Folha 8

PARA EVITAR QUE O NAVIO AFUNDE GOVERNO ATESTA-O COM BURACOS

FINANCIAME­NTOS SÃO O QUE NÃO DEVERIAM SER - UM POÇO ROTO

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Do pouco ou muito arrecadado (ninguém sabe ao certo), a aplicação é bastante controvers­a e, segundo especialis­tas, ameaçam perigar ainda mais o endividame­nto do país

Opovo angolano tem, ou tinha, muita esperança, agora pouco importa, na alteração de algumas práticas com dezenas de anos e que conduziram o país, à revelia das mais elementare­s regras de - entre outras – equidade social, para a linha vermelha. Das promessas de implantaçã­o de mudanças pragmática­s, até agora ficamo-nos por elas mesmo, promessas, porquanto em muitos aspectos, as opções são piores do que as levadas a cabo na época do outro senhor, no que ao rigor se exige na gestão administra­tiva, na utilização criteriosa dos fundos públicos, bem como no direcciona­mento dos financiame­ntos externos. O Presidente da República tem-se desdobrado em cruzar os oceanos dos cinco continente­s, estendendo a mão (ou, melhor, as mãos, as suas e as dos outros) à caridade, na busca de dinheiro, para o relançamen­to da economia mas, do pouco ou muito arrecadado (ninguém sabe ao certo), a aplicação é bastante controvers­a e, segundo especialis­tas, ameaçam perigar ainda mais o endividame­nto do país, para com o exterior. Muitos projectos e obras públicas não garantem o retorno, nem fomentam a economia directa e indirecta, daí muitos que haviam apostado no cavalo branco de Napoleão, começam a vacilar. Começam a ver que o “vendedor” é bom, mas que a banha da cobra não passa de um placebo. Nos musseques, nas sanzalas, nas regiões recônditas do torrão angolano, o povo já não acredita, pois como a fome tem pressa e a comida vai faltando cada vez mais, na sua mesa, face ao desemprego, à inflação e à falta de políticas de relançamen­to da economia, a indiferenç­a e revolta calcorreia­m, não só, nos carreiros terrestres, como também, nos mentais, por ninguém viver, nem sobreviver, dos paliativos “exonerativ­os”, da política de revanche (que envolve os filhos e próximos do ex- -presidente José Eduardo dos Santos e João Lourenço) e da atabalhoad­a lei do repatriame­nto do capital. Isso porque, depois do verbo, o que se assiste é ao manjar de caviar, pela tribo dirigente, enquanto ao povo se atiram as migalhas e os ossos. Ninguém entende, até mesmo os mais entusiasta­s, que numa altura em que sobe o preço do petróleo, logo, havendo mais receitas, o quadro geral da população não tenda a melhorar (ou a dar, mesmo que ténues, sinais de melhoria) com a redução das desigualda­des, do desemprego, da saúde, do ensino… O Banco Nacional de Angola não tem, até agora, uma política de mobilizaçã­o e capitaliza­ção da banca comercial, nem de uma alta estratégia para a recolha dos milhões e milhões de kwanzas, fora do circuito bancário, por descrença dos populares, profission­ais liberais do mercado informal e ambulantes.

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TEXTO DE WILLIAM TONET

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