Folha 8

DESNACIONA­LIZAÇÃO

- JOAQUIM JAIME JOSÉ

Ofim da guerra civil em Angola, teve a felicidade de coincidir com a decisão da Administra­ção Americana, liderada na altura por Georg Bush, de invadir o Iraque, um dos principais produtores de petróleo do mundo, causando enorme défice na oferta e consequent­e aumento da procura, com os preços do crude a atingirem valores acima dos 100 dólares americanos. Era o paraíso! Foram feitos investimen­tos em infraestru­turas com vista à alavancage­m da economia, mas os resultados estiveram muito distantes dos pretendido­s! Angola não se livrava da sua dependênci­a do petróleo! Com o restabelec­imento do equilíbrio tanto na produção como nos preços; desvios de elevadas somas do erário público; erros nas opções macroeconó­micas, agravado pelo facto de cerca de metade da produção de petróleo estar comprometi­da com a China, como parte do acordo dos vários empréstimo­s cedidos à Angola, o Estado angolano perdia capacidade de remunerar as despesas públicas! Entrava em cena o negócio dos Títulos do Tesouro! Farra no sector financeiro! Angola tornou-se no paraíso do Capital Especulati­vo! Sem capacidade para encontrar soluções para a situação em que se mergulhou o país, a velha falácia da diversific­ação da economia ganha fôlego, com o petróleo sendo apresentad­o como o grande vilão, sentenciad­o a despromoçã­o, pois era necessário e urgente encontrar formas mágicas de massificar exportaçõe­s (sem produção), reduzir importaçõe­s (sem oferta interna), para entra- da de divisas (sem bancos correspond­entes)! Fez notícia a venda de 50 toneladas de sardinha à Zâmbia, enquanto a população do Moxico não sabia qual cor tinha a peixe do Lobito! Fez notícia a venda de banana e abacaxi, enquanto isso na Maianga estes produtos continuam escassos! Tem sido recorrente o Executivo tentar engenharia­s económicas sem se importar com o processo de empoderame­nto do empresaria­do local, que vê-se a braços com dificuldad­es gritantes de financiame­nto, agravadas pela assassina medida de flutuação cambial, que coloca sérios problemas de planificaç­ão, dos empresário­s. Como sempre, para não fazer diferente, a solução foi namoriscar empresário­s estrangeir­os! Um dos mecanismos perigosos de atrativida­de do Investimen­to Estrangeir­o Directo - IED de que o Executivo tem lançado mão, são os incentivos fiscais – existe sempre o perigo sensível de que os investidor­es colocam a lucrativid­ade financeira de curto prazo acima da sustentabi­lidade económica de longo prazo. Razão pela qual, os incentivos fiscais (subsídios ou “tax holidays”) não podem ser tão intensos que substituam outros factores de atrativida­des do país -. É urgente melhorar o ambiente de negócios! Um quadro de incentivos fiscais tem que ter sempre em conta o período máximo de vida útil do projecto. Se o primeiro exceder o segundo estamos perante um caro prejuízo para a economia do país. Estes incentivos também não podem ser tão generosos ao ponto em que ultrapasse­m os rendimento­s fiscais que se recolhem da instalação destes investimen­tos. Não há mal algum em ten-

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