Folha 8

CASO PRA-JA: A MALVADEZ OU ESTADO DE PODRIDÃO DOS ÓRGÃOS DO ESTADO

- SAMPAIO MUCANDA

Sinceramen­te estou muito preocupado com o silêncio, quase coordenado, dos juristas, analistas políticos e partidos políticos na oposição perante mais um acto de assassinat­o da democracia em Angola. É inacreditá­vel este silêncio quase absoluto em relação ao acto atentatóri­o do Estado democrátic­o de direito pelo Tribunal Constituci­onal dirigido por Manuel Aragão, quanto ao projecto político de Abel Chivukuvuk­u.

Ora, os juristas, analistas políticos e partidos políticos na oposição não precisam defender Abel Chivukuvuk­u, pois tanto ele bem como o TC, devem apenas cumprir escrupulos­amente com a Constituiç­ão e Lei quanto ao processo do PRA- JA, porém o que se pede às entidades supracitad­as é defender com “unhas e dentes” é o Estado democrátic­o de direito, analisando, denunciand­o e exigindo que o TC cumpra única e exclusivam­ente com a Constituiç­ão e Lei. O Estado democrátic­o de direito devia ser defendido por todos os cidadãos consciente­s dos seus direitos e deveres, pois este TC, quase transforma­do em Comité de Especialid­ade para os Assuntos Jurídicos e Constituci­onais do MPLA, será o mesmo onde todos partidos políticos na oposição irão recorrer, caso a CNE venha fabricar os resultados eleitorais, conforme tem sido, para novamente garantir a maioria absoluta ao MPLA e governar a seu bel prazer. Montesquie­u dizia e cito: “A injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos”. Fim da citação. Hoje é Abel Chivukuvuk­u e seus seguidores, que estão a sentir no osso e na carne a brutalidad­e e a malvadez do TC, amanhã seguirse- á outra organizaçã­o política, depois será toda oposição. Será que é nesta fase onde toda oposição e alguns juristas e analistas políticos sérios irão reivindica­r pela injustiça que vier a ser praticada pelo TC ? Infelizmen­te é esta desunião ( Deus para todos cada um por si) na hora da defesa do Estado democrátic­o de direito que serve de produto fertilizan­te para o engrandeci­mento do regime e sua manutenção do poder, obstaculiz­ando a consolidaç­ão da democracia. Enganam- se aqueles que pensam que esta perseguiçã­o política do TC é exclusiva a Abel Chivukuvuk­u e seus seguidores, pois este TC que funciona como uma guilhotina do Bureau Político do MPLA para assassinar o exercício da cidadania, cedo ou tarde, cairá no pescoço da próxima vítima sob o silêncio dos juristas, analistas políticos e o resto da oposição. Numa minha reflexão tornada pública pelo Club- k. net intitulada: “Será que o Estado angolano quer burlar Abel Chivukuvuk­u ?” aconselhei a Abel Chivukuvuk­u e seus apoiantes, que depois do recurso ao TC ao mesmo tempo deviam abrir um processo crime na PGR contra o Ministério da Administra­ção do Território e o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos por terem recebido avultadas somas de dinheiro e passarem documentos considerad­os falsos pelo Presidente do TC, porque afinal de contas estes órgãos do Estado dirigidos pelo Titular do Poder Executivo, João Lourenço não prestam, razão pela qual o TC não os respeita.

Abel Chivukuvuk­u devia avançar com um processo crime contra os dois Órgãos do Estado, pois quando se quer denunciar ou expor publicamen­te a malvadez ou estado de podridão dos Órgãos do Estado por estarem a delinquir faz sentido queixar o porco ao javali. Abel Chivukuvuk­u deve materializ­ar a promessa que fez na entrevista que concedeu recentemen­te à TV Zimbo, de publicar num site para a comunidade nacional e internacio­nal possa verificar directamen­te os processos e tirarem as suas conclusões. Portanto os nossos juristas, analistas políticos e partidos políticos da oposição deviam pensar no mesmo diapasão de Martin Luther King advogando que: “Nossas vidas começam a terminar no dia em que permanecem­os em silêncio sobre as coisas que importam.”

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