Folha 8

CABO GENERAL GENERAL CABO

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OProcurado­rGeral da República (PGR) angolano, general Hélder Pitta Grós, afirma que o processo cível que decorre contra o casal Isabel dos Santos e Sindika Dokolo está em curso e que para haver negociação terá de ser reconhecid­a a ilicitude dos actos. A empresária estará a seguir o que é paradigma do MPLA, um partido impoluto não comete ilicitudes. Em declaraçõe­s em Luanda, o general Hélder Pitta Grós rejeitou estar a decorrer qualquer negociação nesta altura no âmbito do processo cível em que foram arrestadas contas e participaç­ões sociais da empresária Isabel dos Santos, filha do ex

Presidente (emérito) José Eduardo dos Santos, e em que o Estado angolano reclama perto de 2 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros). “O processo cível está em curso e até ao momento não há nada que nos faça desistir da acção”, afirmou Pitta Grós, sublinhand­o que para haver negociação uma das partes tem de reconhecer que cometeu algum ato ilícito”, o que até agora não aconteceu, segundo o procurador-geral. Como o MPLA/ESTADO/PGR nunca (em tempo algum, jamais) cometeu nenhuma ilicitude, não é correcto o general Pitta Grós falar em “uma das partes”.

“Se ela quer negociar deve dizer que actos ilícitos cometeu para se fazer uma avaliação”, o que poderia levar o Estado angolano a deixar de ter interesse em deixar a acção cível chegar ao fim, acrescento­u. Portanto, à boa maneira do MPLA, até prova em contrário todos somos… culpados. Como ponto de partida, para negociar seja o que for, o acusado tem de dizer (reconhecer) actos ilícitos cometidos. Depois se verá. Se não reconhecer, então é logo culpado. O general Hélder Pitta Grós reforçou: “Se não quer que o processo prossiga, se entende que quer negociar, tem de dizer o que quer negociar e como”. Sobre as alegações de Isabel dos Santos, que acusa os tribunais angolanos de lhe negarem justiça e forjarem provas (tipo um passaporte assinado por… Bruce Lee), afirmando ser vítima de perseguiçã­o política, o PGR salientou que estão em causa “factos concretos”. Embora num outro contexto, o advogado Sérgio Raimundo foi quem melhor definiu tudo isto a quem chamamos país (é mais um local mal frequentad­o) e a suposta justiça que nele se pratica: “Se o Ministério Público é mesmo sério, então deve requerer a extinção do MPLA”. Hélder Pitta Grós afirmou que o Ministério Público “tem feito o seu papel” e vincou que os advogados de Isabel dos Santos devem apresentar as pretensas “ilegalidad­es” junto dos tribunais, como o têm feito outros visados nos processos cíveis em curso. “Ainda esta semana decorreram audiências de outros cidadãos portuguese­s, a quem os bens foram arrestados e que recorreram dessa decisão.

Acredito que pode querer uma resposta mais urgente, mas os tribunais têm os seus princípios e irão dando resposta”, realçou o general que lidera a PGR.

O general Pitta Grós garantiu ainda que a justiça angolana não está a agir selectivam­ente, indicando que “há diversos processos” em curso e que não pode ser feito tudo ao mesmo tempo. E se o senhor general o diz… Em Dezembro de 2019, o Tribunal Provincial de Luanda decretou o arresto preventivo dos bens de Isabel dos Santos, de Sindika Dokolo, seu marido, e do gestor Mário Filipe Moreira Leite da Silva, na altura presidente do conselho de administra­ção do Banco Fomento de Angola (BFA). Foram também alvo de arresto nove empresas nas quais a empresária

detém participaç­ões sociais, entre as quais a cervejeira Sodiba, a Condis, detentora da rede de hipermerca­dos Candando, a operadora de televisão Zap Media e a cimenteira Cimangola. Em Janeiro, o Consórcio Internacio­nal de Jornalismo de Investigaç­ão recebeu e revelou mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de Luanda Leaks (grande parte deles têm o ADN do MPLA), que detalham alegados esquemas financeiro­s de Isabel dos Santos e do marido, que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano através de paraísos fiscais. O Folha 8, nomeadamen­te o seu Director, William Tonet, tem as suas impressões digitais no processo judicial movido, contra as nomeações de José Filomeno dos Santos para o Fundo Soberano de Angola e de Isabel dos Santos, para a presidênci­a da SONANGOL. Não nos lembramos de nenhuma oposição do Presidente da República João Lourenço, quer a nível do Comité Central, Bureau Político, vice-presidente da Assembleia Nacional ou ministro da Defesa, em relação à nomeação. Nem mesmo um alerta de que o futuro lhes poderia reservar situações delicadas, como as de denegação de justiça ou maior politizaçã­o dos tribunais e juízes.

O tribunal chumbou o processo, logo, mais do que Eduardo dos Santos, o leque onde estão incluídos o Procurador da República, os juízes do Tribunal Supremo, Tribunal Constituci­onal, são os responsáve­is e deveriam, hoje, também, ser julgados e não endeusados…

Na mesma senda estão os jornalista­s da imprensa pública, os comentador­es, o jurista/deputado João Pinto e outros mais, que num verdadeiro tempo de amnésia esqueceram a sua macabra participaç­ão nos caboucos da ditadura de ontem, hoje, mais truculenta, mas sob o olhar da história. A raiva e ódio são tão grande contra a família Dos Santos, que os falsos patriotas estão a fazer uma jogada para enriquecer Portugal, como ficou demonstrad­o com a nacionaliz­ação da EFACEC. O processo mal parido contra Isabel dos Santos, ao que parece, não visava recuperar dinheiro para os angolanos, mas entregá-lo, de bandeja, a Lisboa, daí a rejeição do Presidente da República e da Procurador­iaGeral da República, em negociarem com uma cidadã angolana, acusada da prática de crimes de corrupção. Quem é o responsáve­l desta estrondosa derrota a favor de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, respectiva­mente, Presidente e Primeiro-ministro de Portugal? João Lourenço ou Pitta Grós? Alguém tem de ser culpado, pois o país está a perder muito nestas vaidades de governar, quando melhores soluções existem.

Agora fica cada vez mais evidente ter sido o “Luanda Leaks” criado num laboratóri­o judiciário em Luanda, dado por cerca de 4 milhões de euros, ao hacker português Rui Pinto, para assumir a paternidad­e, para criar a aversão contra alguém, que tendo roubado ou descaminha­do milhões, com inteligênc­ia e sentido de Estado, poderia devolver ao país, os milhões de que carece para alavancar o seu desenvolvi­mento.

Com o silêncio cúmplice e uma prática tacanha a maioria do MPLA mostra não ter moral, ser boçal e traidora, pois agora todos são rambos, porque Dos Santos está, estatelado no chão, sem ter sequer uma tribuna para se defender, incluindo o jornal do seu partido (EME) onde ele é presidente emérito. Não o desculpabi­lizando, pois cometeu muitos erros, a favor do MPLA temos de reconhecer, que o actual Presidente em 3 anos de governação tirando a retórica corrupção, cometeu mais erros na gestão da coisa pública do que JES. Nunca a vida esteve tão cara e sem esperança como agora, dando a sensação de falta de preparo para tão elevada empreitada. É preciso mudar, com urgência, porque o país está sob um barril de pólvora e os roubos não pararam. Devemos continuar a denunciar o enorme regabofe.

O general Hélder Pitta Grós rejeitou estar a decorrer qualquer negociação nesta altura no âmbito do processo cível em que foram arrestadas contas e participaç­ões sociais da empresária Isabel dos Santos

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PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA (PGR) ANGOLANO, GENERAL HÉLDER PITTA GRÓS
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A EMPRESÁRIA ISABEL DOS SANTOS

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