QUE 2019 SEJA O ANO DE CONSCIÊNCIA CIDADÃ
Em 2019, o grande desafio será fazer dos seus minutos, horas, dias, meses, aquilo que cada um e todos, irmanados no dever pátrio, determinarmos. O dever de cidadania deve impelir-nos a optar pelo melhor, sem emoções, mas com muito pragmatismo e realismo,
Opaís não aguenta mais viver do “quase” em falsas promessas, esperanças, tão-pouco em medidas económicas paliativas, dos programas de políticos incapazes de governar para o povo, porque colocam o partido (MPLA), as ambições pessoais e a perpetuação no poder, em primeiro lugar. As acções, desde 1975 assentam na falsidade do verbo: igualdade e socialismo, mas desde logo, a prática da discriminação foi a imagem de marca, com as famosas LOJAS DOS DIRIGENTES (para os membros do Comité Central do MPLA e governantes) e as lojas do povo, onde as migalhas enchiam as prateleiras. Foi o início da corrupção, que ia crescendo ao longo dos tempos, refinando-se a partir de 1991, face a recusa de Jonas Savimbi em participar num governo de transição, depois da Assinatura dos Acordos de Bicesse, dando largas ao MPLA para se apossar de tudo, antes das primeiras eleições gerais multipartidárias, em Agosto de 1992. E assim o país ia andando, carregado de falsas promessas e realizações, que vêm “enforcando” todos os dias, em todos estes 43 anos (1975-2018), o pescoço e o sonho de vida melhor do cidadão autóctone angolano, que augurou, depois do fim colonialismo português, uma independência para se realizar e viver melhor… Ledo engano. No mato, onde não havia luz eléctrica, tínhamos alimentos frescos e água gelada, porque o colono, branco, fascista, português, vendia aos pretos geleiras a petróleo e ainda candeeiros petromax. Estes elementos nada tinham a ver com o colonialismo, mas com os estes negros no poder, complexados, muitas vezes com atitudes piores que as praticadas pelo regime de Salazar e Caetano, nos últimos anos, decidiram, sem justa causa, retirar esta conquista aos pretos, que são a maioria discriminada e de pobres e nunca mais repuseram, estas conquistas… Infelizmente, na maioria dos casos, vivemos pior hoje do que no ontem co- lonial, pelo carácter discriminatório de teimar, na recusa de se elaborar um projecto-país integrando os sentires e gemeres de todos os povos, numa imparcial e verdadeira ASSEMBLEIA CONSTITUINTE, para elaboração de uma verdadeira Constituição Republicana, e não manter a vigência de uma Constituição partidocrata, com a visão de um só partido, que privilegia um povo (qual?, o do MPLA, ninguém sabe..), quando somos fruto de vários povos, com várias línguas, hábitos, culturas e moral. Um Imbinda, da etnia Bakongo, por exemplo, tem na chicuanga um alimento base na sua dieta que, no matabicho (pequeno almoço) é substituído pela maiaka (miniatura da chicuanga), no lugar do pão e tem na língua materna o veículo primário de comunicação e orgulho Imbinda. Os povos Ovimbundus, ciosos, também, na língua, na culinária, onde se destaca o pirão, o lombi e a otchissangua, não prescindem, destes elementos, mesmo quando cruzam as fronteiras internas ou externas, por esta razão, fazem da sua cultura um elemento de identidade e cidadania, que os leva a fácil implementação. Na mesma senda estão os povos Bakongos, que não renegam a língua mater- na e cultura ancestral de quem fez parte de um dos reinos mais importantes de Angola e de África. Em sentido contrário, estão os povos Kimbundus, cujo epicentro (Luanda) os seus habitantes, são considerados dos mais aculturados e menos identificados com a língua materna e a própria cultura, preferindo, uma grande maioria, orgulhosa da assimilação colonial, trocar o funge (prato típico), pelo cozido à portuguesa. Os Mucubais povos ligado a pastorícia, cujas mulheres exaltam a beleza peitoral, bem como os Nganguelas, são os que, circunscritos a sua mundivivência, mais estão ligados a terra e não abdicam dos valores ancestrais. E de ancestralidade temos mesmo o primeiro povo do espaço territorial, o povo Khoissan, vulgos Kamussequele, que é dos mais discriminados, inclusive excluído da própria Constituição, não só por ser atípica, como também, por complexada, ao não lhes outorgar expressamente direitos fundamentais. Como podemos verificar somos vários povos, irmanados na cumplicidade e partilha do mesmo espaço territorial, denominado Ngola ou Angola, em busca de um denominador capaz de unir ou dar a este mosaico federal, estrutura identitária, capaz de com um líder apartidário e visionário, lançar as sementes para germinação e construção de uma verdadeira Nação republicana laica; Unitária ou Federal. Que 2019 nos leve a pensar, verdadeiramente, numa nova cidadania.