A RECEITA DE JOÃO LOURENÇO
Por sua vez, o Presidente João Lourenço considerou a Bienal de Luanda um espaço para atrair parceiros dispostos a contribuir com fundos e recursos para a cultura da paz em África e nas diásporas africanas.
O chefe de Estado angolano, também Presidente do MPLA e Titular do Poder Executivo, discursava na abertura da Bienal de Luanda-fórum Pan- Africano para a Cultura de Paz, uma organização do Governo angolano em parceria com a União Africana e a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
João Lourenço referia- se a empresas do sector público e privado, fundações e organizações filantrópicas, Governos, bancos de desenvolvimento, organizações internacionais, comunidades económicas regionais e comunidades linguísticas, que estejam dispostos a apoiar a cultura da paz em África e nas várias diásporas africanas.
Na sua intervenção, João Lourenço frisou que uma das grandes tarefas reservadas às lideranças do continente e aos diferentes actores da sociedade civil tem a ver com os objectivos da União Africana, na sua agenda para a promoção de uma cultura de paz e de não-violência denominada “Silenciar as armas até 2020”. Segundo o Presidente angolano, este objectivo é aparentemente difícil de atingir, mas o legado deixado pelos líderes africanos, “que ergueram bem alto a bandeira do pan- africanismo e se bateram por todos os meios para a libertação da África do colonialismo e de outras formas de dominação”, constitui uma fonte de inspiração para os esforços conjuntos para pôr fim aos conflitos, que “lamentavelmente persistem no continente”.
“Importa encontrar soluções sustentáveis para muitos dos grandes problemas que África ainda vive, como a fome, a miséria, as doenças, o analfabetismo, as desigualdades sociais, o desemprego galopante, o terrorismo, que fomentam o tribalismo e xenofobia, dividindo os africanos, o que atrasa o harmonioso desenvolvimento dos países e o bem- estar das suas populações”, frisou.
Para o chefe de Estado angolano, a Bienal de Luanda — Fórum Pan-africano para a Cultura de Paz representa um passo importante para o aprofundamento do conhecimento das diferentes realidades africanas, para a reafirmação da identidade africana, no plano cultural e artístico, e para uma “troca fecunda de ideias”, que concorram para o progresso e o desenvolvimento de África. “Só com paz podemos realmente implementar a zona de livre comércio africano, só com paz o continente pode atrair o investimento privado estrangeiro, industrializar- se, passando a acrescentar valores aos seus principais produtos de exportação”, disse. Numa mensagem mais directa aos jovens, o Presidente angolano apelou ao uso consciente das redes sociais, porque já ficou demonstrado em vários países o perigo que representam “quando utilizadas para desinformar e alterar a realidade dos factos, com o objectivo de criar convulsões sociais, como meio de pressão para a remoção do poder de Governos legitima e democraticamente eleitos pela maioria dos cidadãos eleitores”. Estaria a pensar no que se escreve sobre o genocida Agostinho Neto e o seu papel nos massacres de 27 de Maio de 1977? Ou nas monumentais aldrabices sobre a Batalha do Cuito Cuanavale? Ou nos 500 mil empregos que prometeu criar? Ou nos nossos 20 milhões de pobres? Ou, ou, ou… “A crescente importância das redes sociais no seio da juventude deve ser aproveitada, sobretudo para o reforço da cultura da paz e da não- violência”, ressaltou João Lourenço, fazendo lembrar as aulas de “Educação Patriótica” do MPLA.
A cerimónia de abertura da bienal contou com a presença dos Presidentes da Namíbia, Hege Geingob, e do Mali, Ibrahim Keita, a directorageral da UNESCO, Audrey Azoulay, o Prémio Nobel da Paz 2018, Denis Mukwege, entre outras entidades.
Augusto Santos Silva, elogiou o contributo de Angola (na verdade ele gostava de dizer do MPLA, mas como sabe que o MPLA é Angola e Angola é o MPLA…) para a paz na região da África Central e salientou que a relação entre a União Africana e a União Europeia é “uma prioridade”