Folha 8

SE “HAVER” NECESSIDAD­E HÁ MAIS NÉSCIOS DE… JOELHOS!

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Adalberto da Costa Júnior, presidente da UNITA, maior partido da oposição que o MPLA ainda permite em Angola, afirma que a remodelaçã­o do Governo angolano, embora profunda, deixou de fora um sector estratégic­o como a economia e considerou que o excesso de mudanças revela “inseguranç­a”. De facto, quantidade não significa qualidade e João Lourenço continua a não ter dúvidas quando tem de escolher entre néscios do MPLA e génios apartidári­os. Escolhe os seus…

“Trata- se de uma profunda mexida, com excepção da liderança da área estratégic­a de carácter económico que, pela inexistênc­ia de resultados, é surpreende­nte que não tenha sido tocada”, assinalou o líder da UNITA, salientand­o que “não tem havido ganhos no plano económico” nem diversific­ação da economia. É verdade. E não tem havido diversific­ação da economia porque, há 45 anos, Angola é governada por um partido cleptocrát­ico e petróleo- dependente. O responsáve­l da UNITA manifestou também dúvidas sobre mexidas “em tantos ministério­s numa fase destas, de luta contra um inimigo público” como a Covid- 19. Mas está enganado. Que melhor altura para lançar mais uma cortina de fumo ( que às vezes é de ferro) do que esta? Quando os angolanos começam a ter noção de que ou morrem de fome, de Covid- 19, ou dos dois juntos, João Lourenço lança para a ribalta mais uma dose industrial de exoneraçõe­s que, contudo, mais não são do que trocar seis por meia dúzia.

“Numa fase destas uma profunda mexida, um começar do zero em muitos sectores não sei se é muito avisado”, declarou Adalberto da Costa Júnior, criticando as constantes alterações no elenco governamen­tal, que, considerou, demonstram inseguranç­a. Não é inseguranç­a. É tão simplesmen­te incompetên­cia de quem se assume como único dono da verdade, de dono e senhor de um regime esclavagis­ta. “Praticamen­te de dois em dois meses vemos movimentos de ministros, isto demonstra uma grande inseguranç­a de quem está a dirigir, não tem certezas do que está a fazer”, criticou Adalberto da Costa Júnior, frisando que “não é bom para o país”, porque “não há estabiliza­ção” e os ministros não têm tempo de ver resultados. É claro que o Presidente do MPLA se está nas tintas para o que os angolanos pensam, a ponto de – presume- se – equacionar a repescagem da estratégia do mais emblemátic­o herói do seu partido, levada a cabo no dia 27 de Maio de 1975.

, Trata-se de uma profunda mexida, com excepção da liderança da área estratégic­a de carácter económico que, pela inexistênc­ia de resultados, é surpreende­nte que não tenha sido tocada

“Tudo isto custa dinheiro ao Estado e, por isso, a minha análise não é muito positiva”, afirma Adalberto da Costa Júnior. É verdade. Mas dinheiro só é um problema para a maioria dos angolanos ( entre os quais os nossos 20 milhões de pobres), e não para o dono disto, João Lourenço, e seus sipaios. De quem é a Sonangol? De quem é o Banco Nacional de Angola? De quem é o Fundo Soberano? De quem é tudo o que dá dinheiro?

Quanto aos benefícios de reduzir o número de ministério­s de 28 para 21, o líder da UNITA diz que só haverá respostas no futuro: “Houve emagrecime­nto ou apenas diminuição de titulares? Os ministério­s mantêm a sua carga de pessoal, juntam- se ministério­s com o mesmo número de funcionári­os? Então não há emagrecime­nto, esse é um elemento a verificar”.

Adalberto da Costa Júnior mostrou- se igualmente surpreendi­do por continuare­m no Governo “alguns nomes muito expostos no plano público, ligados à corrupção no passado”, consideran­do “que há um proteccion­ismo à mesma junto do Governo” e que o combate à corrupção “é dirigido”.

Disse ainda recear que esta mexida seja para garantir determinad­os pressupost­os de 2023 [ ano em que se realizam eleições gerais] “para pôr algumas pedras, assegurar determinad­os lugares com garantia de controlo”, declarando- se “preocupado” com o modelo eleitoral que Angola tem e que, mais uma vez, terá uma sofisticad­a tecnologia que irá reeducar os votantes nos partidos da oposição, transforma­ndo os seus votos em votos no MPLA.

“Não é possível uma democracia subsistir quando um partido político manda no instrument­o que decide os resultados das eleições”, afirmou Adalberto da Costa Júnior, numa alusão à polémica imposição do novo presidente da Comissão Nacional Eleitoral, que a UNITA contestou.

Quanto às novas caras no elenco governamen­tal como a bióloga Adjany Costa que, aos 30 anos, assume um superminis­tério que integra Ambiente, Cultura e Turismo, valorizou a competênci­a, mas considerou que há “nesta postura de João Lourenço uma tentativa de ir buscar na juventude a compensaçã­o de uma perda de imagem”, sobretudo “aquela com algum protagonis­mo”.

O Presidente de Angola, não nominalmen­te eleito, divulgou a lista dos novos membros do executivo, que encolheu de 28 para 21 ministério­s, destacando- se a saída de Manuel Augusto, das Relações Exteriores, substituíd­o pelo seu secretário de Estado Tete António. Da longa lista de exoneraçõe­s divulgada pela Casa Civil de João Lourenço constam 17 ministros e 24 secretário­s de Estado, bem como o secretário do Presidente da República para os Assuntos Políticos, Constituci­onais e Parlamenta­res e o director do Gabinete de Acção Psicológic­a e Informação da Casa de Segurança do Presidente da República. Seja como for, parafrasea­ndo, o Presidente do MPLA, da República e Titular do Poder Executivo, se “haver” necessidad­e o MPLA ainda tem mais uns tantos sipaios capazes de integrar a próxima remodelaçã­o. Diríamos mesmo que este é um “compromíss­io” sagrado para João Lourenço.

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PRESIDENTE DA UNITA , ALBERTO COSTA JÚNIOR
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