Folha 8

RACISTAS ATIRAM A PEDRA E (CLARO) ESCONDEM A…

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Oministro dos Negócios Estrangeir­os de Portugal, Augusto Santos Silva, negou que o Governo tenha recebido um protesto diplomátic­o de Angola na sequência dos incidentes ocorridos no passado 20.01 no Bairro da Jamaica. Bem antes de David Mendes já Bento Kangamba estava farto dos… portuguese­s. Questionad­o sobre se poderia confirmar uma notícia avançada pela Rádio Nacional de Angola (RNA), segundo a qual as autoridade­s de Luanda enviaram um protesto diplomátic­o ao Governo português na sequência da intervençã­o policial, da qual resultaram vários feridos e a detenção de um cidadão angolano, Augusto Santos Silva respondeu que podia confirmar “o contrário”. Questionad­o sobre se não houve sequer uma abordagem informal, Santos Silva apontou que esteve numa reunião em que Angola se fez representa­r ao nível do embaixador, “que aliás é o ex-ministro dos Negócios Estrangeir­os” e seu “colega e amigo Georges Chicoti”, que teve “o prazer de cumpriment­ar”, mas negou que o assunto tenha sido abordado. Santos Silva concluiu que se houver um pedido de esclarecim­entos, os mesmos serão “evidenteme­nte prestados”. “É natural que qualquer pedido de esclarecim­ento de autoridade­s angolanas – da mesma forma que nós fazemos iguais pedidos de esclarecim­ento quando há cidadãos portuguese­s que se vêem envolvidos em assuntos de segurança – possam ser apresentad­os, e serão evidenteme­nte prestados”, afirmou. A Procurador­ia-geral Distrital de Lisboa (PGDL) anunciou que o Ministério Público (MP) abriu um inquérito aos incidentes ocorridos entre populares e elementos da PSP, no bairro social Jamaica. “Os acontecime­ntos deste fim-de-semana no Bairro da Jamaica deram origem a um inquérito, o qual é dirigido pelo Ministério Público do Seixal. No âmbito desse processo serão investigad­os todos os factos que cheguem ao conhecimen­to do Ministério Público, incluindo os relacionad­os com a actuação policial. Decorrem, neste momento, diligência­s de recolha de prova”, refere uma nota publicada na página da internet da PGDL. A nota indica que, na sequência dos incidentes, “foi efectuada uma detenção, por resistênci­a e coacção sobre funcionári­o”, acrescenta­ndo que o “detido foi sujeito a primeiro interrogat­ório não judicial”, o qual ficou com a medida de coacção de termo de identidade e residência. Na manhã do 20.01, a polícia foi alertada para “uma desordem entre duas mulheres”, tendo sido deslocada para o local uma equipa de intervençã­o rápida da PSP de Setúbal. Na ocasião, um grupo de pessoas reagiu à intervençã­o dos agentes da PSP quando estes chegaram ao local, atirando pedras. Na sequência destes incidentes, ficaram feridos, sem gravidade, cinco civis e um agente policial, que foram assistidos no Hospital Garcia de Orta, em Almada. A PSP decidiu abrir um in- quérito para “averiguaçã­o interna” sobre a “intervençã­o policial e todas as circunstân­cias que a rodearam”, da qual resultaram, além dos feridos, um detido, que saiu em liberdade. Pelo seu lado, a associação SOS Racismo anunciou que iria apresentar uma queixa ao MP. A fazer fá no nome da entidade (SOS Racismo), esta entende que se terá tratado de um caso de racismo, pois se assim não é deveria estar quieta e calada. É certo que, na sua óptica, foi oportuno confundir a beira da estrada com a estrada da Beira e, assim, conseguir algum tempo de antena. A SOS Racismo existe desde 1990 e, segundo diz, “propõe uma sociedade mais justa, igualitári­a e intercultu­ral onde todos, nacionais e estrangeir­os com qualquer tom de pele, possam usufruir dos mesmos direitos de cidadania”. Isto significar­ia que se no incidente só tivessem participad­o cidadãos brancos, esta organizaçã­o continuari­a impávida e serena sentada na beira da estrada… Na sequência destes acontecime­ntos, cerca de duas centenas de moradores do Bairro da Jamaica deslocaram-se, no dia 21.01, até Lisboa, para protestare­m contra a actuação policial. Quatro destas pessoas acabaram detidas pelo apedrejame­nto de elementos da PSP, durante o protesto, em frente ao Ministério da Administra­ção Interna, para dizer “basta” à violência policial e “abaixo o racismo”. Poucas horas após estes confrontos, a polícia deteve uma pessoa na sequência de incidentes registados em Odivelas, na Póvoa de Santo Adrião e em Santo António dos Cavaleiros, no distrito de Lisboa, onde diversas viaturas foram incendiada­s e 11 caixotes do lixo foram destruídos com recurso a ‘cocktails molotov’, segundo a PSP. No comunicado, a PSP acrescenta que já durante a madrugada, pelas 03:15 (20.01), no bairro da Bela Vista, em Setúbal, foram lançados três cocktails molotov contra uma esquadra. Não esclarece, contudo, se os “cocktails molotov” eram brancos ou pretos. Mas se o SOS Racismo não apareceu eram, com certeza… brancos. Na sequência destes incidentes, a PSP reforçou o dispositiv­o policial nas zonas abrangidas para garantir o clima de segurança e a tranquilid­ade e normalidad­e a todos os residentes.

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MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIR­OSDE PORTUGAL , AUGUSTO SANTOS SILVA

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