SOU LEGALISTA, NÃO DEFENSOR DE DITADURAS DE ESQUERDA OU DIREITA
Opaís, mergulhado numa profunda crise económicosocial, precisa, urgentemente, de um novo rumo, de uma nova liderança, capaz de conclamar, sem as manias de superioridade, todas as franjas políticas e intelectuais, para um verdadeiro pacto de regime. Defendemo-lo, pública e frontalmente, por coerência, verticalidade e patriotismo, ante o caos e a incapacidade de uma força partidária, por mais egoísta que seja, inverter a situação, que ela mesmo colocou o país e cidadãos.
Ainda que não quisessem adoptar a nossa proposta, poderia optar em fazer uma ronda pelo mundo e outras experiências, como forma de se pensar num novo paradigma, para a Angola de hoje e a de amanhã, tal como o fizeram os espanhóis, em 25 de Outubro de 1977, depois de terem saído da ditadura de Franco e o país estava mergulhado numa profunda crise, económica, social e política. Foi assim que sob o beneplácito do Rei Juan Carlos e o presidente do Conselho de Estado, Adolfo Suarez, antigo homem do regime deposto, se assinou o famoso Pacto de Moncloa, entre as forças políticas do poder e da oposição, associações patronais, sindicatos dos trabalhadores, intelectuais, líderes das organizações da sociedade civil, e alguns renomados jornalistas, para uma estratégia conjunta visando resgatar o país do abismo.
E defendo consensos, porque o individualismo, a mania das grandezas, a petulância, andam sempre em sentido contrário, a lógica da coerência, da conciliação, da reconciliação e da justiça. No tempo de Agostinho Neto, de uma feroz e quase canibalesca política de terror, capitaneada pela sua polícia política; a DISA, bati-me, como legalista, contra a corrente de partido único, um fascismo de esquerda, camaleão de um voraz e pernicioso capitalismo incubado. Na era de José Eduardo dos Santos, que reabilitou depois do genocídio do 27 de Maio de 1977, liderado por Agostinho Neto e o MPLA, não meti a covardia por entre as pernas, pelo contrário, expressei, quando não havia liberdade de imprena, multipartidarismo, nem democracia, a legalidade, contra a má-gestão, o esbanjamento, a roubalheira institucional e a corrupção, através de um programa inédito, para a época, denominado “Panorama Económico”, na Televisão Popular de Angola. Já naquela altura, com subtileza, defendia um Estado de Direito e Democrático, desconcentração de poder e sistema semi-presidencialista. Os arquivos estão aí, a mão de semear, na TPA. A história não mente.
Por esta razão, no actual contexto, João Lourenço ao não rejeitar todos os poderes absolutos de José Eduardo dos Santos, não se torna diferente deste, nem credibiliza o alegado combate a corrupção, onde vigora a lei da selectividade da espécie. Tanto assim é, que todos quantos não tenham aceite, o “certificate-bajulant” , continuem a ter a máquina da nova polícia política, no seu encalço, retirando-lhes todos os direitos e garantias fundamentais. Nós, no F8, somos o exemplo acabado do atrás vertido. Por isso, para higiene intelectual, outra alternativa, não nos resta, senão a de continuar a acreditar e defender a legalidade, como motor para um eficaz combate a corrupção, condenado ao fracasso com a actual lógica. O verdadeiro comprometimento do Presidente poderia, melhor, deveria ser, ante a difícil conjuntura, apelar ao seu ego patriota e reunir, num amplo conclave, depois de reuniões, negociações e acordos intercalares, para a assinatura de um pacto de regime, com todos partidos politicos; do poder, da oposição; parlamentar e alguns representativos, extra-parlamentares, sindicalistas, críticos, políticos de reconhecida mais - valia, para, sem maiorias, todos pensarem país, além do MPLA.
Agostinho Neto foi o principal autor moral e material e do Mpla/partido/estado, pelas suas acções, declarações, incitação ao ódio, raiva e violência, cometidas no que foi o maior crime de genocídio de que há memória, depois da II Guerra Mundial, em África, ao Sul do Sahara, que levou a morte cerca de 80 mil inocentes, desarmados, sem direito a defesa e a um justo processo legal, pese serem todos do MPLA.
Pacificar o país não significa termos a mesma ideia, pensar da mesma forma, mas bifurcar num ousado e inovador “projecto-país”, para o retirar da crise, sem ter necessariamente, de haver hegemonia de uma força partidária, como tem sido opção, até aqui, com péssimos resultados, face a tese do “EUMISMO” do partido no poder, como se Angola fosse sua propriedade privada e os demais autores políticos e da sociedade civil, meros escravos