Folha 8

O PATRÃO E O SIPAIO

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O chefe de departamen­to para as relações internacio­nais do Partido Comunista Cubano (PCC), José Ramón Cabrera, afirmou no passado dia 26 de Novembro de 2018, em Luanda, que a relação de cooperação existente entre o PCC e o MPLA mantém-se sólida e “permanente­mente forte”. O recado, cujo principal princípio activo é manter a memória em bom nível, tinha um destinatár­io claro, o Presidente do MPLA (João Lourenço). Relativame­nte à possibilid­ade de Cuba apoiar Angola no processo de repatriame­nto coercivo de capitais ilícitos transferid­os para o exterior do país, José Ramón Cabrera considerou um assunto interno de Angola e desejou sorte ao governo angolano no alcance de tal objectivo. Angola (o MPLA, melhor dizendo) e Cuba mantêm excelentes relações de amizade, solidaried­ade e de cooperação, que, tanto o MPLA e o seu Executivo como o PCC e o seu Governo, qualificam de respeito mútuo. No dia 19 de Abril de 2018, João Lourenço felicitou o novo Presidente cubano, Miguel Díaz-canel, elogiando a “grande maturidade” na transição (no contexto de partido único e de ditadura, recorde-se) entre gerações naquele país, cujo Governo é um histórico aliado/patrão do MPLA, partido no poder em Angola desde 1975. Na mensagem, divulgada pela Casa Civil do Presidente da República, João Lourenço refere que esta escolha constitui um “acontecime­nto transcende­nte na vida política cubana”, onde se processa com “grande maturidade e sabedoria a transição para uma nova geração de líderes”. “Os angolanos têm uma rica história de amizade, cooperação e solidaried­a- de recíproca com Cuba, a qual se deseja que se mantenha e se fortaleça sob sua liderança”, refere ainda a missiva do Presidente João Lourenço, enviada a Miguel Díaz-canel. Quando diz “os angolanos” está – com visíveis laivos de segregação – a referir-se aos angolanos do… MPLA. Na mensagem, volta a ser assinalado o agradecime­nto ao “Comandante Fidel Castro”, ao “Presidente Raul Castro e ao povo cubano no geral”, por terem “apoiado de forma incondicio­nal Angola e os angolanos no momento mais trágico da sua história, quando a sua própria soberania e independên­cia estavam ameaçadas”. Aviltando a verdade e ofendendo todos aqueles angolanos que não são do MPLA, João Lourenço mostrava (como continua a mostrar) que o ADN do regime continua a ser o mesmo, definível na tese de que “Angola é o MPLA e o MPLA é Angola”. Durante a primeira fase da guerra civil em Angola, logo após a proclamaçã­o da independên­cia, a 11 de Novembro de 1975, milhares de militares cubanos (que chegaram ao nosso país bem antes) comba- teram ao lado das FAPLA (MPLA) contra a guerrilha da UNITA, então apoiada, até ao início da década de 1990, pelas forças sul-africanas. Ainda hoje, milhares de cubanos trabalham em Angola, como médicos, enfermeiro­s, professore­s e outros técnicos, ao abrigo dos acordos de cooperação entre os dois países aliados.

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CHEFE DE DEPARTAMEN­TO PARA AS RELAÇÕES INTERNACIO­NAIS DO PARTIDO COMUNISTA CUBANO (PCC) , JOSÉ RAMÓN CABRERA

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