ATAQUE POR TERRA, MAR E AR (TAL COMO MANDAVA SALAZAR)
EM DEFESA DA SOBERANIA, ANGOLA NÃO POUPARÁ ESFORÇOS
OGoverno anunciou no dia 27.11 que vai alargar às suas fronteiras marítimas e aéreas a denominada “Operação Transparência”, que já levou à saída oficialmente rotulado de voluntária de Angola de quase 400 mil imigrantes ilegais, muitos dos quais tendo documentação de identificação angolana. A informação foi avançada pelo ministro de Estado e Chefe da Casa de Seguran- ça do Presidente da República de Angola, Pedro Sebastião, durante uma sessão de pré-aprovação (o MPLA chama-lhe de discussão) na especialidade do Orçamento Geral do Estado para 2019 na Assembleia Nacional. Pedro Sebastião indicou que a operação vai continuar “pelo tempo que for necessário” para “defesa da soberania e do território” angolano. Soberania que, segundo o Governo, também se enquadra na “Operação Resgate”. “Vamos voltar a áreas onde já passámos e onde ainda há indícios de garimpo. Por enquanto, só estamos ainda em [acções em] terra, mas vamos alargá-la [‘Operação Transparência’] a outros domínios”, como às fronteiras marítimas e aéreas, disse o ministro de Estado angolano. Fazendo fé no ADN do MPLA, também estará a ser equacionado – se tal se vier a revelar necessário – alargar as acções em terra, mar e ar para além das fronteiras, não vão esses perigosos garimpeiros (mesmo tendo cartão do MPLA) pensar em ficar do outro lado da fronteira à espera da melhor oportunidade para regressar. Segundo Pedro Sebastião, a continuidade da operação está garantida pela disponibilidade de homens e de meios, e, sobretudo, pela vontade de o país “resolver isto de uma vez por todas”. É verdade. O Estado/ MPLA tem dinheiro que chega e sobra para garantir a continuidade bélica de uma operação que obedece rigorosamente à lei da força. Já para dar de comer a quem tem fome (20 milhões de pobres), mover guerra à malária, à tuberculose ou à sida não há kumbu. Também não se pode ter tudo. Para, por exemplo, o ministro Pedro Sebastião ter pelo menos três lautas refeições por dia, milhões de angolanos têm de passar fome. Simples. “São esses os propósitos do Governo, dos dirigentes do país e, em primeiro lugar, do Presidente da República”, frisou o ministro, certamente pensando numa refeição frugal: trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supre-
mos de galinha com espuma de raiz de beterraba e queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas, e várias garrafas de Château-grillet 2005… Pedro Sebastião disse que, se Angola não tivesse tomado essa posição, os angolanos corriam já o risco de se constituírem uma minoria em território nacional, como são os casos das províncias da Lunda Norte e Lunda Sul. Seria obviamente uma chatice. Em minoria… nunca. “E se esse nível de imigração ilegal continuasse ao ritmo que estávamos a assistir, correríamos o risco, muito brevemente, de termos o país inundado de estrangeiros, onde nós constituiríamos a minoria”, disse o ministro Pedro Sebastião, não perdendo a oportunidade de também apresentar a sua (bem merecida) candidatura ao anedotário nacional. “Quem, nas Lundas, esteve presente ou assistiu, verificou seguramente que a população naquela região, sobretudo no Lucapa, já constituía uma minoria, quem ditava ordens, regras, posturas, etc., já eram os estrangeiros, nós estávamos já em minoria e a quantidade de diamantes que saíam, quer ao longo da fronteira norte como na fronteira leste, era qualquer coisa como vergonhoso para o país”, disse Pedro Sebastião. O governante angolano voltou a refutar a existência de qualquer acto de violência (obviamente) sobre os visados, maioritariamente cidadãos da vizinha República Democrática do Congo, durante a operação, salientando que a iniciativa tem somente como objectivos fundamentais, filantrópicos e caritativos o combate à imigração ilegal e exploração ilícita de diamantes. “Foram 400 mil pessoas que saíram e, que eu saiba, não há um único caso que possa manchar o comportamento das nossas tropas, não há. Isto é obra”, enfa- tizou. É obra que só os esqueléticos marimbondos internacionais, tipo ONU e organizações dos direitos humanos (algumas angolanas), não percebem. O ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República lembrou que o Governo angolano disponibilizou transportes para esses cidadãos se deslocarem até à fronteira, bem como assistência médica. Nós acrescentamos, reconhecendo a modéstia de Pedro Sebastião, que foi igualmente disponibilizada comida, medicamentos, diploma de mérito, roupas e um envelope com kwanzas… “Não é verdade aquilo que, por vezes, vamos ouvindo nos órgãos de comunicação social estrangeiros. Compreendemos perfeitamente que há, aqui dentro do nosso território, quem alimente estas notícias. Devemos recordar que estamos a tratar de um assunto que a todos nós diz respeito, independentemente da cor político-partidária, que a gente possa abraçar, porque está em causa a nossa soberania nacional”, realçou o ministro numa das alíneas da sua candidatura ao referido anedotário nacional. Não tinha, contudo, necessidade de mentir quando refere que as “mentiras” são veiculadas apenas por “órgãos de comunicação social estrangeiros”. Nós também falamos da opacidade da “Operação Transparência”, quer o senhor ministro goste ou não. A “Operação Transparência” começou a 25 de Setembro deste ano e foi-se estendendo progressivamente às províncias de Malanje, Lunda Norte, Lunda Sul, Bengo, Luanda, Kwanza Sul, Kwanza Norte, Kwando Kubango, Bié, Moxico, Zaire e Uíge.