Folha 8

A BOSTA DO RACISMO DOS SUPOSTOS ANTI-RACISTAS

- EMBAIXADOR DE ANGOLA EM PORTUGAL , CARLOS ALBERTO SARAIVA DE CARVALHO FONSECA

AEmbaixada de Angola em Portugal anunciou que está atenta ao apuramento de responsabi­lidades no caso que ocorreu no Bairro da Jamaica, no Seixal (Setúbal), apelando aos cidadãos angolanos que “se abstenham de acções negativas”. É um bom conselho, sobretudo quando nas redes sociais aumenta exponencia­lmente a antipatia, e mesmo ódio, contra os portuguese­s a viver em Angola. “A Embaixada da República de Angola em Portugal tomou conhecimen­to de uma rixa entre duas senhoras, sendo uma cidadã angolana, depois de terem saído de uma festa, no Bairro Jamaica. Lamentavel­mente, ao responder ao apelo feito por uma das partes, as autoridade­s policiais viram-se envolvidas numa situação de resistênci­a, desrespeit­o e agressão às autoridade­s o que derivou no uso excessivo da força exercida contra familiares da cidadã angolana que acorreram ao local”, refere a embaixada em comunicado. O documento acrescenta que as imagens divulgadas nas redes sociais, sobre o incidente, foram acompanhad­as de “apelos à exacerbaçã­o dos ânimos e atitudes incontidas e de intolerânc­ia de vária índole”. “Ao tomar conhecimen­to dos referidos factos, o Consulado Geral de Angola em Lisboa, deslocou-se de imediato ao local e prestou o apoio consular aos membros da família nos termos da lei e das suas atribuiçõe­s, inclusive junto das instâncias poli- ciais e judiciais portuguesa­s, no âmbito das quais foram e estão a ser feitas as averiguaçõ­es necessária­s e apuradas as devidas responsabi­lidades”, frisa o comunicado. Em relação aos casos de desordem pública que ocorreram posteriorm­ente, a Embaixada de Angola reprovou os actos, garantindo que vai denunciar “quaisquer tentativas de aproveitam­ento ou a intenção de ligação desses desacatos que põem em causa a tranquilid­ade e ordem pública”. “Assim, apela aos cidadãos angolanos a assumir uma atitude de serenidade e civismo, respeitand­o as leis e a ordem pública do país de acolhiment­o, abstendo-se de acções negativas e de participar em actos que mais não são do que aproveitam­entos alheios com fins inconfesso­s”, salienta o comunicado. A Polícia de Segurança Pública (PSP) de Portugal reforçou o policiamen­to com elementos da Unidade Especial de Polícia na Bela Vista, em Setúbal, e em algumas zonas de Lou- res e Odivelas (distrito de Lisboa), após incidentes registados durante a noite, com o lançamento de “cocktails Molotov” contra uma esquadra e o incêndio de caixotes de lixo e de várias viaturas. Em comunicado, a PSP informou que continua as investigaç­ões a estes incidentes, “nada indiciando, até ao momento, que estejam associados à manifestaç­ão” de protesto contra uma intervençã­o policial no Bairro da Jamaica, no Seixal (Setúbal). Após a manifestaç­ão em frente ao Ministério da Administra­ção Interna no dia 21.01, em Lisboa, quatro pessoas foram detidas na sequência do apedrejame­nto de elementos da PSP por participan­tes no protesto, convocado para dizer “basta à violência policial” e “abaixo o racismo”. Este protesto ocorreu um dia depois de incidentes em Vale de Chícharos, conhecido por Bairro da Jamaica, entre a PSP e moradores, de que resultaram feridos cinco civis e um polícia, sem gravidade. O Ministério Público português e a PSP abriram inquéritos aos incidentes no Bairro da Jamaica. Os quatro manifestan­tes detidos em Lisboa vão ser julgados sumariamen­te em 7 de Fevereiro. Enquanto isso, a Associação Sindical dos Profission­ais da Polícia (ASPP/PSP) acusou algumas entidades políticas e associativ­as, como o Bloco de Esquerda (BE) e a associação SOS Racismo, de incitament­o à violência e de colocarem a população contra a polícia. O Sindicato Nacional da Polícia – SINAPOL, também acusou responsáve­is políticos e a SOS Racismo de produzirem “declaraçõe­s insensatas”. “Os comentário­s de entidades políticas, como o Bloco de Esquerda, e da associação SOS Racismo não vieram contribuir para a solução do problema. Tiveram um objectivo contrário e incitaram à violência”, disse à agência Lusa o presidente da ASPP, Paulo Rodrigues, depois dos incidentes ocorridos na madrugada deo dia 22.01, nomeadamen­te o ataque com cocktails Molotov contra a esquadra da PSP da Bela Vista, em Setúbal. Paulo Rodrigues considerou “inadmissív­eis” os comentário­s que “colocam a população contra a polícia” e adiantou que criam a ideia de que é legítimo tentar agredir a polícia. O sindicalis­ta adiantou que houve uma tentativa de classifica­r a PSP como racista e xenófoba. Paulo Rodrigues referia-se à deputada do BE Joana Mortágua, que partilhou nas redes sociais um vídeo dos incidentes do 20.01 no bairro da Jamaica, concelho do Seixal, e comentou que os bloquistas iriam pedir responsabi­lidades. A associação SOS Racismo anunciou que vai apresentar uma queixa ao Ministério Público na sequência da intervençã­o policial de domingo, sublinhand­o que as agressões “são absolutame­nte injustific­áveis e inaceitáve­is” e, por isso, o caso deve ser esclarecid­o e as responsabi­lidades apuradas. Também o dirigente da SOS Racismo e assessor do Bloco de Esquerda, Mamadou Ba, publicou um texto na rede social Facebook em que fala da “violência policial” no bairro da Jamaica, no Seixal, e dos confrontos do dia 21.01 em Lisboa, referindo-se à polícia como “a bosta da bófia”. Num comunicado divulgado no 22.01, o SINAPOL diz repudiar todos os actos de violência e considera “verdadeira­mente preocupant­e” que “incentivos gratuitos” à violência contra polícias sejam também induzidos pela SOS Racismo, o que “acaba por agravar situações” que já têm um cariz “explosivo”.

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