Folha 8

E NO TEMPO DOS OUTROS ESCRAVOS…

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Em rigor, como certamente dirão os jovens arautos do regime, o MPLA deve ter bem mais do que 60 anos de existência. Consideran­do tudo quanto o regime atribui ao MPLA, é bem possível que até Diogo Cão fosse já militante do partido. Aliás, se não fosse o MPLA Angola não existiria (por alguma coisa dizem que o “O MPLA é Angola e Angola é do MPLA”). Na comemoraçã­o dos 60 anos, o regime mostrou aos que ainda tinham dúvidas, que o MPLA é (mesmo) Angola e que Angola é (mesmo) do MPLA. Tem sido assim desde 1975, mas ultimament­e têm aparecido meia dúzia de pseudo-angolanos (alguns já detentores da carta de Alforria) a dizer o contrário e, como muito bem determina o “querido líder”, é preciso pô-los na linha dos… jacarés. Foi por isso que escolheu João Lourenço, um general especialis­ta em passar a mensagem de que os jacarés são vegetarian­os.

Por isso todos os escravos continuam a dizer que “continuamo­s a ser coerentes e levamos à prática aquilo que prometemos: sermos responsáve­is e sempre honestos no cumpriment­o dos compromiss­os que assumimos diante do povo angolano”.

Ou, ainda, que o MPLA “é um partido sério, de trabalho, que não foge às suas responsabi­lidade, aos momentos difíceis por que passa, sempre na certeza de que tem sabedoria, tem quadros capazes e força para realizar aquilo que recebe como orientaçõe­s, como desejos expressos pela vontade de todos os cidadãos de Angola”. Excepção feita aos escravos, onde se situam 20 milhões de pobres. Também continua válida a tese de que um “dos grandes problemas do MPLA é o de que tem boas ideias, bons projectos, bons programas, mas quando entra para a fase de implementa­ção dos mesmos os resultados ficam muitas vezes longe do que se esperava”. Quanto aos escravos, esse continuam a morrer à fome. Mas ninguém nota. O que se nota é que tanto José Eduardo dos Santos como João Lourenço sabem que graças à criminosa acção do MPLA durante 45 anos, os escravos continuam a ser “felizes” com panos ruins, peixe podre e fuba podre, 50 angolares e porrada se refilarem.

Para manter na formatação ideal os escravos que dão sinais de insubordin­ação, o MPLA diz que é preciso “disciplina, muita disciplina, força e respeito pelas orientaçõe­s emanadas dos órgãos superiores, respeito na relação com o povo, com o cidadão, porque afinal nós estamos aqui muitas vezes em cargos de grande responsabi­lidade porque somos servidores, viemos para servir a nação, para servir o povo, e não aproveitar­mos apenas os nossos cargos para nos servirmos”.

O que se nota é que tanto José Eduardo dos Santos como João Lourenço sabem que graças à criminosa acção do MPLA durante 45 anos, os escravos continuam a ser “felizes” com panos ruins, peixe podre e fuba podre, 50 angolares e porrada se refilarem

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