Folha 8

MILICIANO PODE FAZER ACORDO DE DELAÇÃO PREMIADA

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Omajor da Polícia Militar (PM) Ronald Paulo Alves Pereira, miliciano apontado como segundo na hierarquia do “Escritório do Crime”, pode fazer acordo de delação premiada e entregar toda a organizaçã­o criminosa da qual faz parte; o chefe da organizaçã­o, Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-capitão Bope, foragido, e suspeito de ser o assassino de Marielle Franco e de Anderson Gomes; o ex-capitão é ligado intimament­e ao clã Bolsonaro - a sua mãe e esposa trabalhara­m por anos no gabinete de Flávio Bolsonaro e integravam o esquema do clã operado por Fabrício Queiroz. Segundo o jornal “O Globo”, Ronald está pressionad­o por ser réu em um júri popular marcado para Abril no qual responderá pelo assassinat­o de quatro jovens na saída da antiga casa noturna Via Show. A reportagem dos jornalista­s Chico Otavio e Vera Araújo faz um relato impression­ante da prisão do major e da abordagem que foi feita: “Às 6h (22.01) quando entrou na casa do oficial, a promotora Letícia Emili Alqueres Petriz, do “Grupo de Actuação Especial de Combate ao Crime Organizado” (Gaeco), lhe fez logo a pergunta: ‘O que você tem a dizer sobre o assassinat­o de Marielle?’. Quem assistiu à cena conta que Ronald - apontado como o segundo na hierarquia da quadrilha - ‘parecia uma pedra’”, De acordo com os promotores, pode receber o benefício da delação premiada se ajudar a polícia a esclarecer alguns crimes. Entre eles, o assassinat­o de Marielle e do motorista Anderson Gomes. A reportagem acrescenta que “a milícia de Rio das Pedras, que também actua em outras comunidade­s da Zona Oeste, como a Muzema, é acusada de explorar um mercado imobiliári­o clandestin­o, de cobrar taxa de segurança — chamada por seus integrante­s de “eu te protejo de mim mesmo” — e de praticar homicídios, se- questros e torturas. O “Escritório do Crime” é um grupo de matadores profission­ais suspeito de envolvimen­to em várias execuções, no estilo do Esquadrão da Morte surgiu nos fim dos anos 1960 no antigo Estado da Guanabara (actual Rio de Janeiro) e espalhou-se por diversas cidades do país A reportagem de “O Globo” ainda afirma: “Uma das organizaçõ­es criminosas mais temidas do Rio, o “Escritório do Crime” pode estar por trás do caso Marielle. O crime, com sinais de que foi cuidadosam­ente planeado e executado de forma profission­al, teria sido encomendad­o ao grupo de matadores de aluguer, integrado por policiais no activo e da reserva. Eles prestariam serviços para o crime organizado, inclusive para a contravenç­ão. A ligação desses policiais com o meio político, que, desde os anos 1990, é alcançado pelos braços da milícia, também está no escopo das investigaç­ões do Ministério Público estadual e da Polícia Civil.”

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