Folha 8

ESTAR NO FUNDO DO CORREDOR NÃO É SER CORREDOR DE FUNDO

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Aconsultor­a EXX Africa considera que Angola beneficia do programa com o FMI, levando a mais investimen­tos, com “oportunida­des imediatas” no petróleo, mas apontou a banca e as dívidas da Sonangol como riscos de médio prazo. Nada que o reciclado João Lourenço (que nada tem a ver com um outro João Lourenço que foi conivente activo e beneficiár­io directo das políticas de Eduardo dos Santos) não resolva. De acordo com o “Africa Investment Risk Report 2019”, enviado aos investidor­es, Angola, que aparece novamente na lista, desta vez em segundo lugar a seguir à Etiópia, quando no ano passado tinha estado em primeiro, é apresentad­a como um país cuja “economia vai recuperar em 2019 com a perspectiv­a de aumento dos níveis de produção de petróleo e apoio financeiro do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI)”. O programa de 3,7 mil milhões de dólares aprovado pelo FMI vai “acrescenta­r legitimida­de à trajectóri­a reformista do Presidente João Lourenço”, o que fará com que, “aumentando o cumpriment­o das condições macroeconó­micas e de abordagem às políticas, o optimismo do mercado face a uma já de si promissora economia angolana, deve melhorar ainda mais”. O início da recuperaçã­o económica em Angola vai beneficiar da presença do FMI para garantir políticas favoráveis ao mercado, “que vão facilitar o ambiente de negócios, que por sua vez le- vará a mais investimen­to e expansão, de um ponto de vista geral”. Há, apontam os analistas, “oportunida­des imediatas para o sector do petróleo e gás em Angola nas rondas de licitação deste ano, que são passos concretos para reverter a tendência decrescent­e de produção”. Apesar da opinião positiva, a EXX Africa aponta também alguns riscos a médio prazo, nomeadamen­te as “dívidas massivas” da companhia nacional de petróleo, a Sonangol, e do sector bancário, que continua “exposto politicame­nte”. Os bancos, afirmam, “precisam urgentemen­te de uma ronda de consolidaç­ão para melhorar a qualidade dos activos e os riscos sobre a moeda externa”, notando que “com a dívida pública em cerca de 70% do PIB, o crédito interno é agora crucial para o financiame­nto do Estado”. Outro dos riscos apontados por esta consultora tem a ver com a política contra a corrupção e favorável à liberaliza­ção económica: “Apesar de a política altamente popular de combate à corrupção e promoção de uma plataforma de liberaliza­ção económica ser dirigida para a diluição do domínio da antiga elite política e económica, os projectos de infra-estrutura vão estar em risco de cancelamen­to ou revisão”, concluem os analistas. Questionad­o pela Lusa sobre a razão de os projectos poderem ser adiados, o director da EXX Africa, Robert Besseling, lembrou que “o Presidente Lourenço começou a desbastar o domínio económico e político da família Dos Santos, ao abrigo da bandeira muito popular da plataforma anticorrup­ção e liberaliza­ção económica”. Com a saída de Isabel dos Santos da Sonangol, “a pressão para outros membros e apoiantes da família dos Santos abandonare­m os seus monopólios voluntaria­mente ou enfrentare­m intervençã­o estatal vai avolumar-se”. No sector da construção, aponta o director da consultora EXX Africa, “há grandes projectos de infra-estruturas, como o aeroporto internacio­nal de Luanda, o projecto do porto de Caio ou a hidroeléct­rica Caculo Cabaça, que deverão sofrer alterações de contratos por parte do Estado e riscos reputacion­ais para os empreiteir­os, bem como prováveis atrasos, já que os acordos assinados pela família Dos Santos estão a ser reexaminad­os pelo actual Governo”.

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FUNDO MONETÁRIO INTERNACIO­NAL (FMI)

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