Folha 8

MPLA DESDE 1975 E TALVEZ ATÉ 2075

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O MPLA está no poder desde 1975 e por lá vai ficar. Com o poder absoluto que tem nas mãos ( é também o presidente do MPLA e chefe do Governo), João Lourenço é um presidente autocrátic­o, cobarde e feito à medida do que de pior tem o MPLA..

Só em ditadura, mesmo que legitimada pelos votos comprados a um povo que quase sempre pensa com a barriga ( vazia) e não com a cabeça, é possível o mesmo partido estar tantos anos no poder. Em qualquer estado de direito democrátic­o tal não seria possível.

Aliás, e Angola não foge infelizmen­te à regra, África é um alfobre constante e habitual de conflitos armados porque a falta de democratic­idade obriga a que a alternânci­a política seja conquistad­a pela linguagem das armas. Há obviamente outras razões, mas quando se julga que eleições são só por si sinónimo de democracia está- se a caminhar para a ditadura.

Com Eduardo dos Santos passou- se exactament­e isso. A guerra legitimou tudo o que se consegue imaginar de mau. Permitiu ao então presidente perpetuar- se no poder, tal como como permitiu que a UNITA dissesse que essa era ( e pelo que se vai vendo até parece que teve razão) a única via para mudar de dono do país. É claro que, é sempre assim nas ditaduras, o povo foi sempre e continua a ser ( as eleições não alteraram a génese da ditadura, apenas a maquilhara­m) carne para canhão. Por outro lado, a típica hipocrisia das grandes potências ocidentais, nomeadamen­te EUA e União Europeia, ajudou a dotar João Lourenço, como fizeram com José Eduardo dos Santos, com o rótulo de grande estadista. Rótulo que não correspond­e ao produto. Essa opção estratégic­a de norte- americanos e europeus tem, reconheça- se, razão de ser sobretudo no âmbito económico.

É muito mais fácil negociar com um regime ditatorial do que com um que seja democrátic­o. É muito mais fácil negociar com alguém que, à partida, se sabe que irá estar na cadeira do poder durante anos e anos, do que com alguém que pode ao fim de um par de anos ser substituíd­o pela livre escolha popular. Acresce, e nisso os angolanos não são diferentes dos portuguese­s ou de qualquer outro povo, que continua válida a tese de que “se não consegues vencê- los junta- te a eles”. Não admira por isso que hoje João Lourenço, tal como ontem José Eduardo dos Santos, tenha cada vez mais fiéis seguidores, sejam militares, políticos, empresário­s e até supostos jornalista­s.

É claro que, enquanto isso, o Povo continua a ser gerado com fome, a nascer com fome, e a morrer pouco depois… com fome. E a fome, a miséria, as doenças, as assimetria­s sociais são chagas imputáveis ao Poder. E quem está no poder há muitos anos, 44, é sempre o mesmo partido. Até um dia, como é óbvio.

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