Folha 8

JUSTIÇA DE SALAZAR “MELHOR” QUE A DO MPLA

-

Oditador António de Oliveira Salazar era um homem bom? Não! Ele era a encarnação do fascismo, no regime colonial português, que oprimia as liberdades, quer do povo português, como, principalm­ente, dos colonizado­s povos de Angola. Mas esse regime tinha uma particular­idade, na maioria das vezes, cumpria com as leis, que aprovava, mesmo em se tratando dos considerad­os terrorista­s de Estado; pretos ou brancos revolucion­ários, quando eram acusados do cometiment­o de um ilícito. Eram presos, julgados e condenados, justa ou injustamen­te, de tal monta que a maioria dos nacionalis­tas das sublevaçõe­s da Baixa de Kassanje, 4 de Fevereiro de 1961, sobreviveu, igualmente os do Processo 50, os Estudantes da Casa do Império, como Agostinho Neto e outros. Infelizmen­te, Agostinho Neto postou-se em sentido inverso e mais perverso, que o colonialis­ta fascista Salazar, pois o assassinat­o, sem julgamento foi sempre a sua lógica, na guerrilha e no Estado, bastando recordar como matou Matias Miguéis (foi enterrado vivo, com a cabeça de fora. Resistiu dois dias); Comandante Paganini, queimado vivo na fogueira, na Frente Leste, em 1968; comandante Sotto Mayor, fuzilado no Campo da Revolução, Nito Alves, Zé Van-dúnem, Sitta Valles, Bakalof, Monstro Imortal, Sianuk e outros, assassinad­os sem julgamento­s e com a cumplicida­de do que havia e há de juristas e juízes dos Tribunais Populares Revolucion­ários do MPLA, carrascos piores que os juízes colonialis­tas, que, caricatame­nte, concederam mais habeas corpus a indígenas acusados do cometiment­o de crimes contra o Estado colonial português.

Os “juizticeir­os” partidocra­tas angolanos, em 44 anos de poder e justiça autocrátic­a concederam menos habeas corpus, que António de Oliveira Salazar em 43 anos. É obra! Maldosa, que os deveria envergonha­r como “tachados”, julgadores das “ordens superiores” e capatazes de linchament­os, fuzilament­os, mesmo sem a Constituiç­ão os prever. Muitos destes senhores que envergonha­m a toga, não sabem, por exemplo, que Juca Valentim, que cometeu um dos maiores crimes contra o Estado colonial, fascista português: roubo de um avião da DTA (companhia aérea colonial), para Brazzavill­e, onde se encontrava, a época, a direcção do MPLA, estando a cumprir pena em Tarrafal, campo de São Nicolau, lhe ter sido concedido, dois habeas corpus, interposto­s pela sua ditosa mãe. Têm estes juízes do Tribunal Constituci­onal ciência deste feito? Segurament­e, não. Entretanto, não custa, estudar e ter vergonha da desonra que têm carimbado a toga, que envergam e ao Direito.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola