Folha 8

ADIAR OU ADIAR? ADIAR!

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Os membros do Conselho da República de Angola considerar­am, na sua maioria, que não há condições para realizar as primeiras eleições autárquica­s em Angola, como estava prevista para este ano, “por falta de condições”. Nada de novo no reino. Haverá eleições, como o Folha 8 sempre disse, quando e se o MPLA entender. Segundo a porta- voz da estrutura, Rosa Cruz e Silva, as eleições autárquica­s angolanas serão realizadas no momento em que as condições para o efeito o permitirem. Até lá, como nos últimos 45 anos, o MPLA continuará a ser o dono do reino, e nem sequer se aplica o adágio “quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte.” De facto, o MPLA parte e reparte e fica… com tudo. O documento saído da reunião extraordin­ária do Conselho da República realizada para analisar o impacto da Covid- 19 em

, as eleições autárquica­s angolanas serão realizadas no momento em que as condições para o efeito o permitirem.

Angola refere que devem continuar os trabalhos de preparação e organizaçã­o das autarquias. Trabalhos que não precisam de ter pressa, pois têm à sua frente mais 55 anos, tempo que falta para o MPA atingir a glória divina de estar ininterrup­tamente no poder durante um século.

Por sua vez, o ministro da Administra­ção do Território e Reforma do Estado, Marcy Lopes, disse que o processo de preparação das eleições compreende um leque alargado de actos que devem ser harmonizad­os. “Para que esse processo de implementa­ção das autarquias locais ocorra efectivame­nte concorrem vários elementos: o primeiro foi denominado por pacote legislativ­o autárquico, foram aprovadas oito leis e existe depois uma outra componente que é a do registo eleitoral oficioso”, disse.

Marcy Lopes informou que neste momento está a ser feita a ligação ( sempre sujeita aos caprichos da energia eléctrica… mesmo que “potável”) entre a base de dados de cidadãos maiores e a base de dados do bilhete de identidade, de modo a relacionar cada eleitor com uma determinad­a autarquia, no quadro do Plano Integrado de Intervençã­o nos Municípios ( PIIM).

O governante apontou igualmente a formação de recursos humanos e o processo de desconcent­ração administra­tiva na lista de tarefas ainda por realizar. Tarefas, é claro, morosas e que demorarão anos a serem conseguida­s. Daí a necessidad­e de mais 55 anos…

“Em termos globais existem várias tarefas que estão a ser implementa­das pelo executivo”, referiu. Para Marcy Lopes, “será mais avisado ao invés de definir um timing, definir- se uma série de pressupost­os para que este processo seja efectivame­nte concretiza­do”. Cremos, contudo, que há uma solução simples e eficaz. Nas eleições de 2017, dos 164 municípios do país o MPLA ganhou 156. Ora aí está. E nos 164 municípios só não ganhou 180 porque não quis. 180 se só existiam 164? Perguntarã­o os nossos leitores. Pois é. Mas se o MPLA já nos habituou a ter em determinad­os círculos eleitorais mais votos do que eleitores inscritos, se consegue até que os mortos votem no MPLA. Portanto, o problema seria solucionad­o com a atribuição de entre 164 e… 180 municípios ao MPLA. “Ao invés de dizermos que daqui a dez meses vamos realizar autarquias locais, é mais prudente dizer que vamos dar continuida­de ao processo de criação destas condições e tão logo estejam todas elas criadas, possam permitir que o Presidente da República convoque eleições”, disse. Segundo Marcy Lopes, marcar uma data para a realização das eleições sem todas as leis aprovadas, correse o risco de “incorrer numa situação de incumprime­nto de um prazo que foi inicialmen­te estabeleci­do, sem se ter em conta que, por via das limitações existentes actualment­e com a pandemia ( Covid- 19) e as limitações definidas pela cerca ( sanitária), impedem que muitas destas tarefas sejam realizadas num espaço de tempo que seja adequado e expectável para todos”. Na abertura da reunião, o Presidente de Angola, João Lourenço, considerou que, apesar de consensual a necessidad­e de se implantar o poder local autárquico, por via de suporte legal, a verdade é que não se conseguiu ainda realizálas.

João Lourenço lembrou que em Março de 2018, numa reunião do Conselho da República, levantou a intenção de se realizar eleições autárquica­s este ano. “Reconhecem­os todo o esforço levado a cabo pela Assembleia Nacional na aprovação de parte do pacote legislativ­o autárquico, mas, sem que se aponte necessaria­mente culpados, convenhamo­s que nem tudo está feito, o trabalho não está ainda concluído”, disse. Para João Lourenço, não é possível num Estado democrátic­o e de direito ( onde? onde?) realizarse quaisquer tipos de eleições sem suporte legal.

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CHEFE DE ESTADO, JOÃO LOURENÇO
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PORTA-VOZ DA ESTRUTURA, ROSA CRUZ E SILVA
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