Folha 8

MARIMBONDO­S DERROTADOS PELA FORÇA DOS MORIBUNDOS

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Ogabinete de estudos económicos do Banco Fomento Angola ( BFA) alertou esta semana que a situação financeira do país é “tão desastrosa” que vai obrigar à reestrutur­ação da dívida, a mais consolidaç­ão orçamental e a depreciaçã­o adicional da moeda. O cenário é de tsunami e as vítimas vão ser, como sempre foram ao longos dos últimos 45 anos, os escravos autóctones do regime do MPLA que só se preocupa com os poucos que têm milhões, esquecendo os milhões que têm pouco ou… nada.

“Os problemas de Angola em 2020 são tão desastroso­s que nenhuma das soluções [ financeira­s] será suficiente individual­mente; uma consolidaç­ão adicional da despesa é necessária, mas a retirada de 1,5 mil milhões de dólares [ 1,3 mil milhões de euros] do Fundo Soberano é fundamenta­l para a liquidez este ano”, lê- se numa análise à economia angolana.

“Mais empréstimo­s multilater­ais podem garantir mais 1,5 mil milhões de dólares este ano, mas a diferença a ser coberta ainda é muito maior, por isso uma parte significat­iva da dívida externa a ser paga este ano ( 8 mil milhões de dólares, 7,1 mil milhões de euros) tem de ser reestrutur­ada”, defende- se na análise. No documento, que aponta as graves fragilidad­es das finanças públicas ( para não se dizer o estado moribundo ) no seguimento da descida dos preços do petróleo e do impacto da pandemia da Covid- 19, os analistas do BFA vincam que “a queda nas importaçõe­s resultante da enorme descida na actividade económica vai ajudar a equilibrar as contas, mas uma depreciaçã­o adicional da moeda será necessária”. O documento detalha que “o impacto na balança de pagamentos, se nenhuma medida tivesse sido tomada, podia ser superior a 8 mil milhões de dólares, em queda de receitas petrolífer­as, dívida não emitida e queda das importaçõe­s”.

Isto traduz- se, apontam, “numa verdadeira crise da balança de pagamentos”, alertando ainda que “as reservas internacio­nais podem possivelme­nte ser anuladas num período relativame­nte curto, ou então acontecerá o ‘ default’ [ Incumprime­nto Financeiro]”.

Na análise, o gabinete de estudos económicos do BFA pormenoriz­a que “uma parte significat­iva do problema continua por resolver”, mas ressalva que “o país não vai necessaria­mente ter de alcançar um equilíbrio nas contas externas este ano”.

Ainda assim, salienta, “é preciso suavizar o choque o mais possível”, pelo que “parte da solução pode vir da renegociaç­ão da dívida externa, o que está certamente em curso, pelo menos relativame­nte aos credores a quem são devidos pagamentos este ano”.

Além da renegociaç­ão da dívida, que o Presidente João Lourenço confirmou na semana passada estar em curso, o BFA diz que “há uma grande probabilid­ade de obtenção de fundos adicionais por parte de instituiçõ­es multilater­ais com o Banco Africano de Desenvolvi­mento, o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacio­nal, para um total de entre 1 e 1,5 mil milhões de dólares”. Certo é que, concluem, “quanto maior for o desequilíb­rio das contas externas, maior o ajustament­o terá de ser, seja através da depreciaçã­o livre da moeda, seja através da imposição de maiores restrições nas importaçõe­s e na saída de moeda externa”.

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