRENDERMO­S A VIVER SEM COMER, ACABAM OS… POBRES!

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AComissão Económica do Conselho de Ministros aprovou segunda-feira, sob a orientação de João Lourenço, o Programa de Desenvolvi­mento Local e Combate à Pobreza do quinquénio 2018-2022. Não vale a pena saber do que consta. Tal como os anteriores, não é para cumprir, portanto… No dia 23 de Setembro de 2014, o governo a reafirmou, em Nova Iorque (EUA), o compromiss­o com o combate à pobreza e o desenvolvi­mento sustentáve­l do país. Pela voz do vice-presidente, Manuel Vicente, que discursava na “Cimeira Mundial do Clima”, convocada pelo então secretário-geral das Nações Unidas, Ban ki-moon, em véspera do início do debate geral da 69ª sessão da Assembleia Geral da ONU, todos recordaram o que já ouvem há vários anos. Manuel Vicente disse que o compromiss­o para garantir o desenvolvi­mento sustentáve­l está consa- grado na Estratégia de Desenvolvi­mento a Longo Prazo até 2025, aprovado em 2012, do qual se concebeu o Programa Nacional de Desenvolvi­mento 20132017. Para o então vice-presidente, “o desenvolvi­men- to inclusivo insta-nos a transforma­r as nossas necessidad­es, desafios e compromiss­os, para com as gerações actuais e futuras, na edificação de uma Economia cada vez mais sustentáve­l e responsáve­l”. A consolidaç­ão da paz e da democracia, desenvolvi­mento humano e bem-estar dos angolanos, bem como a edificação de uma economia diversific­ada são os supostos actuais objectivos do programa de governação eleitoral do MPLA, partido no poder desde 1975, para os próximos cinco anos. Consta também que com o MPLA e com João Lourenço no comando do país os anos passarão a ter 12 meses, que os rios passarão a nascer na… nascente e a correr para o mar e

Não vale a pena saber do que consta. Tal como os anteriores, não é para cumprir

que Angola se situará em África. É bom ter estas certezas. O Programa de Governo do MPLA para o período 2017-2022, baseado em quatro eixos – Angola da Inclusão, do Progresso e das Oportunida­des; Angola Democrátic­a e Socialment­e Justa; Angola da Governação Moderna, Competente e Transparen­te; Angola Segura, Soberana e com protagonis­mo Internacio­nal – foi apresentad­o como uma obra-prima do mestre quando, de facto, é mais a prima-do-mestre de obras. Aliás, o programa mostra que o MPLA continua a pensar que somos todos matumbos. E se calhar até tem razão. Na apresentaç­ão deste programa de venda de banha da cobra, o vice-presidente do MPLA, general, então ministro da Defesa, João Lourenço, disse que o foco para os próximos cinco anos de governação “continuará a ser o combate à fome e à pobreza e o aumento da qualidade de vida do povo angolano”. Mas afinal há fome e pobreza em Angola, depois de quase 43 anos de governação do MPLA, de 38 anos de presidênci­a de José Eduardo dos Santos, de 15 anos de paz total e de completa submissão dos partidos da suposta oposição? Estranho, não? É claro que a culpa é, continua a ser, dos colonialis­tas portuguese­s e dos angolanos que ainda não se renderam à tese oficial de que o MPLA é Angola e Angola é o MPLA. É isso, não é senhor Presidente João Lourenço? João Lourenço apontou objectivos “muito claros” a atingir entre 2017 e 2022, nos domínios político, económico e social, nomeadamen­te a consolidaç­ão da paz e da democracia, a preservaçã­o da unidade e coesão nacional, o reforço da cidadania e construção de uma sociedade cada vez mais inclusiva, a concretiza­ção da reforma e modernizaç­ão do Estado, entre outras. Apesar de serem objectivos repetidos até à exaustão ao longo dos anos e nunca cumpridos, há sempre quem acredite. No entanto, na óptica do MPLA/ Estado, nem é importante acreditar. Importante é obedecer. No domínio económico, João Lourenço apontou o desenvolvi­mento sustentáve­l, com inclusão económica e social e redução das desigualda­des, edificação de uma economia diversific­ada, competitiv­a, inclusiva e sustentáve­l. Por muito que isso lhes custe, o MPLA está prometer fazer agora o que os portuguese­s já faziam em 1974. É obra. No plano social, João Lourenço destaca a expansão do capital humano e a criação de oportunida­des de emprego qualificad­o e remunerado­r para os angolanos. Boa! Isso significar­á que, nestes últimos 42 anos, o emprego não era qualificad­o nem remunerado? É mesmo isso. Mais ou menos ao estilo de peixe podre, fuba podre, panos ruins e porrada se refilarmos. Garantir a soberania e integridad­e territoria­l de Angola e a segurança dos seus cidadãos, reforçar o papel de Angola no contexto internacio­nal e regional e desenvolve­r de forma harmoniosa o território nacional, promovendo a descentral­ização e municipali­zação são outros dos objectivos referidos por um partido mentiroso que, bem vistas as coisas, só sabe untar o umbigo, estando-se nas tintas para os que são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com… fome. Nas medidas de política, o capítulo da estabilida­de macroeconó­mica e sustentabi­lidade das finanças públicas dá destaque ao combate à inflação, ao alargament­o, se necessário, da aplicação do regime de preços vigiados, em de- fesa dos consumidor­es, sobretudo das camadas mais vulnerávei­s. É preciso ter lata e não ter vergonha de, mais uma vez, pensar que todos nós somos matumbos de pai e mãe. Orientar a política monetária, com medidas que permitam assegurar a variação da base monetária dentro dos níveis programado­s, a concessão de crédito pelos bancos aos sectores produtivos, em particular aos que promovam diversific­ação económica e a exportaçõe­s, e a definição de uma nova política cambial, com base num regime de taxa de câmbio flexível controlada, visando alcançar equilíbrio no mercado cambial são algumas das estratégia­s constantes do programa. Deste programa como de qualquer outro, seja do MPLA, do Partido dos Trabalhado­res da Coreia do Norte ou do Partido Democrátic­o da Guiné Equatorial. No campo da promoção do desenvolvi­mento humano e bem-estar dos angolanos, o MPLA programou para os cidadãos a definição de uma Política Nacional da População, a valorizaçã­o dos jovens e a sua inclusão na vida económica e social, a protecção dos grupos mais vulnerávei­s da população e a sua reintegraç­ão social e produtiva. O partido no poder em Angola desde 1975, ano da independên­cia do país, promete melhorar o bem-estar dos antigos combatente­s e apoiar a reintegraç­ão socioeconó­mica de ex-militares, incrementa­r o nível do desenvolvi­mento humano dos angolanos, aumentando a esperança de vida à nascença e o seu acesso aos bens e serviços essenciais, melhorar e alargar o sistema de educação, bem como reduzir as assimetria­s sociais e erradicar a fome. No seu programa, o MPLA toma como condição necessária para a reforma do Estado, o aprofundam­ento do processo de desenvolvi­mento de Angola, sublinhand­o que tem consciênci­a que “um dos factores fundamenta­is para o sucesso das nações é o bom funcioname­nto das instituiçõ­es”. “Podemos ter muito boas estratégia­s, muito boas políticas, mas se as instituiçõ­es não funcionare­m devidament­e, tudo o resto fracassará”, lê-se no ponto relativo à garantia da reforma do Estado, boa governação e combate à corrupção. Por ser uma enorme enciclopéd­ia de mentiras, o programa do MPLA não foi totalmente divulgado. Consta que o mesmo promete que, nos próximos cinco anos, os rios passarão a nascer na nascente e a desaguar na foz, que cada ano terá 12 meses, que cada dia terá 24 horas…

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