PARA EVITAR QUE O NAVIO AFUNDE GOVERNO ATESTA-O COM BURACOS
FINANCIAMENTOS SÃO O QUE NÃO DEVERIAM SER - UM POÇO ROTO
Do pouco ou muito arrecadado (ninguém sabe ao certo), a aplicação é bastante controversa e, segundo especialistas, ameaçam perigar ainda mais o endividamento do país
Opovo angolano tem, ou tinha, muita esperança, agora pouco importa, na alteração de algumas práticas com dezenas de anos e que conduziram o país, à revelia das mais elementares regras de - entre outras – equidade social, para a linha vermelha. Das promessas de implantação de mudanças pragmáticas, até agora ficamo-nos por elas mesmo, promessas, porquanto em muitos aspectos, as opções são piores do que as levadas a cabo na época do outro senhor, no que ao rigor se exige na gestão administrativa, na utilização criteriosa dos fundos públicos, bem como no direccionamento dos financiamentos externos. O Presidente da República tem-se desdobrado em cruzar os oceanos dos cinco continentes, estendendo a mão (ou, melhor, as mãos, as suas e as dos outros) à caridade, na busca de dinheiro, para o relançamento da economia mas, do pouco ou muito arrecadado (ninguém sabe ao certo), a aplicação é bastante controversa e, segundo especialistas, ameaçam perigar ainda mais o endividamento do país, para com o exterior. Muitos projectos e obras públicas não garantem o retorno, nem fomentam a economia directa e indirecta, daí muitos que haviam apostado no cavalo branco de Napoleão, começam a vacilar. Começam a ver que o “vendedor” é bom, mas que a banha da cobra não passa de um placebo. Nos musseques, nas sanzalas, nas regiões recônditas do torrão angolano, o povo já não acredita, pois como a fome tem pressa e a comida vai faltando cada vez mais, na sua mesa, face ao desemprego, à inflação e à falta de políticas de relançamento da economia, a indiferença e revolta calcorreiam, não só, nos carreiros terrestres, como também, nos mentais, por ninguém viver, nem sobreviver, dos paliativos “exonerativos”, da política de revanche (que envolve os filhos e próximos do ex- -presidente José Eduardo dos Santos e João Lourenço) e da atabalhoada lei do repatriamento do capital. Isso porque, depois do verbo, o que se assiste é ao manjar de caviar, pela tribo dirigente, enquanto ao povo se atiram as migalhas e os ossos. Ninguém entende, até mesmo os mais entusiastas, que numa altura em que sobe o preço do petróleo, logo, havendo mais receitas, o quadro geral da população não tenda a melhorar (ou a dar, mesmo que ténues, sinais de melhoria) com a redução das desigualdades, do desemprego, da saúde, do ensino… O Banco Nacional de Angola não tem, até agora, uma política de mobilização e capitalização da banca comercial, nem de uma alta estratégia para a recolha dos milhões e milhões de kwanzas, fora do circuito bancário, por descrença dos populares, profissionais liberais do mercado informal e ambulantes.