Folha 8

MANIFESTAÇ­ÃO (MAIS UMA) CONTRA “KWATA KANAWA

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Em Malanje, tirando o governador Norberto dos Santos “Kwata Kanawa” e o seu restrito grupo de acólitos (sempre disponívei­s para elogiar quem estiver no Poder, seja quem for), ninguém está satisfeito com o seu desempenho. É mesmo caso para perguntar: Com um governador assim, como acreditar que o MPLA ganhou as eleições, nesta província? O maior e melhor tribunal do mundo, clone do tempo: o Povo, está a desvendar a verdade, da trama eleitoral, antes mesmo de completar dois anos na administra­ção pessoal que, como governador, deveria ser colectiva: a fraude. Por isso vai sair à rua no dia 2 de Fevereiro. Ninguém no seu juízo perfeito, mesmo o mais obcecado, pode dizer, que seja instigação da oposição. Não! O que está em jogo, aqui é a incompetên­cia, pura, dura e genética, na gestão governativ­a, no caso, personific­ada por “Kwata Kanawa”, membro do Comité Central do partido que se assume, desde 1975, como dono de Angola, o MPLA. É hora destes governante­s terem um pouco de brio (vergonha não sabem o que significa), sabendo ler e interpreta­r o clamor popular, de rejeição, não arrastando na lama putrefacta o pouco que lhes resta (se é que resta) de dignidade, para não serem jogados, definitiva­mente, na sarjeta da história. Norberto dos Santos “Kwata Kanawa”, que até já foi secretário para a Informação do MPLA, devia avocar a sua sensibilid­ade

informativ­a para se retirar, dizendo isso mesmo, às populações malanjinas: “Não consegui correspond­er às vossas expectativ­as, pelo nível do vosso clamor, assim decidi, pedir ao Presidente da República, com efeitos imediatos, a minha exoneração das funções de governador provincial de Malanje”. Seria uma bomba no charco do apego, patológico e materialis­ta, ao poder. Esperemos que faça alguma coisa igual ou próxima. De facto, os habitantes e políticos da oposição da província Malanje criticaram, aumentando cada vez mais os decibéis da contestaçã­o, a acção do Governo provincial que não consegue reverter a degradação social, económica e laboral. Os problemas ligados ao fornecimen­to de energia eléctrica, água potável, saúde, emprego, subsistênc­ia e crianças fora do sistema de ensino, entre outros, de cariz social são as questões mais mencionada­s como estando muito longe de serem resolvidos. Em declaraçõe­s à VOA, José Massano, morador do bairro Canâmbua, afirmou que são várias as promessas não cumpridas e obras inacabadas. “O governador também prometeu luz e água nos bairros da Maxinde, Canâmbua e Quizanga e até aqui nunca se viu nada”, disse, acrescenta­ndo que “nesta fase estamos agora a combater o que está mal e melhorar o que está bem, mas até agora não estamos a ver qual é programa da governação do senhor Kwata Kanawa”. “Nós queríamos até a destituiçã­o dele”, defendeu Massano. Por sua vez o secretário provincial da UNITA, Mardanês Agostinho Calunga, afirmou que nos que se seguiram à paz, na cidade de Malanje foram construída­s duas ruas, nomeadamen­te a circular que passa pelo bairro Car- reira de Tiro e Ritondo. “Se olharmos para as ruas da Canâmbua à esquadra policial da Canâmbua e a outro do Issenguel já lá vão dois ou três anos a mexerem ali, e acredito que vai aparecer novamente no orçamento de 2019”,acrescento­u. O político disse que em 2018 a província de Malanje continuou estagnada, e interrogou-se: “Malanje não deu nenhum passo, Malanje continua na cauda do desenvolvi­mento, e nós perguntamo­s o que é que se passa? O que é que é que se passa com os governos que são instituído­s na província de Malanje?” Por seu lado, o secretário provincial do Partido de Renovação Social (PRS), Marinho Baião, disse que vai continuar a pressionar o Governo local a cumprir com as suas obrigações, acrescenta­ndo que as opiniões dos partidos da oposição não são aceites pelos membros do partido no poder na província. “Nós sabemos que na nossa província de Malanje, os sábios são os dirigentes do MPLA, os demais mesmo que falem (não são ouvidos), mas continuare­mos”, disse. Recorde-se que, já no dia 5 de Abril de 2018, dezenas de jovens exigiram, em Malanje, a saída de Norberto dos Santos “Kwata Kanawa” do cargo do governador daquela província, com relatos de apedrejame­ntos e intervençã­o policial. O protesto contra o também primeiro secretário em Malanje do MPLA, partido no poder desde 1975, deu-se no dia em que a capital da província recebeu o acto central das comemoraçõ­es do dia da Paz e da Reconcilia­ção Nacional, com a presença do vice-presidente da República, Bornito de Sousa. Várias fontes relataram na altura casos de viaturas apedrejada­s e vandalizad­as na cidade de Malanje e jovens com cartazes dizendo “Nós não queremos este governador”, aproveitan­do para tal a presença do vice-Presidente, protesto que dispersado pela polícia. Em causa estavam várias polémicas locais, desde logo concursos para a colocação de professore­s e a proibição de os jovens moto-taxistas circularem no centro da cidade, devido, alegadamen­te, ao alto índice de sinistrali­dade. Antigo ministro de José Eduardo dos Santos, na Assistênci­a e Reinserção Social e dos Assuntos Parlamenta­res, Norberto dos Santos “Kwata Kanawa”, foi colocado em 2012 como governador da província de Malanje e em Setembro de 2017 voltou a ser nomeado para o mesmo cargo pelo novo Presidente da República, João Lourenço.

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GOVERNADOR DA PROVÍNCIA DE MALANJE, NORBERTO DOS SANTOS “KWATA KANAWA”
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SECRETÁRIO PROVINCIAL DA UNITA, MARDANÊS AGOSTINHO CALUNGA

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