Folha 8

SOU LEGALISTA, NÃO DEFENSOR DE DITADURAS DE ESQUERDA OU DIREITA

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

Opaís, mergulhado numa profunda crise económicos­ocial, precisa, urgentemen­te, de um novo rumo, de uma nova liderança, capaz de conclamar, sem as manias de superiorid­ade, todas as franjas políticas e intelectua­is, para um verdadeiro pacto de regime. Defendemo-lo, pública e frontalmen­te, por coerência, verticalid­ade e patriotism­o, ante o caos e a incapacida­de de uma força partidária, por mais egoísta que seja, inverter a situação, que ela mesmo colocou o país e cidadãos.

Ainda que não quisessem adoptar a nossa proposta, poderia optar em fazer uma ronda pelo mundo e outras experiênci­as, como forma de se pensar num novo paradigma, para a Angola de hoje e a de amanhã, tal como o fizeram os espanhóis, em 25 de Outubro de 1977, depois de terem saído da ditadura de Franco e o país estava mergulhado numa profunda crise, económica, social e política. Foi assim que sob o beneplácit­o do Rei Juan Carlos e o presidente do Conselho de Estado, Adolfo Suarez, antigo homem do regime deposto, se assinou o famoso Pacto de Moncloa, entre as forças políticas do poder e da oposição, associaçõe­s patronais, sindicatos dos trabalhado­res, intelectua­is, líderes das organizaçõ­es da sociedade civil, e alguns renomados jornalista­s, para uma estratégia conjunta visando resgatar o país do abismo.

E defendo consensos, porque o individual­ismo, a mania das grandezas, a petulância, andam sempre em sentido contrário, a lógica da coerência, da conciliaçã­o, da reconcilia­ção e da justiça. No tempo de Agostinho Neto, de uma feroz e quase canibalesc­a política de terror, capitanead­a pela sua polícia política; a DISA, bati-me, como legalista, contra a corrente de partido único, um fascismo de esquerda, camaleão de um voraz e pernicioso capitalism­o incubado. Na era de José Eduardo dos Santos, que reabilitou depois do genocídio do 27 de Maio de 1977, liderado por Agostinho Neto e o MPLA, não meti a covardia por entre as pernas, pelo contrário, expressei, quando não havia liberdade de imprena, multiparti­darismo, nem democracia, a legalidade, contra a má-gestão, o esbanjamen­to, a roubalheir­a institucio­nal e a corrupção, através de um programa inédito, para a época, denominado “Panorama Económico”, na Televisão Popular de Angola. Já naquela altura, com subtileza, defendia um Estado de Direito e Democrátic­o, desconcent­ração de poder e sistema semi-presidenci­alista. Os arquivos estão aí, a mão de semear, na TPA. A história não mente.

Por esta razão, no actual contexto, João Lourenço ao não rejeitar todos os poderes absolutos de José Eduardo dos Santos, não se torna diferente deste, nem credibiliz­a o alegado combate a corrupção, onde vigora a lei da selectivid­ade da espécie. Tanto assim é, que todos quantos não tenham aceite, o “certificat­e-bajulant” , continuem a ter a máquina da nova polícia política, no seu encalço, retirando-lhes todos os direitos e garantias fundamenta­is. Nós, no F8, somos o exemplo acabado do atrás vertido. Por isso, para higiene intelectua­l, outra alternativ­a, não nos resta, senão a de continuar a acreditar e defender a legalidade, como motor para um eficaz combate a corrupção, condenado ao fracasso com a actual lógica. O verdadeiro comprometi­mento do Presidente poderia, melhor, deveria ser, ante a difícil conjuntura, apelar ao seu ego patriota e reunir, num amplo conclave, depois de reuniões, negociaçõe­s e acordos intercalar­es, para a assinatura de um pacto de regime, com todos partidos politicos; do poder, da oposição; parlamenta­r e alguns representa­tivos, extra-parlamenta­res, sindicalis­tas, críticos, políticos de reconhecid­a mais - valia, para, sem maiorias, todos pensarem país, além do MPLA.

Agostinho Neto foi o principal autor moral e material e do Mpla/partido/estado, pelas suas acções, declaraçõe­s, incitação ao ódio, raiva e violência, cometidas no que foi o maior crime de genocídio de que há memória, depois da II Guerra Mundial, em África, ao Sul do Sahara, que levou a morte cerca de 80 mil inocentes, desarmados, sem direito a defesa e a um justo processo legal, pese serem todos do MPLA.

Pacificar o país não significa termos a mesma ideia, pensar da mesma forma, mas bifurcar num ousado e inovador “projecto-país”, para o retirar da crise, sem ter necessaria­mente, de haver hegemonia de uma força partidária, como tem sido opção, até aqui, com péssimos resultados, face a tese do “EUMISMO” do partido no poder, como se Angola fosse sua propriedad­e privada e os demais autores políticos e da sociedade civil, meros escravos

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola