EXPO ARTES PLÁSTICAS NA KULTURHUSET, SUÉCIA - 30 ANOS DEPOIS
Foi exactamente a 30 anos, que a história pode registar, como efeméride, o grande feito pelo facto de Angola ter participado, com êxito, numa das maiores exposições de Artes Plásticas realizadas na Europa, mais precisamente em Estocolmo, capital da Suécia, isso em finais dos anos 1980 do século passado.
Aexposição denominada “Art/images in Southern Africa” (Arte e Imagens da África Austral), foi promovida pela “KULTURHUSET” (Casa de Cultura de Estocolmo), e teve lugar de 19 de Maio a 24 de Setembro de 1989 nessa capital escandinava.
Para a participação na referida exposição, a organização, escolheu precisamente 4 países da região austral de África, nomeadamente Angola, Moçambique, África do Sul e Zimbabwe.
Dos países escolhidos, os organizadores do evento, adoptaram uma metodologia criteriosa e bastante rigorosa em relação aos artistas que deveriam participar pessoalmente com as respectivas obras ao certame. Para o efeito, enviaram, (por exemplo para Angola), as curadoras de Arte Kerstin Danielsson e Christina Björk, cuja missão foi a de constatar ‘in loco’, a situação dos vários artistas (particularmente os de Luanda), com visitas personalizadas nos distintos ateliês e espaços de trabalho, bem como a apreciação das obras produzidas.
Dessa apreciação com pendor “avaliativo” do ponto de vista técnico das obras, não tardou o convite formal e oficial da organização aos ‘’ contemplados’ à participação ao referido evento.
Contudo, e de acordo ao critério participativo, a organização sueca entendeu levar, por cada país participante, 4 artistas plásti
cos em representação da Região Austral africana. Nesse âmbito, por Angola, foram seleccionados, por mérito, os artistas Vitor Teixeira (VITEIX), pintor, António Ole, pintor, Francisco Van-dúnem (VAN), pintor, e António Feliciano Dias dos Santos (KIDÁ), gravurista. Por Moçambique, foram selecionados os artistas Isabel Martins, pintora, Victor Mondlane, pintor, Nurdino Ubisse, pintor, e Fernando Rosa, pintor. Por África do Sul, foram selecionados os artistas Vuyile Voyiya, gravurista, Bongiwe (Bongi) Dhlomo, gravurista, Sue Williamson, serigrafista, e Helen Sebidi, desenhista. Pelo Zimbabwe, os representantes foram os artistas Berry Bickle, pintor, Doreen Sibanda, pintor, Stephen Williams, pintor, e Joseph Jumah, aguarelista. Durante a exposição colectiva dos 16 artistas plásticos da região austral africana, houve momentos bastante marcantes numa interacção presencial com os visitantes que se interessavam em observar de perto, as cores, as formas, as texturas das obras dos artistas africanos! Houve espaço para inúmeras entrevistas aos diversos órgãos de comunicação social local, bem como foi editado, para o efeito, um valioso catálogo que serve de referência não só no âmbito artístico, mas também, e sobretudo, histórica!
A historicidade se reflecte, objectiva e fundamentalmente, na capacidade da organização sueca ter levado para a Europa, à época, artistas heterogêneos de quatro países distintos do continente africano, cruzando, deste modo, as experiências técnicas, culturais e artísticas que, de resto, se impõe, à letra do “refrescamento” da dinâmica artística mundial, sendo, por isso mesmo, recomendável! Ademais, importa realçar e sublinhar, que o programa da referida exposição histórica não se limitou tão-somente no espaço territorial sueco mas, posteriormente, a mesma evoluiu à fase itinerante, tendo sido apresentada em outros países escandinavos, o que viria a prolongar-se até ao mês de Maio do ano seguinte, ou seja, até 1990.
A escolha do período de Verão pela organização para a realização da referida exposição na Europa, certamente não terá sido casual, pois isso veio permitir que os artistas africanos convidados pudessem desfrutar, sem quaisquer constrangimentos, o lado turístico e de lazer a todos os presentes. Deste modo, houve visitas em Museus, Galerias de Arte, Atelieres e em diversos outros locais culturais, artísticos e históricos de interesse e, nesse particular, os visitantes vergaram-se à tumba e à memória de Olof Palm, antigo primeiro-ministro sueco que, anos antes, havia sido covarde e brutalmente assassinado em Estocolmo. Posteriormente, depois de encerradas as actividades ligadas a seminários e workshops proporcionadas à margem da exposição colectiva de Artes Plásticas, chegara finalmente, a hora da indesejável despedida, ante uma calorosa recepção que, em confraternização, o jantar juntou personalidades e celebridades da comunidade africana e não só, residente em Estocolmo. Foi lindo! Foi maravilhoso! Histórico! Simplesmente inesquecível! Diria mesmo indescritível!
De malas feitas para o regresso ao país, nas vésperas, os artistas angolanos foram antes agraciados com um jantar protocolar proporcionado pelo Sr. Vaz Contreiras, então Embaixador de Angola no Reino da Suécia, que prestou o devido apoio durante a estadia dos artistas na exposição realizada em Estocolmo!
Pela passagem da efeméride, este é o testemunho possível com vista a assinalar os 30 anos (1989-2019), da histórica e memorável exposição “Arte e Imagens da África Austral”, em que os artistas angolanos puderam levar a bandeira de Angola no certame internacional de Artes Plásticas, ombreando com países como Moçambique, África do Sul e Zimbabwe, nas terras dos Vikings! Bem-haja! *Artista Plástico e Professor de Arte