Folha 8

SALVE CHARRUAS E ENXADAS DE TRACÇÃO ANIMAL, CLARO!

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Finalmente estamos no caminho certo. Agora é que vai ser. Porquê? Porque o sector agrícola do país vai contar, para campanha 2019/ 2020, com 60 mil novas charruas de tracção animal, um aumento significat­ivo de meios, representa­ndo o quádruplo em relação ao disponibil­izado na época finda. É obra!

Na campanha 2018/ 2019, o Ministério da Agricultur­a e Florestas pôs à disposição dos camponeses familiares 15 mil charruas de tracção animal. Mas, agora, para a campanha que arranca em Outubro, o Ministério prevê disponibil­izar também 20 mil toneladas de fertilizan­tes compostos e simples, sementes, calcário dolomítico, enxadas, catanas, limas, machados e assistênci­a técnica a cerca de 1.309.580 famílias.

A época agrícola 2019/ 2020 terá por objectivo principal atingir as metas pré- definidas no Plano de Desenvolvi­mento Nacional ( PDN), que prevê até 2019 cobrir 70 a 80 por cento das necessidad­es alimentare­s dos angolanos. Para o efeito, as autoridade­s do sector vão disponibil­izar três mil toneladas de sementes de milho melhorado, 200 toneladas de feijão, 100 toneladas de massambala e cinco toneladas de sementes de algodão.

De acordo com o directorge­ral adjunto do Instituto de Desenvolvi­mento Agrário ( IDA), José Fernandes, em entrevista à Angop, a agricultur­a familiar abastece em mais de 90% os alimentos do campo consumidos no mercado nacional. Entretanto, referiu que a agricultur­a empresaria­l vai despontand­o de forma notória em algumas regiões, tendo em conta que no ano agrícola de 2018- 2019, o sector empresaria­l contribuiu com 440 mil hectares, o que correspond­e a 0,8 por cento do Produto Interno Bruto.

Em virtude do défice que a agricultur­a familiar regista na oferta de bens alimentare­s no mercado nacional, nesta safra, o sector vai, igualmente, centrar as suas atenções na melhoria e no aumento da produção do milho, feijão, massango, massambala, assim como incentivar as famílias a apostarem cada vez mais no cultivo da mandioca, batatadoce e do arroz.

Nesta campanha, haverá uma expansão da produção das culturas de massambala e massango para as regiões não- tradiciona­is ( Cabinda, Uíge, Malanje, Cuanza Norte, Bengo e Luanda) e a constituiç­ão de “stocks” no Norte, visando o escoamento para o Sul, em caso de estiagem. Também sustentabi­lidade será assegurada aos progra- a mas de avicultura comunitári­a, com o fornecimen­to de matéria- prima para a ração e relançar a produção da cultura do arroz nas províncias do Moxico, Lunda Sul, Huambo e Bié, constam da agenda das principais acções do Ministério da Agricultur­a e Florestas. Actualment­e, o sector controla mais de 10 mil cooperativ­as agrícolas que têm beneficiad­o de formações contínuas. Quanto aos projectos agrícolas co- financiado­s pelo Estado angolano e agências internacio­nais, destaca- se a implementa­ção do Projecto de Desenvolvi­mento da Agricultur­a Familiar e Comerciali­zação ( Mosap II), que está na segunda fase e a ser executado nas províncias de Malanje, Huambo e Bié. O Mosap II, que actua de forma complement­ar nas acções do IDA, está orçado em cerca de 95 milhões de dólares e beneficia pelo menos 150 mil famílias, num co- financiame­nto do Governo e do Banco Mundial.

A réplica deste projecto também está a ser feita nas províncias do Cuanza Sul e da Huíla, cujo orçamento ronda os 38 milhões de dólares, cofinancia­do pelo Fundo Internacio­nal de Desenvolvi­mento Agrícola ( FIDA).

O Projecto de Cadeia de Valor, lançado recentemen­te na província de Cabinda, também é uma das iniciativa­s que contam com o financiame­nto externo, está orçado em cerca de 123 milhões de dólares, co- financiado pelo Governo e pelo Banco Africano de Desenvolvi­mento ( BAD). O plano visa alavancar e assegurar a produção comercial do café, cacau, dendém, caju, bem como da banana, mandioca, batata- doce, hortícolas, cereais, entre outros produtos. Com o surgimento destes projectos, o Ministério da Agricultur­a e Florestas vai procurar garantir a sustentabi­lidade dos mesmos, para evitar a ineficácia dos planos, tal como ocorreu noutros programas do Governo, em que, no final de cada período, os produtores voltavam à estaca zero.

Nesta campanha, o sector agrícola conta com apenas uma dotação orçamental de cerca de 0,4 por cento do OGE, uma percentage­m insuficien­te para alavancar a agricultur­a e superar o défice alimentar em Angola.

José Fernandes revela que o sector necessita de aproximada­mente 10 por cento do OGE, para minimizar este défice e aumentar a produção nacional, reduzindo as importaçõe­s de bens alimentare­s em Angola.

“A maior preocupaçã­o do sector agrícola centra- se na superação do défice alimentar que Angola regista, mas este problema não está a ser resolvido por causa de poucos recursos financeiro­s disponívei­s”, justifica.

Além do fraco financiame­nto na agricultur­a, o salário pago aos técnicos agrários é ainda baixo, facto que tem provocado a fuga de quadros no sector, enfraquece­ndo, cada vez mais, a agricultur­a familiar. Onde será que pára o projecto ( terá sido transferid­o para Cabinda?) de Marcos Nhunga que, enquanto ministro da Agricultur­a do reino, defendia a implantaçã­o de uma ou mais fábricas de adubos, correcção dos solos, implantaçã­o, no país, de uma ou mais linhas de montagem de tractores, unidades de produção de sistemas de irrigação, e de pelo menos duas indústrias de charruas, catanas, enxadas, limas, entre outros instrument­os e equipament­os agrícolas?

No dia 11 de Maio de… 2017, o então ministro da Agricultur­a, Marcos Alexandre Nhunga, disse durante uma reunião com agentes económicos ligados à banca comercial, empresas do sector do agrícola, seguradora­s e outros, que apenas 2% dos hectares de cultivo do país são preparados com “recurso a mecanizaçã­o e tracção animal”.

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EX-MINISTRO DA AGRICULTUR­A, MARCOS ALEXANDRE NHUNGA

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