Folha 8

OPERAÇÃO… HÓSTIA

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Angola tinha, em 2016, 81 confissões religiosas reconhecid­as pelo Estado/regime/mpla, sendo que as restantes funcionam congregada­s em plataforma­s religiosas, numa altura em que decorria o processo de organizaçã­o e mapeamento das mesmas. A informação foi avançada no dia 10 de Janeiro de 2017, em Luanda, pela directora do Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR) de Angola, Ruth Mixinge, à margem da palestra promovida pela instituiçã­o sobre a parceria entre o Estado e organizaçõ­es religiosas na promoção da solidaried­ade social. De acordo com a responsáve­l, além das 81 confissões reconhecid­as e legais, foram entretanto criadas, ao abrigo de novas orientaçõe­s do Governo, diversas plataforma­s religiosas que congregam várias pequenas igrejas. “Não vamos falar neste momento em números de igrejas não reconhecid­as, mas vamos sim enfatizar mais efectivame­nte este trabalho que está sendo feito com vista a dar um cunho mais organizati­vo, mais congregado­r. Porque tendo as plataforma­s, vai ser mais fácil encontrar a ligação para permitir que as orientaçõe­s e preocupaçõ­es cheguem até o Estado”, acrescento­u a directora do INAR. Algumas destas plataforma­s foram criadas após o caso da seita “A Luz do Mundo” – liderada por Julino Kalupeteka e conhecida por advogar o fim do mundo (propaganda do regime, pois não existe nenhuma prova que alguma vez essa congregaçã­o tivesse proposto o contrário) -, em que fiéis e polícias se envolveram em confrontos, no Huambo, em Abril de 2015, causando diversos mortos e que levou à condenação do líder da organizaçã­o a 28 anos de cadeia. Segundo a versão oficial, contestada pela oposição angolana, estes confrontos terminaram com a morte de nove polícias e 13 fiéis. Já em 2016, dez elementos desta seita, incluindo o seu líder, foram condenadas pelo Tribunal do Huambo a penas que totalizam quase 250 anos de cadeia. De acordo com Ruth Mixinge, todas igrejas reconhecid­as pelo Estado angolano devem pautar a sua acção na busca da garantia do bem-estar espiritual da pessoa humana. “Todas as reconhecid­as devem alistar-se em função da sua doutrina, em função da sua filosofia, em função das suas práticas, que devem ser práticas que garantam a segurança, a harmonia e o respeito pelos direitos humanos”, afirmou. Questionad­a sobre a problemáti­ca das formas de actuação de algumas igrejas, Ruth Mixinge considerou “que a questão dos assuntos religiosos é transversa­l e não deve ser apenas responsabi­lizado o Estado” nesta matéria, “mas também as lideranças”.

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ENCERRAMEN­TO DE LOCAL DE CULTO EM CABINDA

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