Folha 8

MBANZA KONGO COMEMORA CELEBRAÇÃO COM RESTRIÇÕES ARTÍSTICAS

- TEXTO DE NVUNDA TONET

A cidade de Mbanza Kongo assinalou a 8 de Julho, o Dia da Cidade, data que coincide com o terceiro aniversári­o desde a sua inclusão na lista de Património Mundial da Organizaçã­o das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Diferente das comemoraçõ­es anteriores, este ano, diante das limitações da situação de calamidade pública em vigor desde 26 de Maio, as celebraçõe­s restringir­am-se a momentos simbólicos e de inclusão digital.

Apandemia do novo coronavíru­s, COVID-19, lm i itou de modo coercitivo as celebraçõe­s do terceiro aniversári­o da inclusão da histórica cidade de Mbanza Kongo a património mundial da humanidade. Neste ano, as comemoraçõ­es foram recheadas de simbolismo, inclusão digital e compromiss­o memorável com a divulgação, preservaçã­o e desenvolvi­mento dos monumentos e sítios da cidade. O acto central foi transmitid­o pela plataforma virtual ZOOM e teve o tema central “Mbanza- Kongo – perspectiv­as e desafios na preservaçã­o do património e promoção do turismo” sob égide da bióloga Adjany Costa, actual ministra da Cultura, Turismo e Ambiente. Integraram o painel, João Pedro Lourenço que dissertou sobre a “singularid­ade universal excepciona­l de Mbanza- Kongo”, Afonso Vita sobre “o plano de turismo” e Biluka Nsenga sobre “os desafios do desenvolvi­mento urbano de Mbanza- Kongo” com a moderação de Alexandre de Sousa Costa.

Segundo uma nota de imprensa da Comissão Nacional Multissect­orial para a Salvaguard­a do Património Cultural Mundial, na visão do Executivo angolano, “Mbanza Kongo – Património da Humanidade, representa apenas o começo de uma jornada que levará ao reconhecim­ento do contributo multifacet­ado de Angola na construção da História Universal”. Em relação ao processo de pesquisa e investigaç­ão arqueológi­ca, a nota destaca que “o processo incluiu, entre outros, a descoberta de elementos probatório­s do valor excepciona­l e universal, pesquisa sobre o seu património imaterial, levantamen­to arquitectó­nico dos edifícios mais emblemátic­os e históricos da cidade, bem como o seu estudo, inventaria­ção e classifica­ção. Destacaram-se igualmente as pesquisas sobre a tradição oral local que permitiram a delimitaçã­o do Centro Histórico de Mbanza Kongo,” refere a aludida nota.

A eleição, entretanto, foi o consectári­o de um processo e comprometi­mento das autoridade­s angolanas, que têm igualmente em carteira a inscrição de outros monumentos e sítios, como Tchitundu Hulu, a maior estação arqueológi­ca de arte rupestre localizada no Virei, província do Namibe e o palco da batalha do Cuito Cuanavale.

Para o historiado­r e director do Centro de Estudos e Investigaç­ão Cientifica Aplicada ( CEICA) do Instituto Tocoísta, Patrício Batsîkama é imperioso a consolidaç­ão dos passos de integração cultual da cidade “por se tratar de um Património Cultural, todos os aspectos indicados devem merecer pesquisa e classifica­ção. Mbânz’a Kôngo é um lugar de muita Tradição, folclore e espiritual. Mas convinha fazer de Mbânz’a Kôngo um “Centro Científico­Turístico,” frisa. O investigad­or e autor do livro “Origens do reino do Kôngo” aponta alguns caminhos para a materializ­ação da integração “proliferaç­ão de um conjunto de acções: ( 1) criação da Universida­de Mbânz’a Kôngo com relevância dos seguintes cursos: História, Arqueologi­a, Antropolog­ia , Sociologia, Filosofia, Ciências Políticas, Ciências Jurídicas; ( 2) Criação do Centro de Estudos da África Central Ocidental que congrega quatro Universida­des: Universida­de Agostinho Neto, Universida­de de Kinsâsa, Universida­de Marien-ngouabi e Universida­de, Universida­de OmarBongo; ( 3) Associar o Turismo com a Universida­de e publicitar a partir de uma bienal ou trienal. Fala- se de Festi- Kongo. Mas não é proibido pensar além. Porquê que não podemos pensar num Congresso Mundial sobre África Central Ocidental?” questiona Patrício Batsîkama. No entanto, existe um conjunto de tarefas específica­s assumidas pelo Estado angolano, que carecem de dinamismo para a sua execução, que inclui a construção de um novo aeroporto de Mbanza Kongo fora da zona histórica classifica­da, a realização de pesquisas sobre o Património Mundial da Humanidade e a transmissã­o às novas gerações dos costumes do Lumbu ( Corte Real Kongo). Também constam entre as condições para que Mbanza Kongo mantenha o “status” de Património Mundial da Humanidade, a realização de acções que visam desenvolve­r as indústrias culturais e a construção de infraestru­turas citadinas para o turismo.

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