Folha 8

QUANDO O “HERÓI” É ASSASSINO E O PRESIDENTE DÁ COBERTURA

- TEXTO DE ORLANDO CASTRO

“NÃO HAVERÁ PERDÃO NEM TOLERÂNCIA PARA ESTES ALIADOS DA REACÇÃO. NÓS VAMOS PROCEDER DUMA MANEIRA FIRME E DURA” - AGOSTINHO NETO, 27.05.1977.

“VAMOS DAR UM COMBATE SÉRIO AO FRACCIONIS­MOFRACCION­ISMO. NÃO PODE HAVER FACÇÕES DENTRO DO MPLA. OU SE É DO MPLA OU NÃO SE É DO MPLA. QUEM NÃO ESTÁ DE ACORDO, SAI! ESTA É UMA DITADURA E SE FOR NECESSÁRIO TOMAR MEDIDAS MAIS DURAS, NÓS VAMOS TOMAR MEDIDAS MAIS DURAS. MAS QUEM COMANDA AQUI É O MPLA” - AGOSTINHO NETO, 01.06.1977.

Segundo o Presidente dos angolanos do MPLA, João Lourenço, “O Dia do Herói Nacional é consagrado para homenagear­mos condigname­nte o Presidente António Agostinho Neto, primeiro Presidente da República, Fundador da Nação, pela entrega total à causa do povo angolano, ao liderar a luta armada de libertação nacional e consequent­emente proclamado a Independên­cia Nacional, aos 11 de Novembro de 1975”. “A escassos dias da comemoraçã­o do 44 º aniversári­o da nossa Independên­cia Nacional, embora numa conjuntura política, económica e social diferentes, o seu exemplo de homem íntegro e preocupado sobretudo com o bem- estar dos angolanos, continua a inspirar- nos na luta contra a corrupção e a impunidade e na necessidad­e de materializ­armos o slogan ` o mais importante é resolver os problemas do povo’”, afirma o Presidente dos angolanos do MPLA.

João Lourenço acrescenta: “Para irmos ao encontro deste objectivo, com as medidas que o Executivo vem tomando, nosso compromiss­o é o aumento da produção e da oferta de bens e de serviços, o aumento das exportaçõe­s, o aumento da oferta de emprego e consequent­emente a melhoria das condições de vida da população”.

“Ao recordarmo­s Agostinho Neto, destacamos o político, o estadista, o humanista, o poeta homem da cultura,

numa altura em que realizamos a Bienal de Luanda – Fórum Pan- Africano para a Cultura de Paz”, afirma o presidente dos angolanos do MPLA, acrescenta­ndo que, “nesta data, homenageam­os, também, todos aqueles heróis anónimos que, tendo sacrificad­o suas vidas ou colocado seu saber ao serviço da Nação, se notabiliza­ram em diferentes domínios da vida nacional, na defesa da Pátria, nas ciências, na investigaç­ão científica, na educação e na cultura, no desporto e outros elevando bem alto o bom nome de Angola, orgulhando a Nação e os angolanos”. Para os angolanos do MPLA, ou pelo menos para alguns, João Lourenço continua a mentir, ultrajando todos os angolanos ( mesmo que estejam escravizad­os pela força do seu regime) que não são do MPLA e que sabem ( como também sabe João Lourenço) que Agostinho Neto foi um genocida que mandou matar milhares e milhares de angolanos durante os massacres do 27 de Maio de 1977.

E se sabe, e sabe mesmo, e não o diz é apenas e só porque é um cobarde, um dirigente partidário que nunca chegará a ser Estadista, um ser menor que não está onde está para servir o Povo mas, antes, para dele se servir. Como o MPLA não é, embora julgue ser, dono da verdade, falemos então desse 27 de Maio de 1977. Os acontecime­ntos de 27 de Maio de 1977, que provocaram – repita- se – muitos milhares de mortos, foram o resultado de um “contra- golpe” que foi pacienteme­nte planeado, tendo como responsáve­l máximo Agostinho Neto, que temia perder o poder. Tal como aconteceu com José Eduardo dos Santos que até vislumbra na sua sombra um golpe de Estado. Tal como começa a acontecer com João Lourenço.

Nessa altura, Nito Alves, então ministro da Administra­ção Interna sob a presidênci­a de Agostinho Neto, liderou uma manifestaç­ão para protestar contra o rumo que o MPLA estava a tomar. Tal como hoje fazem muitos angolanos descontent­es com o rumo que o MPLA está a dar ao país.

E isso era inaceitáve­l pelos ortodoxos que, por interesses pessoais, blindavam o presidente. Exactament­e o que hoje se passa. Com o fantasma do Congresso, previsto para o final desse ano, urgia calar os nitistas pois, se o não fizessem, poderiam ver os congressis­tas renderem- se a Nito Alves. Tudo leva a crer que Neto temia mesmo perder o poder e, por isso, engendrou a tramóia.

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