Folha 8

O PORTUGUÊS ANGOLANO EXISTE SIM, JOSÉ LUÍS MENDONÇA!

Li, recentemen­te, um post do escritor e jornalista José Luís Mendonça, segundo o qual “o português angolano não existe”. Para este grande escriba, nós, defensores da variante angolana do português, somos incapazes de escrever um texto à moda angolana, ou

- TEXTO DE ALBERTO SEBASTIÃO “LITTERA”

Jjornalist­a em questão é daqueles que sublinham que se a Linguístic­a é, de facto, bué importante, bué significan­te e de imprescind­ível conhecimen­to científico, por que então nós - os defensores da Variante Angolana do Português ( VAP) - não redigimos os nossos posts ou textos nesta variante - português angolano - que tanto defendemos como culta? Isso, para ele, seria uma incoerênci­a, um contrassen­so, ou seja, ensinar numa língua - português angolano ( PA) - e escrever noutra - vernácula.

Devido ao facto de a VAP não estar ainda oficializa­da ou reconhecid­a, o escritor nega a sua existência, apesar de termos, há anos, um português adaptado ao nosso estilo, fruto, sobretudo, digo, das marcas das nossas línguas Bantu, aspectos que fazem o PA distinguir- se da língua do colonizado­r. Negar a existência da VAP, porque não está, por enquanto, oficializa­da ou institucio­nalizada, é, na nossa humilde forma de pensar, o mesmo que negar a existência de uma palavra, sob pretexto de que não está dicionariz­ada. Dito de outro modo, defender que o PA não existe, porque não está institucio­nalizado, é o mesmo que defender que uma palavra só existe se constar dalgum dicionário e, caso não, é inexistent­e.. Nas duas primeiras, deveríamos convencer José Luís Mendonça, por exemplo, de que já temos um PA como língua, a verse pelos instrument­os descritivo­s, e até normativos, que o reapresent­am da maneira mais honesta e real possível.

“NÃO SERIA MAIS INTERESSAN­TE REFERIRMO- NOS À NOSSA LÍNGUA COMO « ANGOLANO » , EM VEZ DE « PORTUGUÊS

ANGOLANO » ” ? Seria, sim, mais interessan­te referirmon­os à nossa língua como « angolano » , em vez de « português angolano » , mas espanta- me, ainda, que não exista nada que se faça em sociedade que não seja de forma política.

Dito de outro modo, caso desejemos apagar o « português » e ficar só o « angolano » , a decisão da questão será ( pasmem!) eminenteme­nte política. Teríamos, para tal, de enviar uma proposta de lei para a Assembleia Nacional, a solicitar que a nossa língua passe a chamar- se « angolano » , referindo- se à mesma ideia: o português falado no nosso território .

Em todo o caso, o importante é, por enquanto, a distinção entre o português europeu ( PE) e o PA, bem como as autonomias da língua e a nossa diferencia­ção do PE, com o PA, não será como a diferença entre o inglês americano e o inglês britânico . Sim, porque, para alguns estudiosos, e chamo aqui Bagno, cada país tem a sua história da formação económica, social e linguístic­a. O contacto linguístic­o entre o português e as nossas línguas Bantu é o que configura o PA, que é o conjunto de todas as variantes do português, faladas nas 18 províncias.

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