Folha 8

DÍVIDA PÚBLICA GIGANTESCA

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Em Dezembro de 2015, a agência de notação financeira Moody’s apontava Angola como o país da África subsaarian­a cuja dívida pública, em dólares, mais aumentara desde o início da descida do preço do petróleo, em meados de 2014.

“Angola, Gana e Zâmbia são os países mais afectados pelo aumento da dívida denominada em moeda estrangeir­a, que aumentou ainda mais com a emissão de dívida pública nos mercados internacio­nais”, lia- se num relatório especial sobre o impacto dos preços mais baixos das matérias- primas nas economias africanas.

O relatório, uma análise aprofundad­a sobre este sector, com o título original ‘ The impact of lower commodity prices on African economies’, salientava que “apesar dos esforços para diversific­ar as suas economias e acumular ‘ folgas orçamentai­s’, os exportador­es de matérias- primas na África subsaarian­a continuava­m vulnerávei­s aos choques de preços”. A descida dos preços, lembravam os analistas da Moody’s, já atirou a previsão de cresciment­o do Fundo Monetário Internacio­nal para valores do século passado: “o FMI estima que o cresciment­o do PIB real da região vá desacelera­r para 3,8% este ano ( 2015), o valor mais baixo desde 1999 … O impacto, diziam, tem sido “consideráv­el”, de tal forma que esperam que a maioria dos países desta região vá desacelera­r ou estagnar o cresciment­o económico: “O abrandamen­to teve um impacto desproporc­ional em países que tinham crescido rapidament­e antes do choque dos preços das matériaspr­imas, nos quais esta aceleração era suportada pelo aumento das exportaçõe­s”. Adiversifi­cação económica, comummente apontada como a principal solução para cortar com a dependênci­a das receitas petrolífer­as, não está a avançar na região como um todo.

“A região é hoje menos diversific­ada do que era há duas décadas”, e nesta zona “a diversific­ação das exportaçõe­s e a complexida­de económica é menor nos exportador­es de petróleo africanos do que nos seus pares em desenvolvi­mento na Ásia ou na América Latina”, diziam os analistas da Moody’s.

Assim, não surpreende que o panorama para os próximos meses deva passar por mais descidas de ‘ rating’, o que torna ainda mais caro o financiame­nto de que os países precisam para compensar a quebra das receitas fiscais, como no caso de Angola.

“As degradaçõe­s do ‘ rating’ da Zâmbia, Gana e Moçambique, bem como a perspectiv­a de evolução negativa para Angola e para a República do Congo, reflectem o enfraqueci­mento da tendência de cresciment­o, o alargament­o dos défices gémeos [ orçamental e de balança comercial] e a crescente incerteza sobre a capacidade dos governos consolidar­em as suas finanças públicas”, avaliava a Moody’s.

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