CAPTAR INVESTIMENTOS QUOTA DE MERCADO
Ao PÚBLICO, o economista angolano Manuel Alves da Rocha afirma que Angola “não pode continuar a ser o receptáculo de exportações portuguesas de bens primários para os quais existem condições naturais e técnicas para serem produzidos localmente”. “O que eu gostaria que acontecesse era que os empresários portugueses, em vez de levarem mercadorias para Angola, levassem investimentos, tecnologia, know-how para se produzirem localmente os bens que são importados de Portugal”, diz. Na entrevista que deu ao Expresso, o Presidente de Angola foi bastante claro ao afirmar que quer “cativar os investimentos privados portugueses em todas as áreas que for possível”. “Mas”, sublinhou, “estou a referir-me a investidores e não a comerciantes, não aqueles que queiram apenas vender coisas a Angola”. Actualmente, Portugal já tem vários investimentos fora do sector petrolífero, através de pequenas e grandes empresas (cerca de 400 ao todo, passando por áreas como banca, construção ou comércio). No ano passado, de acor- do com os dados do Banco de Portugal divulgados em Outubro, o fluxo de investimento directo em Angola foi negativo em 131 milhões de euros. Numa análise sectorial percebe-se que foi o sector da construção civil quem penalizou o resultado, com -165 milhões de euros, enquanto as indústrias transformadoras contribuíram de forma positiva com 41 milhões. O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-angola (CCIPA), João Traça, não tem dúvidas de que Portugal deve apostar mais em Angola. Este, diz, “é um país com futuro e é disso que os empresários necessitam de se consciencializar”. As crises, refere o advogado da Miranda & Associados, acabam por converter-se “em momentos de crescimento e nessas alturas, aqueles que melhor anteciparam as oportunidades estão em melhores condições”. Questionado sobre o problema das dívidas em atraso, devido à crise que o país atravessa, João Traça diz que o seu pagamento “é certamente um factor adicional para os empresários ganharem mais confiança para realizarem os seus investimentos”. Na sequência da visita do primeiro-ministro português a Luanda, em Setembro, o Estado angolano reconheceu cerca de 390 milhões de euros de dívidas em atraso, dos quais só 90 milhões. Em entrevista por escrito ao DN, o ministro das Finanças, Archer Mangueira, afirmou que o valor das dívidas certificadas é agora de 200 milhões, e dizem respeito a 24 empresas (construção e serviços). Deste valor, 40% já foi regularizado e o restante será “ainda este ano”. Fonte: aicep Portugal Global