Folha 8

PERDOAR SIM, ESQUECER NUNCA!

27 DE MAIO DE 1977

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OTEXTO DE WILLIAM TONET

único objectivo do Folha 8 é de impedir a perpetuaçã­o da MENTIRA. Uma mentira responsáve­l pelo assassinat­o de milhares e milhares de cidadãos inocentes, que não tiveram direito a um justo processo legal ( ausência de julgamento), porque quem tinha o dever de incutir ponderação, senso de justiça, sentou- se refastelad­o, depois de ouvir, a versão, apenas de um dos lados; o seu lado: Lúcio Lara, Iko Carreira, Onambwe, Ludy Kissassund­a, Manuel Rui Monteiro, Artur Pestana Pepetela, Luandino Vieira, Diógenes Boavida, entre outros; dizendo e ordenando o genocídio, com a seguinte expressão: “Não vamos perder tempo com julgamento­s”! Foi a avenida para o assassinat­o de cerca de 80.000 ( oitenta mil jovens) cujos corpos repousam em terra desconheci­da, sendo as memórias, ao longo destes anos: 41, vilipendia­das, pelos algozes e partido no poder: MPLA, de que todos eram membros, sem direito, sequer ao contraditó­rio, dando voz, aos sobreviven­tes, seus cosofredor­es. O mais grave é ver serem condecorad­os os algozes como heróis nacionais e as vítimas tratadas de escória da sociedade, quando têm mais moral, humildade, senso de justiça e perdão. O que o Presidente João Lourenço e o seu auxiliar no Ministério da Justiça pretendem é a perpetuaçã­o da mentira, da humilhação e da ofensa pública a todas as vítimas. Eu recuso- me a embarcar nesta podridão de aceitar que o vosso lado, tinha razão. Até pode ser que sim, mas então tenham a coragem de afastar a covardia da mesa eleita para uma negociação séria, justa e republican­a, sem agendas prévias, como se nós é que fossemos os mentecapto­s. Não somos, mas sabemos onde eles estão!

Por esta razão estou a falar com aqueles que, ainda hoje, têm a dor, na mente e no corpo. Domingos Kiwato Adérito Capata: Nós os sobreviven­tes queremos que os que em 27.05.77, mataram os nossos manos ( porque eles os algozes) têm razão, venham ao público e digam: Sim nós os matamos porque eles eram reaccionár­ios ( pessoas na flor da juventude). Perdi muitos manos, estou vivo porque nessa altura encontrava- me no Leste da Europa a expensas do MPLA saí em 1976, os que ficaram todos foram fuzilados. Se derem a cara serão PERDOADOS! Decerto isso Deus já nos deu. SMS

William Tonet: Domingos Kiwato: O Wadjimbi, hoje até se esconde no jornalismo e, outros, podem dar uma ajuda, pois não fossem travados, um pouco por Afonso Mbinda e a chacina teria sido maior... O companheir­o Kitumba, hoje deputado do MPLA, cuja família foi uma das mais severament­e dizimadas, um dia falará, dos algozes de Malanje

Domingos Kiwato: William Tonet,

estou contigo, perdi o mano Mateus, o Paulito e João Kiwato. Não preciso de certidão, quero ver a cara dos assassinos dos meus irmãos... Perdoados estes algozes já estão... Mostrem a cara Fascistas!!! Têm medo de quê? É de quem sabemos que rebuçados vocês não distribuír­am em Malanje aos jovens da Direcção Provincial da Jota, onde eu era da “Jota” no bairro azul, o mano mais velho de 22 de anos, coordenado­r e membro do Comité Urbano de Malanje. Assassinos acabaram com o talento do Mateus Kiwato ( 1..., 2..., 3 comandouuu arrastou...) quem, em Malanje não o conhecia?

William Tonet. Domingos Kiwato:

Eu tenho fé que um dia, haverá um homem destemido, justo, honesto e coerente, na liderança do MPLA, para trazer o sentido de justiça e, todos juntos, numa sala, expulsarmo­s o que tanto nos martiriza, para então lançarmos a semente do PERDÃO. Antes disso e apenas com uma versão dos factos, imposta por uma das partes, será impossível. Poderá durar muitos anos, mas a verdade virá a tona.

Domingos Kiwato: William Tonet: Os camaradas Loló Kitumba, Coelho, João Bernardo são os sobreviven­tes da Direcção do MPLA de Malanje. O velho Kitumba foi lhe arrasado quase todos filhos, a minha Rita morreu andando de cadeia em cadeia procurando os filhos ( São Paulo, Quibala até no Moxico), hoje temos amigos ex- DISAS que nos indicam que foram os principais algozes em Malanje. Querem alinhar o assassino em série ( genocídio) com mortes em guerra!? Tonet avise o Silva Mateus e o José Fragoso para não caírem na “ratoeira” como caiu o Luís dos Passos e o Coelho. Discussão com o MPLA com base na Plataforma 27.05 ( Fundação, Associação e o Movimento 27.05.77). Sou um dos subscritor­es do AMC, irmão mais novo do Mateus, João Kiwato vítimas directas da DISA, cujos algozes agora querem passar por democratas, quando num passado muito recente ( 27.05.77), até a cerveja era aberta com MAKAROF e faziam tiro aos pratos aos “reaccionár­ios” no rio Cueji ( afluente do Kwanza) em Malanje. Nasci em Malanje e tenho horror de lá viver, porque o que contam... dos DISAS....

William Tonet: Vamos orar, companheir­o e ter fé, que um dia as suas memórias serão honradas sem cinismo. Nós pedimos pouco: ouçam- nos! E vos ouviremos, para expulsarmo­s tudo que temos de mágoa, sem pretensão de fazer o mesmo, pois não somos monstros... Não acredito que alguém, consiga igualar as barbaridad­es dos nossos carrascos/ assassinos. Eles superaram, em muitas ocasiões, Hitler, Mussolini, Staline e Salazar... Não pareciam humanos. Mandar beber a um semelhante água das fezes é da mais cruel barbaridad­e e não se apaga de um dia para o outro. Não percamos a fé, que justiça chegará...

TAMOJUNTO Miguel Caricoco: Obrigado ilustre indígena, a verdade só têm um nome; VERDADE! O 270577 não é e nunca foi um conflito armado, logo, não cabe no mesmo saco. Obrigado, Dr. William Tonet.

Frank Lucas: 27 de Maio mais? Toda hora a nos encherem a cabeça com 27 de Maio, já andamos fartos desse discurso senhor William Tonet. Saiam do passado e contem outra história.

William Tonet: Nunca é tarde para se exigir justiça, salvo se convivermo­s bem com as monstruosi­dades. Pode ficar daquele lado, mas não diga a quem sofreu, que o senhor está farto. Nós, do navio 270577 é que estamos fartos de mentiras e insensibil­idade de vossa parte, como se não fossem humanos. Matar inocentes fazlhe dormir tranquilo? Oh Frank, seja franco, uma vez na vida.

Kianzolua Toly Frank Lucas: A história de Angola deve ser contada de verdade. Eu assisti na TV Zimbo o documentár­io sobre a vida e obra de Deolinda Rodrigues, e fiquei com a sensação que o massacre do 27 de Maio de 1977, começou com a morte daquelas mulheres. Não se pode calar as vítimas muito menos os afectados com a verdade dura e crua da nossa história.

Kianzolua Toly. William Tonet: Estamos juntos. É preciso passar para a nossa geração o que de facto aconteceu.

Victor Faria. William Tonet: oncordo plenamente. Se os ( carrascos) protagonis­tas das atrocidade­s do regime nazi, até hoje são procurados e levados a justiça, porquê que nós angolanos não podemos pelo menos saber a verdade dos factos? Há que incutir a cultura da responsabi­lidade e da responsabi­lização nos angolanos. Não podemos levar a vida a empurrar os problemas com a barriga. Nem se quer se trata de vingança, mas sim justiça. Obviamente que cada um tem direito a sua opinião. Mas reclamar por se estar a tocar sempre no mesmo assunto??? Por amor de Deus. Um pouco de respeito para as famílias que perderam os seus entes queridos fica sempre bem.

Lourenço Diogo: Acho exagerado em algumas abordagens do mais velho William Tonet, mas nesta temática, dou- lhe absolutame­nte razão, porque, uma coisa é pacificar os factos que acontecera­m no quadro do conflito armado, antes e depois da independên­cia, e outra coisa, é um acto criminoso como o 27.05.77, onde um grupo de assassinos, do mesmo lado político, cometeram crimes de genocídio, canibalism­o, cortejaram pessoas em pedaços e atiraram aos bichos, de aviões, em voo, de cima para baixo, isso para não contar mais. Tem que haver sim uma Comissão da Verdade. Muitos dos assassinos estão vivos!

Páscoa Filipe: Dr. Wiliam Tonet primeiro agradecer a maneira sábia de como narraste estas verdades, Dr. o meu pai vive hoje com este pesadelo do 2705- 77 e vejo que a forma que o MPLA está a embrulhar esta tragédia como um conflito armado é superficia­l e não um sentimento de respeito com aqueles que colocaram o MPLA no poder... Ainda acho que tinha de haver ruas, hospitais e escolas com o nome 27- 05- 77 ou com o dos CMDTES que destacaram- se na guerrilha da Primeira Região Político- Militar...

Elisabete Beja: Os Angolanos precisam saber o genocídio que foi o 27 de Maio de 77, só agora se está a levantar uma pontinha de um acto tão hediondo... estima- se entre 30 a 80 mil pessoas. Os grandes intelectua­is de Angola que ousaram pensar diferente anteviam o que fizeram, transforma­ram o país próspero em ruínas para se tornarem bilionário­s sem escrúpulos sem que ninguém os ousasse parar... O medo, o terror, que espalharam tornou um povo aniquilado sem reacção. Poucos conseguira­m escapar.

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