Folha 8

FAA QUERIAM CONTROLAR ARMAMENTO

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Em 2016 foi anunciado que as Forças Armadas Angolanas ( FAA) queriam criar uma base de dados e controlar as armas de guerra nas mãos de particular­es, empresas privadas de segurança e as utilizadas pela polícia, face à falta de informação actual. Armas de guerra nas mãos de populares? Finalmente, dirão alguns. Outros pensaram que a ideia era outra e que, com esta medida, as FAA estavam a ajudar o regime a encontrar razões para voltar ao fantasma da guerra, forma típica de perpetuar no poder os mesmos de sempre, os mesmos que lá estão desde 1975. A posição foi transmitid­a aos jornalista­s pelo chefe da Direcção Principal de Armamento e Técnica das FAA, tenente- general Afonso Neto, à margem de uma reunião metodológi­ca, em Luanda, sobre armamento.

“Nós, Forças Armadas, utilizamos armas e também há outros operadores, outras organizaçõ­es, que utilizam armamento. Pensámos que este trabalho que estamos a fazer ( registo de armas) necessaria­mente terá de evoluir para os outros sectores (…) obrigatori­amente teremos de encontrar uma modalidade que permita que tudo o que é armamento de guerra que não esteja nas FAA seja controlado objectivo por passava nós”, explicou. mesmo por O “absorver”, colocando em depósitos de armamento, essas armas, disse ainda. Em Angola, e apesar de legislação já aprovada proibindo a utilização de armas de fogo, continua a ser usual observar seguranças privados a circularem e patrulhare­m a via pública munidos de metralhado­ras e outras armas de guerra. Ou seja, estamos num país em que vale tudo, até mesmo a existência de exércitos privados.

A Polícia angolana tem também vindo a admitir o crescente número de assaltos e outros crimes violentos utilizados com recurso a armas de guerra, sobretudo metralhado­ras AK.

Além de uma base de dados com registo e informação sobre as armas de guerra, as FAA queriam igualmente controlar o armamento do género na posse da Polícia. Então a Polícia não tem autonomia? E a Guarda Presidenci­al tem? “Os órgãos de polícia têm armamento de guerra que têm de ser controlado­s por nós. Temos de ter uma base de dados para saber que essas armas estão na Polícia Nacional”, sublinhou o tenente-general Afonso Neto, admitindo que no cenário da altura (2016) não havia informação sobre estas armas. “Em toda a parte do mundo a única entidade que faz o controlo e registo das armas de guerra são as Forças Armadas”, concluiu o oficial das FAA.

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CHEFE DA DIRECÇÃO PRINCIPAL DE ARMAMENTO E TÉCNICA DAS FAA, TENENTE-GENERAL AFONSO NETO

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