CONTRA HERANÇA DO COLONO
Ademais, a Direcção Politica do MIC manifesta- se fortemente contra a tentativa de difusão da ignóbil e revoltante ideia segundo a qual, Angola terá recebido o Território de Cabinda como herança do colonialismo; essa insultuosa ideia vem há algum tempo sendo sustentada com o teor do artigo 3 º do Acordo de Alvor ( assinado a 15 de Janeiro de 1975 entre o Estado Português e os então Movimentos de Libertação de Angola para ascensão à independência desse território) que ipsis verbis dizia ‘‘ Angola constitui uma entidade una e indivisível nos seus limites geográficos e políticos actuais e, neste contexto, Cabinda é parte integrante e inalienável do território angolano’’. Entretanto, a Direcção Política do MIC e o Povo de Cabinda entendem que tanto o texto produzido no Acordo de Alvor, como no de Nakur foram barulhos produzidos por tambores vazios, que neste caso, são os signatários de tais infelizes acordos que, contrariamente ao que pretendiam aludir, denunciavam que Cabinda nunca foi parte integrante de Angola, pois ao dizerem que no contexto dos seus limites geográficos e políticos actuais Cabinda é parte integrante de Angola indesmentivelmente os signatários desses nadosmortos Acordos reconheciam que Angola passou a ter, a partir daquela altura, novos limites geográficos e políticos, e que à vista disso é lógico, por um lado, dizer- se que antes do dia 15 de Janeiro de 1975 os limites geográficos e políticos de Angola eram completamente diferentes, e, por outro, assinalar que a anexação ilegítima e unilateral de Cabinda à Angola fora feita igualmente naquele contexto geopolítico - estratégico da Guerra Fria, onde a renhida e sangrenta disputa soviético- ocidental dos territórios africanos estava na ordem do dia do xadrez internacional.
Os mesmos nados- mortos Acordos são inegavelmente anti- democráticos, ocupacionistas, anexionistas e colonialistas, porquanto chocavam- se com a Constituição Portuguesa, na altura vigente, que discriminadamente mencionava Cabinda e Angola como territórios ultramarinos de Portugal e que por consequência a retirada desse deveria resultar nas independências separadas daqueles dois territórios. A Direcção Política do MIC,
Movimento Independentista de Cabinda, aproveita esse ensejo para trazer à memória aos cabindas, ao Ocidente e à ONU que o colonialismo angolano é uma política ocupacionista e cleptocrática que é religiosa e impiedosamente aplicada em especial ao Território físico cabindês e na sua inteireza aos seus autóctones pelo Governo angolano timonado pelo MPLA sob olhar desavergonhado e conivente do principal culpado da desgraça política dos cabindas, Portugal, porquanto consabe- se que quer a ocupação, anexação política de Cabinda à Angola, quer o seu colonialismo foram concebidos e efectivados não por lógicas razões históricas, culturais e jurídicas, ora, sim, por necessidades de sobrevivência político- económica do Estado angolano; nessa órbita, para o MIC tem pés e cabeça assinalar que a discorrida guerra do petróleo que o MPLA oligárquico a todo trance faz em Cabinda tem senso de dizer- se a quatro ventos; portanto, exigimos à Portugal que reconheça sem reservas ou farisaísmos as suas responsabilidades histórico- políticas e empreenda um conjunto de mecanismos político- diplomáticos no sentido de pressionar o Governo da República de Angola como o fez relativamente a causa justa dos Timorenses, pois os filhos passam, mas a Mãe- Pátria não passa. Paralelamente, a Direcção Política do MIC, Movimento Independentista de Cabinda, insta à ONU que possa reconhecer a sua má- fé, ou seja, os seus gravíssimos erros e assumir os seus papéis diplomáticos no sentido de exigir ao Presidente da República de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço, a realização do referendo livre, justo e democrático para independência de Cabinda, porquanto a verdadeira Paz em Cabinda só será possível com a desocupação das forças estrangeiras e agressoras angolanas, FAA, Forças Armadas Angolanas. Outrossim, trazemos à memória não só às potências ocidentais e orientais que têm múltiplos e agudos interesses económicos no Território Cabindês que esse não é apenas jazigos de petróleo, madeiras, diamantes, fosfato, etc, como aos países africanos, Uganda, República Democrática do Congo e Gabão que haviam reconhecido a independência de Cabinda proclamada pelo memorável nacionalista Luis Ranque Franque, na cidade de kampala no dia 1 de Agosto de 1975 e à vista disso, exigirem ao Presidente Angolano a realização do referendo independentista para Cabinda, pois que a Nossa Terra é acima de tudo uma terra com Povo e merecedor do seu próprio destino político e da dignidade humana. A Direcção Política do MIC apela ao Povo Cabindês à adesão massiva a essas Megas Manifestações Pacíficas, porquanto a realização do Referendo e o sim à independência hão- de transformar irreversivelmente a vida política, económica e social desse Povo; em última análise, essa Direcção Política recorda que a suprareferida onda de Megas Manifestações Pacíficas hão de ter o seu começo no dia 10 de Dezembro do ano presente, às 11h: 30, o ponto de partida será no Largo do Cemitério do Zangoio vulgo Parada dos fiéis, o ponto de chegada dessas será na Sede do Governo Angolano em Cabinda e o fim das mesmas Manifestações só será possível com o efectivo início do processo da realização do suprareferido Referendo. ‘’ Vox populi, vox Dei: a voz do povo é a voz de Deus’.’ »
Oescritor José Eduardo Agualusa venceu, na categoria de literatura, o Prémio Nacional de Cultura e Artes ( PNCA), edição 2019. De acordo com o júri, é atribuído o prémio pelo conjunto das suas obras, nas quais a investigação, a memória histórica, a distopia, a actualidade, o questionamento, a reflexão e o sentido estético vão de mãos dadas, contribuindo para a projecção da literatura angolana no mundo.
O júri acrescenta que, desta forma, José Eduardo Agualusa tem contribuído também para o surgimento do leitor emancipado e para o fortalecimento da cidadania e da liberdade de expressão. José Eduardo Agualusa Alves da Cunha nasceu no Huambo a 13 de Dezembro de 1960. O seu primeiro romance “A Conjura” recebeu o Prémio Revelação Sonangol. Com “Nação Crioula” foi distinguido com o Grande Prémio Literário RTP. Com “Fronteiras Perdidas” obteve o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco da Associação Portuguesa de Escritores, enquanto “Estranhões e Bizarrocos” obteve o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens, em 2002.
Em 2007 recebeu o prestigioso “Prémio Independente de Ficção Estrangeira”, promovido pelo diário britânico “The Independent” em colaboração com o Conselho das Artes do Reino Unido, pelo livro “O Vendedor de Passados”. Foi o primeiro escritor africano a receber tal distinção. Em 2017, ganhou o Prémio Literário Internacional IMPAC de Dublin pela obra “Teoria Geral do Esquecimento”. O prémio literário de Dublin, de 100 mil euros, é gerido pelas Bibliotecas Públicas de Dublin, com o apoio da autarquia da capital irlandesa e é atribuído todos os anos a um livro escrito ou traduzido para inglês. O processo de nomeações para o prémio é feito por mais de 400 bibliotecas a nível mundial, sendo o júri da edição de 2017 composto pela editora e professora universitária Ellah Wakatama Allfrey, pela tradutora e crítica Katy Derbyshire, pela escritora Kapka Kassabova, pelo professor universitário Chris Morash, pelo também escritor Jaume Subirana e por um elemento sem poder de voto, que preside ao painel, desempenhado pelo antigo juiz e parceiro de uma sociedade de advogados em Washington Eugene R. Sullivan. “Teoria Geral do Esquecimento”, que já havia sido finalista do Man Booker International em 2016, recebeu nomeações de quatro bibliotecas: Biblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles, em Brasília, no Brasil, a croata Gradska Knjiznica Rijeka, a Biblioteca Municipal de Oeiras e a Biblioteca Pública Municipal do Porto, em Portugal. José Eduardo Agualusa colaborou com o jornal português Público desde a sua fundação; na revista de domingo desse diário ( Pública) assinava uma crónica quinzenal. Escreve crónicas para a revista portuguesa LER, para o jornal brasileiro O Globo e também o fez para o portal Rede Angola. Na RDP África foi realizador do programa A Hora das Cigarras, sobre música e poesia africana. Em 2006 lançou, juntamente com Conceição Lopes e Fátima Otero, a editora brasileira Língua Geral, dedicada apenas a autores de língua portuguesa. Numa entrevista, o escritor responde à pergunta, “Quem é o Eduardo Agualusa? “Quem eu sou não ocupa muitas palavras: angolano em viagem, quase sem raça. Gosto do mar, de um céu em fogo ao fim da tarde. Nasci nas terras altas. Quero morrer em Benguela, como alternativa pode ser Olinda, no Nordeste do Brasil.” Perguntado se se diverte a escrever, Agualusa explica: “Escrever diverte- me, e escrevo também, porque quero saber como termina o poema, o conto ou o romance. E ainda porque a escrita transforma o mundo. Ninguém acredita nisto e no entanto é verdade.”
“Sou um angolano que escreve em português”. Assim se definiu José Eduardo Agualusa na sua visita, em Abril de 2016, aos Estados Unidos da América, onde foi apresentar a tradução do seu livro “Teoria Geral do Esquecimento” ( A General Theory of Oblivion). José Eduardo Agualusa esteve na Boston University e na University of Massassusetts, em Lowell. Navisita à Umass Lowell, uma universidade com cerca de dezassete mil estudantes, onde mais de meia centena frequentam os estudos de língua portuguesa, o escritor leu excertos da obra, ao que se seguiu um período de perguntas e conversas sobre a literatura em Angola e sobre a situação política e social no país.
“Estamos a perder a nossa identidade em Angola, país onde as línguas nativas estão a ser menosprezadas pelo poder e onde o Presidente apenas sabe falar português”, afirmou o autor de “Teoria Geral do Esquecimento”. Agualusa acrescentou também que “as crianças estão a perder os nomes africanos das coisas e das tradições.
Angola, contrariamente aos EUA, é um país onde o mau se sobrepõe ao belo. O país tem muitas pessoas bem formadas, de elevado valor, mas essas pessoas não são chamadas para desempenharem cargos políticos”, confidenciou na altura ao Folha 8 o escritor.
José Eduardo Agualusa diz necessitar da poesia como mola propulsora para escrever prosa. Todavia, a prosa poética está muito presente, com uma qualidade superior, neste seu livro.
“Teoria Geral do Esquecimento” é uma publicação em que as crenças e tradições da cultura angolana, de ontem e de hoje, se revelam intemporais. Na sua visita a Massachusetts, José Eduardo Agualusa contactou principalmente com académicos, em universidades de prestígio mundial. O PNCA é a mais importante distinção do Estado Angolano neste sector, tendo como principal objectivo incentivar a criação artística e cultural, bem como a investigação científica no domínio das ciências humanas e sociais.
É atribuído nas categorias de literatura, artes plásticas, dança, música, teatro, cinema e audiovisuais, investigação em ciências humanas e sociais, festividades culturais populares e jornalismo cultural.