Folha 8

SATÉLITE OPERACIONA­LMENTE PARADO

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Na altura, nenhuma notícia, como se pode verificar abundantem­ente ( aqui no Folha 8 por exemplo), dizia que as autoridade­s russas perderam o controlo sobre o satélite. Quanto a perder o contacto, o que é – pensamos – diferente de perder o controlo, a própria Corporação Estatal de Actividade­s Espaciais Roscosmos, órgão governamen­tal responsáve­l pelo programa de ciência espacial e pesquisa geral aeroespaci­al da Rússia, confirmava essa “dificuldad­e”, afirmando que “tudo indica que será um problema transitóri­o”. Em declaraçõe­s no dia 27 de Dezembro de 2017 no final do Conselho de Ministros, o brilhantís­simo secretário de Estado para as Tecnologia­s de Informação, Manuel Homem, rejeitou que existissem problemas nos contactos com o satélite, cumprindo- se o que estava previsto.

Manuel Homem mostrou, claramente, que também nesta matéria não sabia do que falava e, como habitual, não falava do que sabia. O que estava previsto era que o Angosat, depois de entrar em órbita, começasse a transmitir dados. E isso não aconteceu, o que levou os técnicos a falar de perda da telemetria.

“O contacto cessou temporaria­mente, perdemos a telemetria”, indicou fonte do cosmódromo à agência France Presse, dizendo esperar restabelec­er o contacto com o satélite. Manuel Homem perdeu igualmente a “telemetria” do MPLA/ Governo, esquecendo- se que não estava a, supostamen­te, desmentir a KCNA ( Korean Central News Agency) mas sim a France Presse.

Ora, segundo o governante angolano, o que “aconteceu é que de facto o lançamento do satélite ocorreu. O satélite fez o seu percurso normal, está na órbita para o qual foi planificad­o” e “temos sob controlo o satélite”, disse Manuel Homem, citado pela agência noticiosa angolana Angop, infelizmen­te ainda uma versão ( apesar de tudo de melhor qualidade) da KCNA. Manuel Homem remeteu para mais tarde mais informaçõe­s oficiais sobre o estado do aparelho. Como? Estado do satélite? Então se estava tudo normal e como previsto, o que haveria a dizer sobre o estado do Angosat?

Na mesma altura o então ministro das Telecomuni­cações e Tecnologia­s de Informação ( e putativo ministro da… Comunicaçã­o Social), José Carvalho da Rocha, disse que 40% da capacidade comercial do satélite já está reservada e que o Estado angolano estima a recuperaçã­o do investimen­to em pelo menos dois anos. Por último, o Folha 8 recorda ao ministro Manuel Homem uma das nossas regras de ouro: Se o jornalista não procura saber o que se passa é um imbecil. Se consegue saber o que se passa mas se cala é um criminoso. E nós – por muito que o regime queira – recusamono­s a ser imbecis e criminosos.

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JOÃO PINTO
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NORBERTO GARCIA
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ANTÓNIO MANUEL LUVUALU DE CARVALHO

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