UM OUTRO EXEMPLO
O Consulado de Angola em Lisboa deve continuar a identificar o paradeiro dos cidadãos angolanos residentes em Portugal, de forma a atender às suas necessidades e aproximá- los das instituições do Estado, afirmou o embaixador Carlos Alberto Fonseca. Um cidadão que não seja do MPLA (coisa pouco provável porque o MPLA está no poder há quase 44 anos) pode ser considerado pelas “instituições do Estado” ( que são todas do MPLA) como angolano? Em Julho de 2018, de acordo com uma nota de imprensa da Embaixada de Angola em Portugal, citada pela Angop, o diplomata falava durante uma visita às instalações do Consulado-geral de Angola em Lisboa. Na ocasião, Carlos Alberto Fonseca acrescentou que o Consulado deve continuar a trabalhar para eliminar eventuais barreiras aos cidadãos.
Barreiras? Foi isso que disse Carlos Alberto Fonseca? É estranho. Desde logo se o angolano for preto e tiver cartão do MPLA, tem “carta-branca” e as barreiras desaparecem num abrir e fechar de olhos. Se for preto mas apresentar indícios de que pensa pela própria cabeça… a coisa complica- se. Então se for alguém conotado com partidos ou movimentos da oposição, fica do lado de fora.
E os angolanos brancos? Bom. Convenhamos que segundo as instituições do MPLA, as tais que Carlos Alberto Fonseca chama do Estado, não há angolanos brancos. Se forem do MPLA é possível abrir-se uma ou outra excepção. O embaixador ordenou que seja prestada mais atenção ao público, devendo os funcionários melhorar o desempenho em prol da defesa dos interesses do país e dos seus cidadãos. Ou seja, não confundam – por exemplo – Bilhete de Identidade com cartão de militante do MPLA. Pelo menos até ver onde param as modas. Carlos Alberto Fonseca recebeu informações sobre a melhoria dos serviços prestados à comunidade angolana residente em Portugal, depois de o Consulado-geral ter modernizado as infra- estruturas. O cônsul-geral em Lisboa, Narciso do Espírito Santo Júnior, deu explicações ao embaixador sobre a melhoria dos serviços consulares, fundamentalmente os que têm a ver com a concessão de vistos para Angola a cidadãos portugueses. Sim, os portugueses podem ser… brancos. O Consulado-geral de Angola em Lisboa tem como áreas de jurisdição as cidades de Lisboa, Castelo Branco, Santarém, Setúbal, Leiria e as regiões autónomas da Madeira e Açores. Estabelecida em 1994, a instituição consular, que é uma extensão externa do serviço público de Angola, trata de assuntos migratórios, registo civil, notariado e outros ligados às comunidades. Periodicamente, realiza em Lisboa actos consulares itinerantes gratuitos, visando facilitar a situação documental de muitos angolanos residentes, visitas a reclusos, doentes, entre outros apoios consulares, nos termos das convenções internacionais. Estão neste momento registados na área de jurisdição do Consulado- Geral em Lisboa cerca de 46.600 angolanos. Segundo estimativas, 60 mil angolanos do MPLA vivem em Portugal. Angolanos mesmo ( pretos, brancos e mestiços) são bem mais. Mas estes pouco ou nada interessam às tais instituições do Estado/mpla.