MILICIANO PODE FAZER ACORDO DE DELAÇÃO PREMIADA
Omajor da Polícia Militar (PM) Ronald Paulo Alves Pereira, miliciano apontado como segundo na hierarquia do “Escritório do Crime”, pode fazer acordo de delação premiada e entregar toda a organização criminosa da qual faz parte; o chefe da organização, Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-capitão Bope, foragido, e suspeito de ser o assassino de Marielle Franco e de Anderson Gomes; o ex-capitão é ligado intimamente ao clã Bolsonaro - a sua mãe e esposa trabalharam por anos no gabinete de Flávio Bolsonaro e integravam o esquema do clã operado por Fabrício Queiroz. Segundo o jornal “O Globo”, Ronald está pressionado por ser réu em um júri popular marcado para Abril no qual responderá pelo assassinato de quatro jovens na saída da antiga casa noturna Via Show. A reportagem dos jornalistas Chico Otavio e Vera Araújo faz um relato impressionante da prisão do major e da abordagem que foi feita: “Às 6h (22.01) quando entrou na casa do oficial, a promotora Letícia Emili Alqueres Petriz, do “Grupo de Actuação Especial de Combate ao Crime Organizado” (Gaeco), lhe fez logo a pergunta: ‘O que você tem a dizer sobre o assassinato de Marielle?’. Quem assistiu à cena conta que Ronald - apontado como o segundo na hierarquia da quadrilha - ‘parecia uma pedra’”, De acordo com os promotores, pode receber o benefício da delação premiada se ajudar a polícia a esclarecer alguns crimes. Entre eles, o assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes. A reportagem acrescenta que “a milícia de Rio das Pedras, que também actua em outras comunidades da Zona Oeste, como a Muzema, é acusada de explorar um mercado imobiliário clandestino, de cobrar taxa de segurança — chamada por seus integrantes de “eu te protejo de mim mesmo” — e de praticar homicídios, se- questros e torturas. O “Escritório do Crime” é um grupo de matadores profissionais suspeito de envolvimento em várias execuções, no estilo do Esquadrão da Morte surgiu nos fim dos anos 1960 no antigo Estado da Guanabara (actual Rio de Janeiro) e espalhou-se por diversas cidades do país A reportagem de “O Globo” ainda afirma: “Uma das organizações criminosas mais temidas do Rio, o “Escritório do Crime” pode estar por trás do caso Marielle. O crime, com sinais de que foi cuidadosamente planeado e executado de forma profissional, teria sido encomendado ao grupo de matadores de aluguer, integrado por policiais no activo e da reserva. Eles prestariam serviços para o crime organizado, inclusive para a contravenção. A ligação desses policiais com o meio político, que, desde os anos 1990, é alcançado pelos braços da milícia, também está no escopo das investigações do Ministério Público estadual e da Polícia Civil.”