MOEDA FORTE É NECESSÁRIA
E é exactamente por isso que uma moeda forte e estável é indispensável para o crescimento económico. Quando a moeda é estável, investidores têm mais incentivos para se arriscar e financiar ideias novas e ousadas; eles têm mais disponibilidade para financiar a criação de uma riqueza que ainda não existe. O investimento em tecnologia é maior. O investimento em soluções ousadas para a saúde é maior. O investimento em infra-estruturas é maior. Quando a moeda é instável — ou passa por períodos de forte desvalorização, os investidores preferem refugiar-se em investimentos tradicionais e mais seguros, como títulos do governo, ouro, etc. Neste cenário, não há segurança para investimentos de lon- go prazo, que são os que mais criam riqueza. É exactamente por isso que, em países cuja moeda tem histórico de alta desvalorização, (alta inflação de preços), são raros os investimentos vultosos de longo prazo. É por isso que, em países cuja moeda tem histórico de alta desvalorização, os juros são altos. É por isso que, em países cuja moeda tem histórico de alta desvalorização, os bens produzidos são de baixa qualidade. É por isso que, em países cuja moeda tem histórico de alta desvalorização, as pessoas são mais pobres. Uma moeda instável desestimula investimentos produtivos. Desindustrialização. Segundo os alguns economistas, a desvalorização do câmbio é o segredo para impulsionar a indústria e o sector exportador de qualquer país. Ao desvalorizar-se o câmbio, segundo eles, as exportações são estimuladas e, liderada por um aumento nas exportações, a indústria volta a produzir e, por conseguinte, toda a economia volta a crescer. O primeiro grande problema é que, no mundo globalizado em que vivemos, vários exportadores são também grandes importadores. Para fabricar, com qualidade, os seus bens exportáveis, eles têm de importar máquinas e matérias-primas de várias partes do mundo. Uma mineradora e uma siderúrgica têm de utilizar maquinaria de ponta para fazer seus serviços. E elas também têm de comprar, continuamente, peças de reposição. O mesmo vale para qualquer indústria. Se a desvalorização da moeda fizer com que os custos de produção aumentem — e irão aumentar —, então o exportador não mais terá nenhuma vantagem competitiva no mercado internacional. Em causa não é apenas o aumento dos custos de produção gerado pela desvalorização da moeda. Como explicado no item 1, a desvalorização cambial faz com que haja um aumento generalizado dos preços. Consequentemente, o poder de compra real das pessoas diminui. Com a renda em queda, as pessoas consomem menos. Consequentemente, as vendas do comércio diminuem e os stocks acumulam-se nos armazéns, nas lojas, etc.. O dinheiro representa a metade de toda e qualquer transacção económica, a saúde da moeda irá determinar a saúde de toda a economia. Se a moeda é instável, a economia também se torna instável. Não há como uma economia se fortalecer, se a nossa moeda se mantém numa trajectória de enfraquecimento. Como no caso de Angola, muito dependente de importações, dos bens e serviços essenciais aos mais tecnológicos e complexos, pelo que com uma moeda fraca e instável e ainda a escassez de divisas, gerará tempos conturbados de oferta de bens e serviços a preços que estão de acordo com o poder de compra de todos os que habitam e trabalham em Angola.»