ASCENSÃO DE NETO AO PODER AS CAUSAS LONGÍNQUAS DO FRACCIONISMO
Segundo fontes seguras, em meados do ano de 1962, dois antigos militantes do Partido Comunista português ( PCP)[ 1], o angolano Agostinho Neto e o guineense Vasco Cabral, saem clandestinamente de Portugal com o apoio do partido, a bordo dum iate que os leva até à costa do Marrocos ( Dalila Cabrita & Álvaro Mateus, Purga em Angola, ASA, página 28). Segundo uma outra fonte, a bordo do barco de recreio que os transportou, conduzido por Nogueira, um oficial da marinha portuguesa ao serviço do PCP, também tinham embarcado a esposa de Neto, Maria Eugénia, e os seus dois filhos. Quanto à chegada do barco a Marrocos, divergem as versões: Carlos Pacheco diz que foi em Junho, ou antes: (“(...) chega a Leopoldville ( Agostinho Neto) e assume a presidência ( honorífica) do MPLA em Junho de 1962” ( C. Pacheco, “MPLA, um nascimento polémico”, nota 20, pág. 77). Mas nas suas “Memórias”, Iko Carreira assegura que o barco chegou a Marrocos a 21 de Julho de 1962.
De qualquer modo, a preocupação primeira do foragido patriota angolano ao pisar terras de África foi partir para Leopoldville, onde o MPLA tinha uma base importante.
Neto teria pois chegado à capital do Congo no final de Julho[ 2], e uma das primeiras pessoas com quem falou foi o então presidente do MPLA em exercício, Mário Pinto de Andrade ( Agostinho Neto era presidente honorífico). Nessa conversa em tête- à- tête, este último teria feito sentir a Neto a necessidade de este assumir a presidência do movimento e tentar realizar a união de todos os movimentos de libertação de Angola ( Iko Carreira, Memórias, pág. 52, Nzila, 2005). Neto aceitou o repto, e data sem dúvida dessa altura, a ideia de convocar uma Conferência Nacional do MPLA, que, finalmente seria realizada em Dezembro desse ano.
Entretanto, as relações entre o presidente Mário de Andrade e o secretário geral Viriato da Cruz, não eram das melhores, embora não se possa dizer que eram más. Viriato criticava Mário por este ser um intelectual pouco activo e, sobretudo, por insistir em obter apoios de certas potências ocidentais. Mas até essa data nada de crise, o clima ainda era pacífico.
Porém, se juntarmos a estes pequenos atritos entre Viriato e Mário Pinto de Andrade a conivência deste último com o recém- chegado Dr. Neto, não era preciso ser bruxo para adivinhar o que se iria passar na prevista 1ª Conferência Nacional do MPLA, que acabou por ser realizada, como sobredito, em Dezembro de 1962: o Dr. Agostinho Neto foi eleito presidente do MPLA, e, como se tal decisão não bastasse para autenticar a derrota de Viriato da Cruz, o cargo de secretário- geral foi suprimido, quer dizer, subsequentemente este último foi evacuado “mine de rien”, como quem não quer a coisa, da direcção do movimento.
Estavam lançadas as bases de futuras roturas.
As relações entre o presidente Mário de Andrade e o secretário geral Viriato da Cruz, não eram das melhores, embora não se possa dizer que eram más