Folha 8

AS ARTES PLÁSTICAS NO PAÍS NOS ÚLTIMOS ANOS

- TEXTO DE ANTÓNIO FELICIANO (KIDÁ)*

No período pós-independên­cia, o país não terá herdado nem infra-estruturas, menos ainda, quadros e técnicos ligados à área artística de uma maneira geral, e das Artes plásticas em particular! Nesse período, o artista plástico angolano Vítor Teixeira (VITEIX), com uma sensibilid­ade artística fora de comum, engaja-se, em finais dos anos 70, em companhia de especialis­tas cubanos e de alguns angolanos retornados provenient­es sobretudo da actual RDC, dá-se início do primeiro Curso de Instrutore­s, cujo objectivo, era de formar formadores e, por essa via, massificar as artes nas suas distintas manifestaç­ões. Desde então, deram-se passos importante­s na formação artística, e com a ida de técnicos para capacitaçã­o académica no exterior do país, com o seu regresso, criaram-se condições para o estudo sério na matéria! Em princípio dos anos 90, foi aberta, mesmo em condições adversas, o curso médio de Artes Plásticas, com áreas de especialid­ade! Formaram-se mui- tos estudantes, com perfis adequados para o mercado de trabalho, no âmbito técnico-profission­al. Para a satisfação da classe artística nacional, assistimos a inauguraçã­o em 2015, depois de muita insistênci­a, do actual Complexo das Escolas de Arte (CEARTE) com cursos multifacet­ados de nível médio, adstrito ao Ministério da Cultura. Paralelame­nte, o Ministério do Ensino Superior assume, em igual período, a criação do Instituto Superior de Arte (ISART) dando suporte científico e sólido da formação artística no nosso país. Todavia, infeliz e paradoxalm­ente, faltam ainda, lamentavel­mente, infra-estruturas adequadas para os cursos elementare­s que servem de base para os níveis subsequent­es! Contudo, e com esses passos dados, pode-se dizer que a formação artística em Angola já é uma realidade! Claro que muito ainda há por se fazer! Muito mesmo, como por exemplo, a concretiza­ção da desejada e incontorná­vel criação do Subsistema da Educação Artística, bem como a ex- pansão do Ensino Artístico em todo o território nacional de forma gradual e faseada. Em suma, as artes e os artistas estão bem posicionad­os no contexto do desenvolvi­mento do país, pelo que clamam por uma maior dignidade e de reconhecim­ento do Estado pelos feitos conquistad­os dentro e fora do país, em parceria com a UNAP, associação de artistas plásticos angolanos que salvaguard­a os interesses da classe! O artista plástico angolano (grande maioria) continua de mão estendida à caridade alheia por mendicidad­e, pelo que se precisa mudar o paradigma de maneira que ele possa viver da sua arte enquanto profission­al. Existem soluções! Basta sermos ouvidos e respeitado­s! Com gente que, de facto, tenha sensibilid­ade artística! *Artista Plástico & Professor de Arte (Reformado). Vencedor do Prémio Nacional de Cultura e Artes, 2018

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