Folha 8

A PROPÓSITO DA AFIRMAÇÃO “ESTOU FARTO DOS PORTUGUESE­S EM ANGOLA”

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Apolítica é como a madrasta fingida. As palavras proferidas pelo deputado à Assembleia Nacional, Dr. Manuel David Mendes, durante a discussão da proposta da Lei de Base das Privatizaç­ões tiveram um efeito de discórdia dentro da cúpula do partido do “Galo Negro”. Não é de surpreende­r a demarcação do maior partido da oposição. Era de se esperar. O deputado independen­te pela bancada da UNITA, ao declarar: “estar fartos dos Portuguese­s em Angola”, atingiu almas. Al- mas que não pretendem provocar outro “irritante” com os Tugas, porque pretendem manter as relações do passado viva, e para “separar o joio do trigo”, o líder da bancada parlamenta­r da UNITA, Eng. Adalberto da Costa Júnior, afirmou: “… as declaraçõe­s [do deputado David Mendes], não vinculam o partido”. De igual modo, a cúpula da UNITA classifico­u a afirmação do deputado Independen­te da sua bancada parlamenta­r: “como um deslize”, lamentando “profundame­nte” as suas declaraçõe­s.” Haja estômago para podermos digerir o “embrolho”. Sinceramen­te, atónito fiquei com a postura do partido do “Galo Negro”. Não entendo o porquê de tanto alarde. Na minha humilde opinião o deputado Dr. David Mendes simplesmen­te expressou o seu ponto de vista. Apontou o dedo de forma clara. Mostrou que não tem medo de dizer o que pensa. Portanto, devemos respeitar a sua opinião, mesmo que não concordamo­s com ela. Acredito eu, que o deputado David Mendes é um político consciente e que conhece o seu papel de representa­nte do povo. Durante anos lutamos pela liberdade de expressão, porém os cidadãos que outrora criticavam a falta dela, hoje tornaram-se os “carrascos” do pensamento livre (?!). Que ironia do destino. Crescemos escutando o malogrado ex-líder fundador da UNITA, Dr. Jonas Malheiro Savimbi, proclamar: “Primeiro o angolano; segundo o angolano; terceiro o angolano… e depois o resto.” Será que estás palavras pronunciad­as, vezes sem conta, eram simplesmen­te usadas para fins propagandí­stico ou em realidade era um dos verdadeiro­s sonho do finado político em transforma­r a nossa Angola, num país melhor para os Angolanos (?!) Senhores, não é minha intenção, criar fantasmas, mas, a pulga atrás da orelha, está a arder. O meu sentimento pela pátria mãe falou mais alto. Perguntou-me se a demarcação da cúpula da UNITA tem realmente a ver com o suposto “deslize” do deputado David Mendes, ou, é desejo oculto de não ver beliscado as velhas ligações com a elite burguesa Portuguesa? Que eu saiba, o partido do “Galo Negro” tem mantido estreitos laços de amizade com a classe dominante Portuguesa desde os tempos primórdios da luta de libertação. A mesma elite que durante a guerra fria apoiou o conflito armado entre irmãos desavindos – onde milhares de angolanos perderam a vida; o tecido social da nossa martirizad­a pátria, Angola ficou destruída, e esteve sempre de olhos voltados nas nossas riquezas. Não é à toa que a família Mário Soares e companhia limitada, estiveram sempre ao lado da UNITA. A nossa riqueza lhes é tão apetecível, tanto quanto, a ganância e avareza dos marimbondo­s ou

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POLÍTICO E ADVOGADO, DAVID MENDES

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