DÊEM-NOS ÁGUA, POR FAVOR!
Osecretário de Estado das Águas de Angola, Lucrécio Costa, pediu, no dia 17.09, na cidade da Praia, apoio à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) para combater a seca prolongada que assola o sul do país. Apesar de o Governo de João Lourenço meter água por todos os lados, lá vamos ter pedir ajuda ao democrata, impoluto e venerável Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, presidente da Guiné Equatorial, o grande amigo do MPLA. “Vivemos um período de seca prolongada no sul do país e esperamos também que a contribuição e experiência dos parceiros da CPLP possa constituir uma mais- valia para aquilo que pretendemos fazer para reverter esta situação”, pediu o membro do Governo de Angola.
O governante falava na abertura do 14 º Simpósio de Hidráulica e Recursos Hídricos dos Países de Língua Portuguesa, que decorreu na cidade da Praia, Cabo Verde, sob o lema “25 anos construindo a comunidade de água da CPLP”. O secretário de Estado das Águas disse que espera “beber” na experiência, por exemplo, de Cabo Verde, país que está habituado a lidar com o problema da escassez de água e das secas e desenvolve práticas de uso racional da água. “Nós que vivemos muitas vezes eventos extremos, temos seca, já tivemos períodos de cheias, esta questão da adaptação pode ser melhorada e bem conduzida quando partilharmos as nossas dificuldades com as experiências bem sucedidas de outros”, frisou. Para Lucrécio Costa, o facto de os países terem muita semelhança em termos de hábitos e costumes são “ingredientes suficientes” para darem um exemplo do que a comunidade científica da CPLP possa fazer. Durante o simpósio, o governante angolano espera adquirir experiência e resultados que possam ajudar Angola a melhorar a sua resiliência no que diz respeito à gestão da água e às secas.
“Temos cá o director do Instituto Nacional dos Recursos Hídricos, gente da academia que estará com esta perspectiva de partilha de saber e de experiências”, disse o secretário de Estado, que enumerou algumas reformas institucionais em Angola para melhorar o acesso à água e a gestão dos recursos hídricos.
Além de várias obras em perspectiva (compreensivelmente ainda em perspectiva porque o MPLA só está no Governo há 44 anos e a seca só ontem aterrou no país) para captação de água, Lucrécio Costa considerou que os maiores desafios em Angola são a actualização dos planos directores de abastecimento de água para as principais cidades do país, a actualização dos planos gerais de aproveitamento de bacias e o robustecimento organizacional de todas as entidades envolvidas no processo de gestão da água. Em linguagem mais acessível, os maiores desafios são apenas institucionalizar o primado da competência em detrimento do da subserviência partidária. Não é fácil, reconheçamos. Desde logo porque há 44 anos que entre um génio independente e um néscio do partido, o MPLA escolhe sempre o… néscio ( ignorante, inepto, estúpido, incompetente). O simpósio na cidade da Praia é organizado pela Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos, a Associação Brasileira de Recursos Hídricos, a Associação Cabo-verdiana de Recursos Hídricos e pela Associação Aquashare Moçambique, em parceria com o Governo cabo- verdiano. Durante o evento de quatro dias, os participantes analisaram e debateram vários temas, visando encontrar soluções para os problemas específicos e comuns que caracterizam a gestão dos recursos hídricos de cada um dos países de língua portuguesa.
O simpósio, que se realizou pela primeira vez há 25 anos e acontece pela segunda vez em Cabo Verde, pretende ainda promover o avanço do conhecimento nos domínios da hidráulica e dos recursos hídricos, e estimular o intercâmbio de ideias e de experiências. Adaptação às mudanças climáticas, educação para uma nova cultura de água, energia e segurança das barragens, gestão da recarga de aquíferos, as Tecnologias de Informação e Comunicação na gestão dos recursos hídricos, gestão das zonas costeiras e orlas marítimas, são algumas das temáticas que constaram no programa do simpósio.