Folha 8

Estamos em Maio e, nesta rubrica, vamos partilhar o sentimento de milhares e milhares de pessoas sobre a importânci­a de uma data marcante, do ponto de vista positivo e negativo, nas suas vidas e na de ente-queridos.

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Maria Isabel Santana Valentim: William Tonet, boa noite, acabei de ler a sua mensagem e estou plenamente de acordo. Eu sou irmã de Eduardo Artur Santana Valentim, conhecido por “Juca Valentim”, o meu querido irmão foi torturado até a morte pela DISA, vários testemunho­s que estão fora. Vou partilhar com filhos, viúva e outras pessoas que viveram o mesmo pesadelo. Obrigada

William Tonet: Oh Maria quanta alegria me dá, por escrever. O Juca foi e é um herói que só os covardes não reconhecem o seu papel. Juca foi um dos primeiros angolanos ( pretos) a beneficiar de dois “Habeas Corpus”, pelas autoridade­s coloniais, mesmo tendo cometido um dos maiores crimes, segundo a versão colonial portuguesa, a ter sido um dos nacionalis­tas que roubou um avião da DTA, levando- o para Brazzavill­e, onde estava a sede do MPLA. Desterrado para o Campo de São Nicolau, salvo erro, a mãe interpôs um “Habeas Corpus”, que viria a ser concedido pelo regime de Salazar e Caetano. Ao sair do campo ainda trouxe, nos sapatos, propaganda do MPLA, descoberta numa revista, em Lisboa. Perdeu aí a concessão de liberdade e foi recambiado, de novo, para o Tarrafal. Ainda assim, no final de 1973, interposto o segundo “Habeas Corpus” e, pese alguma resistênci­a das autoridade­s coloniais, foi- lhe concedido. Infelizmen­te, o maquiaveli­smo de Neto tirou- lhe a vida, pelo crime da sua competênci­a. E as autoridade­s angolanas do MPLA contam- se a concessão de “Habeas Corpus” aos seus compatriot­as é para ver como está a maldade.

Domingos Kiwato Maria Isabel Santana Valentim: Grande Juca Valetim! Respeito. Honra e Glória. A senhora sabia que nas hostes da DISA, o Juca foi tido como o cérebro do Levantamen­to Popular no dia 27.05.77? Diga aos filhos dele, que nós, os sobreviven­tes temos grande orgulho dele. Homem inteligent­e e de fácil trato. Tamojunto

Deodete Maísa da Silva William Tonet: É mesmo verdade meu querido. Muitos mataram até por vinganças pessoais, houve aí uma mistura de tudo. Mas como Deus é grande agora chegou a hora deles. Muitos já estão a pagar pelos males que fizeram e outros já lá estão a fazê- los companhia, porque ninguém fica aqui para semente. Lembro- me de si, porque ia sempre à T. P. A. com a Cady ter consigo no tempo de Escola Kiluangi. Hehe. Aquele abraço.

Dadi Paulo Tecas Paulo: É triste relembrarm­os sempre esta data, mas, na verdade, não se pode misturar o feijão com a mandioca. Uma coisa é genocídio e, outra é as mortes por motivo de conflito armado. São duas coisas diferentes. O MPLA terá que pagar as famílias que sofrem até hoje…

Abel Cambanga Wilian Toner: está a procura da massa. O homem é bom nisso. Essa compaixão reclamada é uma falsa, tem como fim último alguns proventos

Wilian, venda mais jornais de matérias sérias, daí estará o seu sucesso. Vamos lá ver uma coisa, como é que fica os parentes de angolanos que pereceram no decorrer do conflito armado? são menos angolanos dos que o senhor reclama? O senhor é conflituos­o. Vai dar banho ao coelho.

William Tonet Abel Cambanga: acho estar a fazer confusão. Se estivesse a espera da massa, já teria vergado a estopinha. Você é livre e tem direito de ter preço, agora não coloque todos na mesma gamela. Os outros angolanos que estiveram nos conflitos armados têm direitos, sim. Devem reclamar e exigi- los, nunca me opus a isso. O que reivindico, como uma das vítimas do 27 de Maio de 1977 é o de colocarem este bárbaro assassinat­o, que é um genocídio no meio dos conflitos só isso. O resto, tem o seu direito, mas tenha uma melhor noção da nossa história e injustiças. Quanto ao dinheiro, entenda de uma vez por todas, eu e os verdadeiro­s sobreviven­tes do 27 de Maio de 1977 não vendemos a nossa dignidade e memória dos nossos co - sofredores por “30 dinheiros”.

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