PARA ENSINAR PORTUGUÊS SÓ MESMO OS… CUBANOS!
Representantes de associações cubanas, em Angola, defenderam, em Luanda, a necessidade dos governos dos dois países reforçarem a cooperação no domínio da educação, por ser a chave para o desenvolvimento económico e social. Em Cuba, João Lourenço manifestou o seu acordo. Ninguém melhor do que os cubanos para, por exemplo, ensinar os angolanos e falar e a escrever em… português.
Em declarações à Angop, o presidente da Associação da Comunidade Cubana Residente em Angola ( ACRA), Carlos Moncada Valdez, sugeriu que as autoridades angolanas explorem mais o potencial cubano nesse sector ( educação).
O presidente da ACRA refere que o fortalecimento dos laços na educação, entre os dois países, devia priorizar o ensino especial, de modo a permitir maior inclusão de crianças com deficiências funcionais. Esperanza Silva, representante da associação das famílias cubano- angolanas residentes em Angola, sublinhou que a ajuda cubana deve incidir na escolaridade básica e, desta forma, evitar que crianças fiquem fora do sistema de ensino. Há 20 anos em Angola, Esperanza Silva considera também fundamental que se aproveite mais os avanços cubanas na melhoria do abastecimento de água potável, saneamento básico, reaproveitamento das águas residuais e dos resíduos sólidos. Por isso aconselha o empresariado dos dois países a descobrirem novas oportunidades de negócios nos domínios da agricultura e pecuária, tendo como foco a diversificação da economia angolana e a redução das importações. Também com nacionalidade angolana adquirida há 10 anos e bióloga de profissão, pede que se maximize a exploração dos recursos hídricos e a produção de peixe, como a tilápia (cacuso) muito apreciado em Angola.
O presente ano lectivo em Angola conta com mais de 10,5 milhões de estudantes no ensino geral, um aumento de 6% face a 2018, indicou o Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento de Educação. Segundo o director daquele instituto, Manuel Afonso, deste total, 875.723 crianças vão frequentar o pré- primário, 6.597.063 o primário, 932.412 o primeiro Ciclo do Ensino Secundário e 1.103.217 o segundo ciclo. Manuel Afonso indicou que o total dos alunos será distribuído pelos 18.297 estabelecimentos escolares existentes em todo o país, que por sua vez disponibilizam 97.459 salas de aulas. O Ministério da Educação conta com 206.624 professores para garantir o processo de ensino e aprendizagem, acrescentou.
Para aumentar a capacidade de resposta, Angola contratou expatriados cubanos para instituições de ensino superior públicas, de forma a “suprir a falta de especialistas com conhecimento e experiência necessária”, indica um despacho presidencial.
O despacho assinado pelo Presidente da República, João Lourenço, autorizou o lançamento do procedimento de contratação simplificada para a assinatura “de dois contratos de aquisição de serviço docente de especialistas de nacionalidade cubana”, para ministrarem aulas em universidades públicas.
Em Outubro de 2017 foi noticiado que Angola previa gastar quase 55 milhões de euros com a contratação de professores cubanos para leccionarem no ensino superior público do país no ano académico de 2017.
A informação resulta de dois despachos de então, do Ministério do Ensino Superior, homologando contratos com a empresa Antex, que assegura o recrutamento de especialistas cubanos para leccionarem nas universidades do país, ao abrigo do acordo de cooperação entre os dois governos na área de formação de quadros. De acordo com o primeiro destes despachos, a Antex foi contratada para recrutar professores do ensino superior, por 37,2 milhões de dólares ( 31,5 milhões de euros), e especificamente, com o segundo, para docentes para os cursos afectos à área da Saúde, neste caso por 27,4 milhões de dólares ( 23,2 milhões de euros). Trata- se de praticamente a mesma verba que o Estado angolano desembolsou, para o mesmo efeito, no ano académico de 2016. Segundo dados de 2015 do Governo, 42% dos médicos e 70% dos profissionais de saúde no país eram então cubanos, mas a crise em Angola provocada pela quebra nas receitas da exportação de petróleo levou à partida de muitos destes profissionais.