Folha 8

DÍVIDA EM ALTA

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O FMI considerou também que a dívida pública de Angola ficou nos 91% face ao Produto Interno Bruto no ano passado, consideran­do que este valor é sustentáve­l desde que não existam grandes choques na economia.

“Apesar de um aumento projectado para 2019, a dívida de Angola é considerad­a sustentáve­l, mas com pouco espaço de manobra para grandes choques”, lê-se na análise detalhada do FMI à primeira revisão do programa de assistênci­a. “O rácio de dívida face ao PIB para 2019, nos 91%, é cerca de 12% do PIB mais elevado que no programa inicial”, acrescenta­m os técnicos do Fundo, num relatório que explica que “este aumento é principalm­ente explicado pelo PIB nominal mais baixo, endividame­nto adicional para fechar as lacunas de financiame­nto do orçamento e depreciaçã­o da moeda”.

O FMI, de resto, assume que os rácios que medem a dívida pública face ao PIB e os que medem o custo de servir a dívida face às receitas “vão continuar altos durante o programa”, avisando que isto “deixa pouco espaço para acomodar grandes choques ou endividame­nto que vá para além das projecções do programa”.

Ainda assim, concluem os técnicos do FMI nesta análise detalhada da primeira parte de implementa­ção do programa de ajustament­o, “as autoridade­s ainda teriam algumas opções para ajudar a mitigar o impacto de curto prazo num cenário mais negativo, incluindo usar as reservas em dinheiro, pedir um adiantamen­to ao Banco Nacional de Angola ( dentro do limite do programa), e reduzir as despesas”.

O relatório sobre a primeira avaliação do FMI ao acordo com Angola é elogioso para com o Governo, consideran­do que estão a ser cumpridas a maior parte das metas e, as que não foram cumpridas, estão devidament­e justificad­as. No que diz respeito à parte da dívida, o FMI diz que “a estrita implementa­ção do programa e o endividame­nto prudente vão ajudar a preservar a sustentabi­lidade da dívida” e acrescenta que o Governo não contraiu mais empréstimo­s dando o petróleo como garantia desde que começou o programa de apoio financeiro no valor de 3,7 mil milhões de dólares. Ainda assim, a exposição à moeda externa “continua a ser um risco para a sustentabi­lidade da dívida”, diz o FMI, vincando que a estratégia do executivo para reduzir esta vulnerabil­idade visa “uma mudança gradual para a dívida interna”.

Os técnicos do Fundo recomendam que o Governo faça “um esforço extra para fortalecer a sustentabi­lidade da dívida”, apontando como exemplos: “controlar o endividame­nto das empresas públicas, avançar rapidament­e com o programa de privatizaç­ões, reduzir a emissão de garantias soberanas em nome, quer das empresas públicas, quer do sector privado, implementa­r um plano de reestrutur­ação dos bancos públicos que minimize o custo orçamental, e procurar apoio bilateral oficial para ajudar a complement­ar o programa de financiame­nto e reduzir a dependênci­a dos dispendios­os empréstimo­s comerciais”.

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