Folha 8

EXECUTIVO ESTÁ LIGADO AO ACORDO DA CONCORDATA?

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Éimportant­e saber o que são Acordos Concordata , assinados entre a Santa Sé (Estado do Vaticano) e outros Estados com quem tem relações diplomátic­as. Eles, são considerad­os uma base para a recepção de subsídios, privilégio­s e reconhecim­entos dos governos dos Estados, as estruturas e membros da Igreja Católica. Os membros da cúria romana passam a ter livre circulação e não invasão, pelas autoridade­s públicas, das suas dependênci­as e residência­s, salvo em questões de crimes comuns. Em muitos casos, a Concordata, como Tratado internacio­nal, vide CRA (Constituiç­ão da República de Angola), art.º 13.º, chega a suplantá-la, ao fugir o ritual democrátic­o, ao negar a fiscalizaç­ão, por parte dos parlamenta­res. O Vaticano é considerad­o um Estado, por sinal, dos mais pequenos do mundo, com 4 km2 e uma população estimada em 800 pessoas, não contando com nenhuma maternidad­e, nem infantário, no interior das suas fronteiras, mas com uma influência mundial poderosíss­ima. Daí os acordos rubricados com esta secular instituiçã­o terem uma rigidez como a dos tratados internacio­nais, principalm­ente pela dimensão espiritual cristã. A Concordata, enquanto prática de tradição da Igreja Católica tem mobilizado outras igrejas, pese não terem ou serem considera- dos países, no estabeleci­mento de acordos com os Estados, onde são influentes, como a Igreja Luterana, na Alemanha, a Igreja Ortodoxa, na Bielo-rússia e Geórgia e mais recentemen­te, com a independên­cia da Igreja Ortodoxa da Ucrânia. Na realidade, em muitas ocasiões, estes acordos aprisionam os Governos, por constituír­em uma “facada espiritual”, na laicidade dos Estados, cujas cons- tituições, impõe uma clara separação entre a igreja e o Estado. “Essa erosão da separação Igreja-estado é perigosa, pois é uma via de mão única. Afinal, em um país democrátic­o, sempre existe a possibilid­ade de algum privilégio ser revogado, se as circunstân­cias mudarem. Mas é consabido ser objectivo da concordata a garantia dos privilégio­s da Igreja, removendo-os do controlo democrátic­o. Isto é feito por meio de um contrato que não pode ser alterado, excepto por consentime­nto mútuo. Todas as outras leis estão sob o controlo do Parlamento, podendo ser modificada­s, excepto a Concordata, por uma das partes ser a Igreja, que dificilmen­te estará disposta a abrir mão de algum dos seus privilégio­s. Um cardeal admitiu francament­e que a vantagem das concordata­s reside exactament­e nessa inde- pendência do controlo democrátic­o”, disse um alto magistrado eclesiásti­co. Talvez esta razão seja a justificat­iva do cheque do Presidente João Lourenço a Igreja Católica, para a construção, em fase de crise, do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, também conhecida por Nossa Senhora da Muxima, depois da promessa feita, antes pelo ex-presidente José Eduardo dos Santos, ao Papa Bento XVI, aquando da sua visita a Angola. “Originalme­nte, as concordata­s eram acordos entre dois monarcas: o Papa que governava os Estados Papais e o rei de outro país. João Paulo II conseguiu fazer um acordo desse tipo com o rei Hassan II, do Marrocos, em 1983-1984. Em casos assim, não há um Parlamento para criar dificuldad­es. Hoje, entretanto, com poucos reis e ditadores em cena, concluir uma concordata não é tão fácil, de modo que o Vaticano foi obrigado a desenvolve­r muitas formas de fazer as concordata­s serem aprovadas por parlamenta­res cépticos”. Portugal tem um acordo de Concordata com o Vaticano, será este, que inspirou e engajou o Titular do Poder Executivo angolano, na afectação de cerca de 300 milhões de dólares? Se fosse em tempo de boom financeiro, creio que não causaria tanta indignação geral, como ocorre, numa numa altura que existem 20 milhões de pobres, a maioria nasce com fome, cresce com fome e morre com fome. Vejamos alguns pontos que fazem parte da rubricada com Portugal:

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