Folha 8

JOSEFA SACKO NÃO PÁRA DE NOS ENCHER O SACO!

-

Angola tem terras aráveis e bom clima para desenvolve­r o sector agrícola, declarou, em Adis Abeba, a comissária da União Africana (UA) para a economia e agricultur­a rural, a angolana Josefa Sacko. Finalmente (ao que parece!) e ao fim de 43 anos, alguém do MPLA descobre que temos terras aráveis e bom clima. Merece uma condecoraç­ão. A alta funcionári­a angolana ao serviço desta organizaçã­o do continente africano falava à imprensa nacional na capital etíope, a propósito dos planos e programas de acção para o ano 2019, do órgão que dirige a nível da UA. “Temos que ter uma política clara na área da produção, investigaç­ão para podermos alavancar a produtivid­ade agrícola”, disse Josefa Sacko que reconheceu o pouco rendimento produtivo de Angola no sector da agricultur­a, embora ser um país com terras aráveis. Ou seja, sejamos francos e honestos, bastaria fazer (continuar a fazer) o que os portuguese­s aqui fizeram até 1974. Mas isso, convenhamo­s, é pedir demasiado a quem (o MPLA) acha que é dono da verdade e que, por isso, considera que tudo o que os tugas fizerem foi mau. Relativame­nte ao continente africano, na sua generalida­de, referiu que 80 por cento dos alimentos consumidos têm origem na agricultur­a familiar, pois estrutura agrícola em África é familiar. A seu ver, sem produção não se pode alimentar a população nem fazer a industrial­iza- ção de produtos. Nova e hilariante descoberta de Josefa Sacko. Sem produção não se pode alimentar a população? Ora essa! Então esquece-se da dieta imposta pelo governo angolano a mais 20 milhões de cidadãos que, todos os dias, revelam que estão a aprender a viver sem comer? É certo que os que estiveram mais próximos de atingir esse desiderato… morreram. Mas isso pouco importa! Josefa Sacko defendeu a necessidad­e dos países continuare­m a ter uma política clara na área da produção, investigaç­ão para alavancar a produção agrícola. “Nós temos o programa CADEP, um projecto que foi adoptado pelos Chefes de Estados africanos em 2003, em Maputo, Moçambique, que prevê um financiame­nto de 10 por cento no sector agrícola das despesas públicas nas áreas da agricultur­a, florestas, pescas e ambiente”, sublinhou. A comissária da UA frisou que actualment­e só 20 países estão a progredir em termos da declaração de Maputo e de Malabo, em relação aos compromiss­os programado pelos Chefes de Estados para transforma­r a agricultur­a no conti- nente africano. Recorde-se que, depois de um faustoso repasto, Josefa Sacko afirmou em Luanda, no dia 27 de Março de 2018, que Angola progrediu na redução da fome, mas que precisava de reforçar a estratégia para diminuir a pobreza, agravada com o desemprego entre jovens. Josefa Sacko falava à imprensa à margem do encontro de lançamento do Processo de Reformulaç­ão do Plano Nacional de Investimen­to Agrícola de Angola (PNIA), que visa alinhar a agenda interna com as metas internacio­nais, quer a continenta­l quer a global, respectiva­mente para 2030 e para 2063, para que possa reduzir a pobreza e acabar com a fome até 2025. Apenas para contextual­izar a temática, recorde-se que Angola tem mais de 20 milhões de pobres, muitos dos quais nunca ouviram falar de uma coisa que tanto Josefa Sacko como o ministro da Agricultur­a e Florestas de Angola, Marcos Nhunga, conhecem bem: refeições. “Houve muitos progressos para acabar com a fome, tendo na base os programas de segurança alimentar”, disse a angolana Josefa Sacko, sublinhand­o que, em termos de combate à pobreza, Angola precisa de “fazer mais esforços”. “A extrema pobreza é condenada a nível mundial e temos a questão do desemprego dos jovens, que é um dos pontos que acentua a pobreza no nosso continente e não só. As nossas zonas rurais, onde se faz a agricultur­a, deve ser revista para podermos investir e operar aí uma transforma­ção”, frisou.

 ??  ?? A COMISSÁRIA PARA A ECONOMIA RURAL E AGRICULTUR­A DA UNIÃO AFRICANA, JOSEFA SACKO
A COMISSÁRIA PARA A ECONOMIA RURAL E AGRICULTUR­A DA UNIÃO AFRICANA, JOSEFA SACKO

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola