DENIS MUKWEGE – CONFERÊNCIA MAGISTRAL
Numa sala repleta de figuras que se destacaram nos mais diversos sectores da vida social, política e desportiva, o Prémio Nobel da Paz de 2018, Denis Mukwege, lembrou que “a cultura de paz deve ser o centro das nossas atenções”, numa altura em que o problema do continente passa pela “clara ineficiência da gestão cultural, importando- a, em muitos casos, do Ocidente.”
Denis Mukwege reconheceu que o continente africano “é a coluna vertebral da economia mundial”. Apesar disso, lembrou, “somos relegados para terceiro plano”. O Nobel da Paz 2018 alertou para a necessidade do continente despertar sob pena de sofrer uma terceira colonização e fala do perigo da propagação das empresas asiáticas formadas por grandes monopólios que exploram sem respeitar o Ambiente. Na sua opinião, é preciso voltar a olhar para a cultura e recuperar a identidade africana que respeite os direitos humanos. A par disso, Denis Mukwege reconheceu que o continente está longe de satisfazer as suas necessidades mais básicas, o que leva, não raro, jovens a atravessarem o mediterrâneo ou a se entregarem a grupos rebeldes. Em face disso, defende uma governação inclusiva a favor da maioria e não de minorias, sendo para ele vergonhoso que os líderes africanos, até hoje, continuem a não frequentar os hospitais dos seus próprios países e a enviarem os seus filhos a estudar em universidades na Europa em detrimento das nacionais. Denis Mukwege considera que é preciso passar de uma cultura de corrupção para uma cultura de transparência e reafirmar a dignidade e solidariedade africana. O Nobel da Paz mostrou- se preocupado com a instabilidade na região do Sahel, Sudão e RDC, mas mais do que isso, a existência de mais de quatro milhões de deslocados. “África continua a sangrar”
ACORDO COM A UNESCO
A UNESCO e o Ministério do Ensino Superior de Angola assinaram a 18 de Setembro, em Luanda, um acordo no domínio do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Investigação Científica. Foi signatária do acordo pela UNESCO, a sua directora- geral, Audrey Azoulay. “A UNESCO está a trabalhar em Angola para a cultura de paz, mas também pretende edificar os pilares da ciência e investigação com a formação de pesquisadores angolanos, numa altura em que todo este processo tem contado com o apoio da Rússia”, destacou Azoulay. Na sua intervenção, na sessão de abertura, a directora- geral da UNESCO, Audrey Azoulay, considerou que a cultura de paz deve ser presidida por uma cultura de diálogo “a cultura não deve ser pensada fora do respeito da vida humana, embora tudo isso tenha de estar baseado na tradição, cultura, dança, música, uma forma de contrariar as ideologias que põem em causa os ideais do povo”, destacou. Festival de Culturas
O Festival de Culturas mostrará a diversidade cultural dos países e da diáspora africana. Fruto de uma parceria entre Angola, União Africana e UNESCO, o fórum foi planejado para promover a prevenção da violência e a resolução de conflitos, por meio da facilitação de intercâmbios na África e na diáspora africana, assim como para conectar organizações e outros atores que trabalham nesse campo em todo o continente. O objectivo consiste em alimentar a reflexão e facilitar a disseminação de obras artísticas, ideias e conhecimento relativos à cultura de paz. O fórum é inspirado pela Carta da Renascença Cultural da África, aprovada pela União Africana em 2016. Durante a sua visita a Angola, a directora- geral da UNESCO também assinará um acordo de parceria para o estabelecimento de um programa nacional de doutoramento e ciência, tecnologia e inovação, destinado a formar 160 doutorandos até 2020. Esse projecto faz parte de uma parceria mais ampla para fortalecer as capacidades educacionais, científicas e culturais de Angola.