SE CHAMAR LOURENÇO…
momento… mas cheio de pecados. A importância de João Lourenço é muita. Por isso não pode enveredar pelos caminhos da demagogia e autoritarismo se não perderá algum eventual capital conquistado. João Lourenço até pode estar a fazer tudo bem e com grande sacrifício pessoal. Pode, inclusivamente, estar a remar sozinho contra uma maré de um certo “status quo” transversal e generalizado, de uma putativa nação que mais não é do que uma imensa “cleptoplutocracia” criada para servir um partido político, como são os caos e casos de Angola e do MPLA. Pode estar, estoicamente, a enfrentar e resistir a pressões de todos os quadrantes, quer de filhos e camaradas militares quer de correligionários do “M” ou credores estrangeiros, mas, só o facto de não permitir a uma orfana menina, doce, educada e polida, que prestasse uma derradeira homenagem a uma das vítimas do 27 de Maio, pelos vistos seu pai, através de um inofensivo poema (parece que o Comandante não gosta nada de poemas e eu que o diga) ou o facto de ter um passado não dissociável de uma certa apetência para o pecado do roubo do alheio (perdão pela redundância) que eu até poderia compreender se usasse, como de facto uso, condescendentemente, uma ferramenta a que os Historiadores recorrem amiúde como é a Hermenêutica Histórica. Ou seja, a interpretação dos acontecimentos à luz do tempo e não pelas palas enviesadas de uma visão redutora dos valores contemporâneos, que é o que fazem, como se viu numa conferencia de imprensa de JLO em Portugal, alguns letrados angolanos – e não necessariamente João Lourenço – quando discutem temas como a escravatura e o colonialismo (não confundir com “coolnialismo”), sobretudo para justificar o retrocesso e atraso da pátria terra. Alguns dos líderes de antanho empenharam o futuro país e emprenharam pelos ouvidos – se me permitem esta irritante expressão popular – das interesseiras, desinteressadas e enganadoramente interessantes potências estrangeiras, cujo expoente máximo e grande líder foi a ex-vaca sagrada “fermosa” e não segura, a augusta figura: – Agostinho Neto, cujo ódio aos homens de pele branca e cara pálida só era imputável se fossem angolanos. Se fossem eslavos esse ódio virava amor. Antítese perfeita. Se os meus companheiros leitores – entre os quais está Sua Excelsa Excelência o mais preeminente dos “marimbondocidas” (perdão pela silepse de género) da África Austral – me permitirem um enfadonho exercício estilístico, exagerado e esdrúxulo, e, (indultem-me pela exagerada assonante aliteração) se não se estiverem marimbando para o que venho lavrando; imaginem o seguinte… … imaginem então, que por estes dias surgia na sociedade civil portuguesa, um grupo de intelectuais (do mais alto gabarito estou mesmo a ver) com um nome pomposo, do género: Movimento de Fomento da Verdade e Justiça para o Povo Celtibero; e , suponhamos, que esses tresloucados produziam um abaixo-assinado para Portugal apresentar queixa contra a Itália por colonialismo e escravatura – apesar de ter sido mais um “coolnialismo“e essa escravatura ter libertado os lusitanos da fome e da ignorância e ser paga com ordem e paz – …nas mais Altas Instâncias Internacionais…” (parece que oiço essas vociferantes gargantas exaltadas e já meias roucas) devido à romanização e à perda de língua, identidade e cultura celtas; e que por fim, quaisquer defeitos, revezes, contra-tempos e atrasos verificados em Portugal fossem justificados – e aí socorreriam-se para provar a sua intelectualidade de uma feliz antítese- por causa da “…bárbara colonização romana …” imaginem só… não aprece familiar? Num país minimamente civilizado respeitar-se-ia a liberdade dos cidadãos se associarem e expressarem as suas ideias, mas, uma petição tão ridícula e imberbe seria vetada ao lugar que mereceria… a “pubela”. “Pubela”, no meu parco e limitado entendimento, é um estrangeirismo originário do francês “poubelle”, devidamente aportuguesado, usado sobretudo pelos emigrantes vindos de França; trata-se de uma gíria, para todos os efeitos, que só ouvia, mas já não oiço, na minha terra natal e era um vocábulo da linguagem oral que exprimia o conceito de lixo, ou melhor, de caixote do lixo. A sua pertinência é proporcional à justa medida em que Portugal era tão pobre e atrasado antes do 25 de Abril (agora também o é mas numa outra dimensão) que pura e simplesmente, em paragens rurais, não se produzia lixo e levava-se ao extremo a máxima “lavoisieriana” de que tudo se aproveita e nada se desperdiça, como aliás pode ser verificado numa qualquer e não assim tão remota e afastada, aldeia angolana ainda agora.